Rancho Do Vale (ALVORADA 210407206) - (1977) - Tião Carreiro e Pardinho
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Rancho Do Vale
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
Meu rancho é um céu aberto é meu mundo de alegria
Onde vivo a minha vida com viola e cantoria
Quando estou longe do rancho quase morro de saudade
Quando chego no meu rancho é só, só felicidade
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
Meu rancho é um reino encantado é meu mundo de beleza
Lá no vale do rio grande afogo minha tristeza
Deus pra mim foi bom de mais à Deus eu tiro o chapéu
Deus me deu aqui na Terra o meu pedaço de céu
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
É lá no rancho do vale bem distante da cidade que mora a felicidadeÂ
Desesperado
Certa vez me despedi chorando da mulher que um dia eu quis tanto bem
Como se não bastasse a distância pra sempre perdi seus carinhos também
E agora ao longo da vida me entrego às tristezas desse amor sem fim
Eu vivo curtindo a saudade por esta mulher, que não gosta de mim
Este alguém destruiu os meus sonhos e sorri por me ver sofrer
Pra viver sempre neste abandono é melhor, bem melhor morrer
Quantas vezes namorando a lua eu fui seresteiro e fiz trovas de amor
Hoje longe da mulher amada meu canto é um gemido de tristeza e dor
Só me resta uma triste lembrança porém eu não sei se consigo voltar
Me perdi num caminho de trevas carregando a cruz do meu triste penar
Este alguém destruiu os meus sonhos e sorri por me ver sofrer
Pra viver sempre neste abandono é melhor, bem melhor morrer
Estraçalha Coração
O desprezo da mulher ingrataÂ
Mandou pra mim um mundo de paixão
Quem foi que disse que paixão não mata
Quando estraçalha um pobre coração
Não matei e não roubei não sou desertor de guerra
Pra viver tão judiado aqui na face da Terra
Estou gemendo e chorando cantando os versos meus
Meu crime é amar demais tenha dó de mim meu Deus
O desprezo da mulher ingrataÂ
Mandou pra mim um mundo de paixão
Quem foi que disse que o amor não mata
Quando estraçalha um pobre coração
Amo muito uma pessoa que não sabe querer bem
No lugar do coração é uma pedra que ela tem
Vou partir pra outras terras é grande meu sofrimento
A saudade vai no peito e você no pensamento
Amores Perdidos
Andei por vales e montes, falei com os quatro ventos
Ouvi segredos de amores trocamos de pensamentos
Andei por vales e montes, falei com os quatro ventos
Amei alguém nesta vida que só me deu sofrimento
Não choro amores perdidos, não julgo ninguém por mim
Vai um amor e vem outro é muito melhor assim
Não choro amores perdidos, não julgo ninguém por mim
Há tantas glórias na vida, mas tudo tem o seu fim
Descrevo a terra que canto assim é o meu dia a dia
Aonde existir tristeza eu sempre levo alegria
Descrevo a terra que canto assim é o meu dia a dia
Chorar por dores alheias não passa de covardia
Quem corre muito se cansa e fica ao meio da estrada
Gostar de mulher dos outros é ter a vida arriscada
Quem corre muito se cansa e fica ao meio da estrada
O bom é ser sempre amado o resto não vale nada
A Mão Do Tempo
Na solidão do meu peito o meu coração reclama
Por amar que está distante e viver com quem não ama
Eu sei que você também da mesma sina se queixa
Querendo viver comigo, mas o destino não deixa
Que bom se a gente pudesse arrancar do pensamento
E sepultar a saudade na noite do esquecimento
Mas a sombra da lembrança é igual a sombra da gente
Pelos caminhos da vida ela está sempre presente
Vai lembrança e não me faça querer um amor impossÃvel
Se o lembrar nos faz sofrer esquecer é preferÃvel
O que adianta querer bem alguém que já foi embora
É como amar uma estrela que foge ao romper da aurora
Arranque da nossa mente horas distante vividas
Longas estradas que um dia foram por nós percorridas
Apague com a mão do tempo os nossos rastos deixados
Como flores que secaram no chão do nosso passado
O Filho Que Não Volta
Aquela mulher naquela janela
Todo dia nesta mesma hora
Fica ali esperando e chora
Que alguém traga uma notÃcia a ela
Todos passam e olham com pena
Todo dia nesta mesma hora
Pobre mãe de cabelos brancos
Fica ali esperando e choraÂ
Tinha um filho que muito adorava
Na janela contente sorria
No momento que ele aparecia
Pobre mãe se emocionava
Mas um dia o moço não veio
Na avenida foi atropelado
Quando deram a triste notÃcia
Ela ficou assim nesse estado
A causa de todo seu procedimento
Foi o golpe do acontecido
Por não ver mais o filho querido
Como é grande o seu sofrimento
Até hoje ela não se conforma
Todo dia nesta mesma hora
Por seu filho que nunca mais volta
Fica ali esperando e choraÂ
Esperança Morta
É grande meu desespero choro lágrimas sentidas
Fui traÃdo por alguém, alguém que foi minha vida
Uma lagoa de pranto é a minha residência
Desprezo é golpe doÃdo leva a gente à decadência
Ó Virgem da Conceição ai, ai me ajude a ter paciência
Moro na rua tormento em frente a desilusão
Travessa da falsidade, esquina da humilhação
No quarteirão da tristeza amargura não tem fim
Lavo o rosto com o pranto o destino quis assim
Por que será que a sorte, ai, ai não quis sorrir para mim
O punhal da falsidade sem pena feriu meu peito
Durmo com a solidão companheira do meu leito
No jardim do bem querer eu distraà passeando
A saudade me apertou pra casa voltei chorando
E trouxe por companheira ai, ai só tristeza e desenganoÂ
Na face deste planeta ninguém sofre mais que eu
O mundo está me arrasando só desengano me deu
Neta triste solidão minha esperança morreu
Está nos braços de alguém o amor que já foi meu
Quem mais amo nesta vida, ai, ai, não foi pra mim quem nasceu
Meu silêncio é profundo a esperança está morta
O destino é uma espada que sem piedade corta
Ilusão me disse adeus e pra mim fechou a porta
Da janela olho pra lua meu peito gemido solta
A brisa me diz baixinho ai, ai seu amor nunca mais volta
A Vaca Já Foi Pro Brejo
Mundo velho está perdido já não endireita mais
Os filhos de hoje em dia já não obedecem os pais
É o começo do fim, já estou vendo os sinais
Metade da mocidade está virando marginais
É um bando de serpente, os mocinhos vão na frente e as mocinhas vão atrás
Pobre pai e pobre mãe morrendo de trabalhar
Deixa o couro no serviço pra fazer o filho estudar
Compra carro à prestação para o filho passear
Os filhos vivem rodando fazendo o pneu cantar
Ouvi um filho dizer o meu pai tem que gemer não mandei ninguém casar
O filho parece rei, filha parece rainha
Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha
Manda a mãe calar a boca, coitada fica quietinha
O pai é um zero a esquerda é um trem fora da linha
Cantando agora eu falo terreiro que não tem galo, quem canta é frango e franguinha
Pra ver a filha formada um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou o pobre homem comeu
Quando a filha se formou foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai quem vai embora sou eu
Pobre pai banhado em prantos o seu desgosto foi tanto que o pobre velho morreu
Meu mestre é Deus nas alturas o mundo é meu colégioÂ
Eu sei criticar cantando Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro o pau, eu mato e não apedrejoÂ
Dragão de sete cabeças também mato e não aleijo
Estamos no fim do respeitoÂ
Mundo velho não tem jeito a vaca já foi pro brejo
Azulão Do Reino Encantado
Eu já consertei relógio a meia noite no fundo d’água
Sem levantar o tapete com muita classe eu tirei o taco
Eu já ganhei uma guerra sem dar um tiro não é mentira
Já fui no fundo da Terra voltei de lá sem fazer buraco
Aprendi fazer colar só de pingo d’água e ficou bonito
Eu fiz um laço de areia pra laçar bicho que não é fraco
Amarrei onça no mato com reza braba e ficou segura
Carreguei ferro em brasa que tição fogo dentro de um saco
Topei uma corriola só de bandidos com pau e faca
Foi uma nuvem de poeira fiz a madeira virar cavaco
Eu transformei o meu braço em uma espada que só tinia
Arrebentei tantas facas veio a polÃcia varrer os cacos
Â
Caminhei por baixo d’água igual a um peixe e não sei nadar
Caminho que ninguém passa passo correndo e não empaco
Já fiz a barba do leão sem usar sabão e sem a navalha
Com a jamanta correndo troco os pneus em usar macaco
O meu protetor é forte é o azulão do reino encantado
Num salão todo azulado que tem no céu ele foi morar
E com sete santas virgens neste salão azulão está
E duas vezes por dia este salão Deus vai visitar
Maria Bonita
O Maria, Maria Bonita a mulher que eu espero e não vem
Pode ter mais rica do que ela, mais bonita eu juro que não tem
O Maria, Maria Bonita a mulher que nunca ode ser minha
Quem nasceu pra ser um escravo nunca chegas aos pés da rainha
Uma estrela que brilha tão alto perto dela não posso chegar
Eu vivo sonhando acordado não preciso dormir pra sonhar
O canário canta na floresta quando é preso canta na gaiola
Eu não sou um canário do reino sou um canário no braço da viola
Eu queria cair prisioneiro na gaiola dos bracinhos dela
Eu deixava de cantar pro povo eu ia cantar só pra ela
Uma Coisa Puxa Outra
O machado sem o cabo não bota a mata no chão
O mandante sem soldado não forma seu batalhão
Sem bagunça e sem baderna quero ver minha nação
Uma coisa puxa outra vai aqui minha opinião
Traidor da minha pátria não merece o meu perdão
Sem o policial na rua não trabalha o escrivão
Sem juiz se delegado não existia prisão
O juiz e o delegado faz a lei entrar em ação
Uma coisa puxa outra vai aqui minha opinião
O malandro vira santo quando o advogado é bom
Sem o animal de raça não existe exposição
Sem disputa e sem torneio não existe campeão
Sem boiada e sem tropa não tem festa do peão
Uma coisa puxa outra vai aqui minha opinião
O rodeio de Barretos da um show de tradição
Sem o braço do caboclo não existe produção
Não tem soja não tem trigo, nem arroz e nem feijão
Sem auxÃlio da lavoura não vai nada pro fogão
Uma coisa puxa outra vai aqui minha opinião
Que seria da cidade sem ajuda do sertão
Sem trabalho e sem luta a gente não ganha o pão
Sem preguiça e moleza a gente vira patrão
Pra quem gosta de moleza eu dou sopa de algodão
Uma coisa puxa outra vai aqui minha opinião
Todos que vivem na sombra derramou suor no chão
Caçador Do Ivinhema
Subi o rio Ivinhema numa canoa de remo
Fui caçar no gato preto um lugar bom que só vendo
Levei a minha dois canos e meu cachorro veneno
Soltei no rasto de onça o bicho saiu fervendo
Meu cachorrinho e sem raça, mas pra levantar uma caça pra ele é café pequeno
Dando sinal de levante entrou na mata fechada
De repente lá no alto ele deu uma barroada
Eu falei pro companheiro é onça e das bem criadas
Minha espingarda tem bala fico firme na cilada
O senhor é de coragem vai esperar na passagem no corredor da picada
O Zé Pedro é desses homens que não deixa pra depois
Ergueu a tralha nas costa e já saiu no pé dois
Dizendo cercar a onça muito apressado ele foi
A onça ele ainda disse vive só comendo boi
Sabendo desta façanha me interessei pela banha pra temperar meu arroz
A corrida foi embora descambou no espigão
Eu até fiz um cigarro descansei sobre o garrão
De repente foi voltando rodeou pelo capão
Meu cachorro começava um sinal de acuação
Gritei assim pro Zé Pedro vou tirar o couro mais cedo da rainha do sertão
Ele veio ao meu encontro pra ir no pé da pintada
Meu facão de aço puro foi abrindo uma picada
De longe avistei a onça por detrás de uma ramada
Ele deu um tiro nela, ela foi nele de unhada
Pra terminar meu enredo matei ela pro Zé Pedro o resto eu não conto nada
O Diabo Não É Tão Feio Como Se Pinta
O diabo foge da cruz e também do terço
O diabo também tem medo de oração
Mas ele não é tão feio como se pinta
Garanto que muita gente me dá razão
Bem pior que o diabo fui um sujeito
Não merecia meu pé, mas eu dei a mão
É melhor ter um cachorro pra ser amigo
Por que um amigo cachorro só faz traição
Do espinho da roseira quero distância
Só quero perto de mim a rosa em botão
Eu sempre detestei batida de carro
Batida que eu mais gosto é a de limão
Meu Deus abraço de homem coisa horrorosa
Mas abraço de mulher é que eu acho bom
De homem quero distância não quero nada
No lugar que a mulher pisa eu beijo o chão
A mulher sendo bonita dou minha vida
Não levanto uma palha por um canhão
Para carne de pescoço não dou dinheiro
Leva todo meu dinheiro filé mignon
Tesouro Da Madrugada
Perdi tudo quanto eu tinha fiquei no mundo jogado
Igualzinho um cão sem dono vivendo desesperado
Lá embaixo de uma ponte representa meu sobrado
Na beirada do barranco onde o rio passa encostado
Naquele cantinho pobre o cobertor que me cobre é sempre o vento gelado
Uma noite eu tive um sonho na minha pobre pousada
Uma jovem muito rica me falou desesperadaÂ
Você é aquela azeitona que faltou na minha empada
Você vai pra minha casa vou lhe dar uma empreitada
Não tem nada perigoso é um serviço gostoso não tem foice nem enxada
Eu fui lá pra casa dela que beleza de morada
Uma banheira de luxo já estava preparada
Boiando por cima d’água tinha rosas desfolhadas
Eu tomei aquele banho lavei a vida cansada
Sujeira lá do estradão e a minha vida de cão virou rosas perfumadas
Lá no quarto cor de rosa estava a minha empreitada
Morena cor de canela benequinha bronzeada
Da cabeça até os pés não tava faltando nada
Uma linda camisola lindas cores estampadas
Camisola transparente estava na minha frente tesouro da madrugada
Um mundo maravilhoso a porta pra mim abriu
Mandei a miséria embora bem pra longe ela sumiu
Descobri o mapa da mina a sorte pra mim sorriu
Mulher bonita e riqueza lá do céu pra mim caiu
Pra matar o meu desejo ela foi me dar um beijo eu caà dentro do rio