Rei Dos Pampas (CABOCLO-CONTINENTAL 103405037) - (1969) - Tonico e Tinoco
Rei Dos Pampas
Sou rei dos pampas sou gaúcho forteÂ
Sou um bom amigo e amigo de festa
Tenho por cama do meu rancho a palha
E o meu pala no calor da sestaÂ
Não tenho casa nem morada certaÂ
Tenho um cavalo e na garupa um laçoÂ
Um bom arreio, um rebenque prateadoÂ
Um bom revólver e seis bala de açoÂ
Entro num baile arrastando a esporaÂ
Danço a tirana e também a rancheiraÂ
Se encontro ali uma china morenaÂ
Essa comigo dança a noite inteiraÂ
De rei dos pampas ela deu me o nomeÂ
Eu vou contar o motivo porqueÂ
Seis bandoleiros me deram um apertoÂ
E eu solito fiz os seis correrÂ
Um certo dia numa gauchadaÂ
Montei em pêlo num baguá teimosoÂ
Soltei o tala entre as duas orelhasÂ
Piquei de espora esse baguá furiosoÂ
O fazendeiro um certo patriarcaÂ
Quis dar-me emprego mas não aceiteiÂ
O meu destino é viver nos pampasÂ
De pago em pago já me acostumeiÂ
Tenho uma china que eu adoro muitoÂ
Mora na serra da estância do tioÂ
De rei dos pampas ela deu me o nomeÂ
Por Deus eu juro que ela não mentiuÂ
Eu sou um rei embora sem tesouroÂ
Sou o rei dos pampas eis o sina minhaÂ
Se ele tem uma coroa de ouroÂ
Eu tenho a china que é a minha rainha
Saudade Da Estância
Adeus estância da mocidadeÂ
Não fosse distância meu bem querer
Não tinha saudade
Da minha querência eu vivi saudosoÂ
Revejo a coxilha em sonho ditosoÂ
Parece que escuto o ponteiro garbosoÂ
O grito do aboio ao meu boi BarrosoÂ
Adeus estância da mocidadeÂ
Não fosse distância meu bem querer
Não tinha saudade
Nem tudo na vida a gente adivinhaÂ
Não dei importância na sorte que eu tinhaÂ
Fui rei lá na estância não quis ter rainhaÂ
E disse um adeus para a gauchinhaÂ
Adeus estância da mocidadeÂ
Não fosse distância meu bem querer
Não tinha saudade
Fiz pouco dos guascas amigos de infânciaÂ
Troquei a bombacha por falsa elegânciaÂ
No entanto o castigo da minha arrogânciaÂ
É a dor que se chama saudade da estânciaÂ
Adeus estância da mocidadeÂ
Não fosse distância meu bem querer
Não tinha saudade
Flor Gaúcha
Você partiu soluçando na noite de São João
Fiquei tristonho chorando com meu pobre violãoÂ
Sentindo saudade sua sem ter consolaçãoÂ
Depois que você partiu tudo aqui se transformou
Minha vida ficou triste o rancho desmoronou
Meu coração não suporta sofrendo tamanha dorÂ
Violão meu companheiro nele comecei tocarÂ
Cantei sua despedida eu vi você soluçarÂ
Na brisa da lua cheia contemplei o teu olhar
Os canários já não cantam porque entenderam meus ai
Os pombos que nós criamos voaram pra outro pombais
Com certeza adivinharam que você não volta maisÂ
O jardim que nós plantamos morreu tudo já secouÂ
A roseira do quintal tá murcha não dá mais florÂ
Por tua causa, gaúcha, que o nosso amor se acabou
Gaúcho AlegreÂ
Eu vou deixar meu querido Rio GrandeÂ
Eu vou contar este meu padecimento
Eu era noivo de uma linda ChinaÂ
Tava marcado o nosso casamentoÂ
Ela fugiu com um cabra aventureiro, ai
E esqueceu do nosso juramentoÂ
Sai correndo como as folhas secasÂ
Que sem destino acompanhando o ventoÂ
Peguei meu pingo e bati rasto aforaÂ
Ai eu mudei este meu pensamentoÂ
Não vale apenas gastar uma bala, ai
Ai no costado de um mau elementoÂ
Estou morando neste chão paulistaÂ
Deixei querência e muito sentimentoÂ
Meu apelido é Gaúcho AlegreÂ
Ninguém conhece meu padecimentoÂ
Eu canto xotes lá do meu Rio Grande, ai
Meus olhos choram, mas eu não lamento
Eu danço e brinco com toda a moçadaÂ
Mas tudo dentro do regulamentoÂ
Eu canto moda que até as velhas choram
A morenada querem casamentoÂ
Meu coração é como a flor do campoÂ
Que ela nasce e morre no relento
Querência Da Serra
Minha querência da serraÂ
A minha roça plantadaÂ
A minha boa peãozadaÂ
Dançando lá no galpãoÂ
Os três gauchinhos amadosÂ
A minha china queridaÂ
É tudo na minha vidaÂ
Em meu coração
Â
Meu chapéu de aba largaÂ
Minha bombacha listadaÂ
Minha chilena prateadaÂ
Meu lenço de seda azulÂ
Meu pingo de puro sangueÂ
Meu laço forte trançadoÂ
Meu campo verde meu gadoÂ
Rio Grande do Sul
Â
Vou pela estrada cantandoÂ
Tocando minha boiadaÂ
Vendo a gauchinha amadaÂ
Que ficou lá no galpãoÂ
Esta malvada saudadeÂ
Que meu velho peito guardaÂ
Ela muito mais amargaÂ
Do que o chimarrãoÂ
Triste Coração
Meu amor, sem teu carinhoÂ
Eu não posso mais viverÂ
Meu coração fica tristeÂ
Quando não posso te verÂ
Na roseira nasce a ramaÂ
Eu nasci pra vocêÂ
Meu coração fica tristeÂ
Quando não posso te verÂ
Do amor nasce o ciúmeÂ
Do ciúme o bem quererÂ
Meu coração fica tristeÂ
Quando não posso te verÂ
Com saudade eu vou-me emboraÂ
Procurando te esquecer
Meu coração fica tristeÂ
Quando não posso te verÂ
Quadrilha No Galpão
Instrumental
Cortando Estradão
Montado a cavalo cortando estradãoÂ
Assim é a vida que leva um peãoÂ
Não tenho morada, não tenho rincãoÂ
E não tenho dona no meu coraçãoÂ
Montar em burro bravo é a minha paixãoÂ
Não encontro macho que jogue eu no chãoÂ
Pra jogar um laço também sou do bomÂ
Em qualquer rodeio eu sou campeão
Ai como é bom viverÂ
Sozinho no mundo sem nada pensarÂ
O sol vem saindo eu já vou partindoÂ
E quando anoitece tô noutro lugarÂ
Se eu olho no bolso e me falta dinheiroÂ
Amanso dois burros por trinta cruzeiros
Se eu pego um transporte de uma boiadaÂ
Já sou convidado pra ser o boiadeiroÂ
Em toda a cidade por onde eu passeiÂ
Uma moreninha eu sempre deixeiÂ
Mais sou camarada vou sempre avisandoÂ
Não goste de mim por que eu não gosteiÂ
Ai como é bom viverÂ
Sozinho no mundo sem nada pensarÂ
O sol vem saindo eu já vou partindoÂ
E quando anoitece tô noutro lugarÂ
Canta Pião
Boiadeiro quando parte viajando de sul a norteÂ
Combatendo com a saudade, ô peão, na batalha do transporteÂ
Oi, oi, canta, peão, na batalha do transporteÂ
Boiadeiro quando canta tá chegando na pousadaÂ
Repica triste o berrante, ô peão, no estouro da boiadaÂ
Oi, oi, canta, peão, tá chegando na pousada
Boiadeiro quando canta, a boiada lá está à venda
E vamos ver vossos filho, ô peão, que ficou lá na fazendaÂ
Oi, oi, canta, peão, que ficou lá na fazendaÂ
Boiadeiro também reza pra Senhora AparecidaÂ
Abraçado com a cabocla, ô peão, na hora da despedidaÂ
Oi, oi, reza, peão, pra Senhora AparecidaÂ
Rei Da Guasca
Doutor delegado eu peço licençaÂ
Na sua presença uma história contarÂ
Eu sou valente nem criminosoÂ
Mas sou melindroso na parte moralÂ
Eu moro num rancho com a minha amadaÂ
Na beira da estrada nas águas de láÂ
Da lida do gado eu volto cansadoÂ
E fazendo agrado ela vem me abraçarÂ
Cheguei no meu rancho na boca da noiteÂ
Achei a cabocla num canto a chorarÂ
Perguntei pra ela por que chora tantoÂ
Banhada em pranto me pôs a contarÂ
Eu vinha voltando da venda da estradaÂ
Bem perto de mim eu vi um carro pararÂ
Aquele ricaço pegou no meu braçoÂ
Lutei com o caboclo pra poder escaparÂ
Já piquei de espora meu burrão tordilhoÂ
Virei corrupio pra trás eu volteiÂ
Eu cheguei na praça lá tava o ricaçoÂ
Contando com graça de tudo o que fez
Eu já fui chegando e o cabra surrandoÂ
Puxou do revólver mas tempo não deuÂ
No cabo do relho tirei seu galanteioÂ
No meio da rua de guasca corteiÂ
Está ai na porta da delegaciaÂ
Amarrado na chincha do meu tordilhãoÂ
Lhe entrego o ricaço doutor delegadoÂ
Quem tiver errado dê a puniçãoÂ
Caboclo vai embora, mas deixe seu reioÂ
Pra servir de espelho da grande liçãoÂ
Que pra esse homem sirva de exemploÂ
Quem em mulher dos outros não por mais a mão
Gaúcho Velho
A minha história é muito curta minha genteÂ
Em poucos versos conto tudo que se passaÂ
O que é preciso é mostrar unicamenteÂ
Que não há nada que eu queira fazer e não façaÂ
Fui convidado pra tocar minha sanfonaÂ
Numa festança lá pra banda de FaxinaÂ
Foi lá então que eu conheci uma certa donaÂ
Juro por Deus que era bonita aquela chinaÂ
Ai, Rio Grande
Ai que saudade lá dos bailes do galpãoÂ
Ai, Rio GrandeÂ
Essa saudade é amarga mais que o chimarrão
Gaúcho velho como eu criado a brutoÂ
Que não se enleva na maneia do amorÂ
Não sei porque que o coração deste matutoÂ
Caiu no pealo desse anjo encantador
Lá pelas tantas encilhei meu alazãoÂ
De légua em légua eu fazia upa-upa
Enquanto a turma churrasqueava no galpão
Eu levantei aquela china na garupa
Ai, Rio Grande
Ai que saudade lá dos bailes do galpãoÂ
Ai, Rio GrandeÂ
Essa saudade é amarga mais que o chimarrão
E depois disso vivo muito folgazão
No meu ranchinho pra banda de Vacaria
Já tenho alguém que me prepara o chimarrão
Ao chegar tarde no bater da Ave Maria
Ai, Rio Grande
Ai que saudade lá dos bailes do galpãoÂ
Ai, Rio Grande,Â
Essa saudade é amarga mais que o chimarrão
Passo Da Saudade
Quando eu saio do Rio Grande pra buscar uma boiada
Atravesso campina verde entre serras e quebradasÂ
Cada passo é uma saudade fica pisado na estradaÂ
Por estar me distanciando da minha querência amadaÂ
Quando escuto o passarinho cantar na beira da estradaÂ
Me faz lembrar saudoso da minha querência amadaÂ
O sopro do minuano a floresta perfumadaÂ
Faz recordar minha estância o cheiro da madrugadaÂ
No troteado do meu pingo na poeira da estradaÂ
Atravessando cordilheira venho trazendo a boiadaÂ
Quando eu chego na querência vou saudando a gauchadaÂ
E abraço com saudade a minha china adoradaÂ
Músicas do álbum Rei Dos Pampas (CABOCLO-CONTINENTAL 103405037) - (1969)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Rei Dos Pampas | Raul Torres | Xote |
Saudade Da Estância | Capitão Furtado / Frontalino | Toada Milonga |
Flor Gaúcha | Priminho | Valsa |
Gaúcho Alegre | Tonico / Zé Carreiro | Xote |
Querência Da Serra | Zé Paioça | Rancheira |
Triste Coração | Tonico / Tuta | Arrasta-pé |
Quadrilha No Galpão | Tonico / Tinoco | Rancheira |
Cortando Estradão | Anacleto Rosas Júnior | Rancheira |
Canta Pião | Tonico / Tinoco | Cururu |
Rei Da Guasca | Tonico / Anacleto Rosas Júnior | Rasqueado |
Gaúcho Velho | Herivelton Martins / Pedro De Almeida | Xote |
Passo Da Saudade | Tonico / Pirassununga | Rancheira |