João Palhaço - Na Beira Da Tuia (CABOCLO CSLP 6010)

Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim

A música João Palhaço com composição de Abílio Vitor, faz parte do álbum Na Beira Da Tuia (CABOCLO CSLP 6010), que foi lançado em 1959 por Tonico e Tinoco.

Letra da música João Palhaço

Já fazia quinze dia que o Pavilhão Maravilha trabalhava no cerrado.
O povo com ansiedade, pra vê tanta novidade atopetava o tabuado.
Vinha gente dos pinheiro, da fazenda, dos barreiro, lá do alto do grotão.
O circo pobre, pequeno chamava tanta atenção.
No trapézio tinha um moço, rodava que nem pião.
Tinha um mico corriqueiro dava dez salto no chão.
Tinha uma moça bonita chamava Chiquita e cantava com o violão.
Era tanta novidade que o povo com claridade com as palma tampava o espaço.
Só depois se esvaziava com o gargalhar que encantava do popular João Palhaço.
João Palhaço era levado, feioso, desengonçado, espirituoso nas piada.
Caía no chão, dava cambalhota. Era o enlevo das velhotas, das moça e das criançada.
Tava sempre sorridente, mostrando os tocos de dente naquela boca chupada.
Seus cabelos, quase branco, a gente enxergava os trancos da sua idade avançada.
Trabalhava com Chiquita, a moreninha bonita, a sua esperança da vida.
O que ele mais adorava, e todo esforço empregava por sua fia querida.
O dono da companhia, o velho seu Zecaria , era louco por Chiquita.
Por isso vivia amando, pra moça se declarando só com palavras bonita.
João Palhaço, traquejado, caboclo muito viajado, começou a compreender
Chamou sua filha querida: - Vamos deixar essa vida, e deu toda explicação

Chiquita dando risada: - Meu pai num acontece nada pro seu Zecaria não dou atenção.
João Palhaço coitado se condenava o culpado do vício da mocinha.
Quantas vez ele chorava quando a sua cara pintava no canto da barraquinha.
Era Sábado de Aleluia, noite de muita buia. O circo tava lotado.
Os gritos de todo lado, que nem berreiro de gado, perfurava o espaço.
De toda boca se ouvia numa só voz que repetia: - Que venha logo o João Palhaço.
Na barraca de Chiquita alguma coisa esquisita acabava de acontecer
O danado Zecaria, criminoso e sangue fria e picado de paixão,
estrangulou sua amada com a fúria desesperada das onças lá do sertão.
O povo tava inconsciente, já reclamando impaciente o principiar da função.
A música toca um dobrado que nem dobre de finado tão triste de se escutar.
Nisto entra o João Palhaço trazendo a fia nos braço acabando de suspirar
E dentro do picadeiro olhando pro circo inteiro de cabeça levantada.
Deu dois passo na frente e como um pobre demente deu terrível gargalhada
Ri, platéia, ri, faça agora como eu faço. Ri, platéia, ri, da desgraça dum palhaço.
Foi soltando o corpo fria de sua querida filha na dura terra do chão.
E se rindo que nem louca foi cravando, pouco a pouco, uma faca no coração.
Caiu junto de Chiquita, beijando as faces bonita, e depois se estremeceu.
Foi desgraçada sua sorte, mas foi se rindo da morte que João Palhaço morreu.

 

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