Tião Do Carro E Pagodinho (1998) (TOCANTINS SF 5061) - (1998) - Tião Do Carro e Pagodinho

Dr. Coração
Eu marquei uma consulta com o doutor coração
Quis saber porque eu sofro desta grande solidão
Pois você palpita tanto nos momentos de emoção
Me respondeu compassado você foi contaminado pelo vírus da paixão

Dia e noite no seu peito trabalhando eu permaneço
Quando você tá feliz a mim mesmo eu agradeço
Quando você tá na fossa no seu peito eu entristeço
E quando você se enfeza porque ela te despreza nesta hora eu enlouqueço

Diga a ela por favor, que o doutor tá preocupado
Não posso ter emoção nem sofrer ingratidão eu preciso ser amado

Trabalhamos em conjunto entre eu e o pensamento
Quando você tá contente fico leve como o vento
Mas na hora do amor é o meu melhor momento
E na hora da tristeza dou tanto murro na mesa que quase me arrebento

Diga a ela por favor, que o doutor tá preocupado
Não posso ter emoção nem sofrer ingratidão eu preciso ser amado

Fogo No Estopim
Nosso mundo tá falido de um jeito que dá dó
Criança fumando craque adulto cheirando pó
Filho que bate na mãe neto que bate na vó
Tem ladrão que vai a feira giro e agi ló
Somente Deus nas alturas pra desatar este nó

Nosso mundo virou bomba está pertinho do fim
O capeta tá querendo botar fogo no estopim

Tem gente chutando santa oh meu Deus quanta maldade
No Rio picharam o Cristo vejam que barbaridade
Tentaram matar o papa sem nenhuma piedade
Delinquência virou moda incomoda a humanidade
É só Deus pra tomar conta desta triste realidade

Nosso mundo virou bomba está pertinho do fim
O capeta tá querendo botar fogo no estopim

Nunca vi tanta pobreza como vejo ultimamente
Pobre cada vez mais pobre vive como indigente
A saúde tá precária nosso povo tá doente
Sem terra está morrendo querendo plantar semente
Você aí do poder tem dó da nossa gente

Nosso mundo virou bomba está pertinho do fim
O capeta tá querendo botar fogo no estopim

Duelo Sem Espadas
To vivendo minha vida num duelo sem espada
To amando mãe e filha é uma coisa complicada
A mãe é muito bonita a filha é encantada
Duas paixão de uma vez pra mãe eu dou uma rês pra filha eu dou a boiada
É um beco sem saída eu estou na armadilha
O meu coração é fraco tá amando mãe e filha

A mãe é uma rosa aberta a filha é flor perfumada
Eu tenho uma mão na rosa e a outra na ramada
Estou no meio da ponte numa passagem arriscada
Eu não sei o que eu faço só tenho na mão um laço com dois amor de arribada
É um beco sem saída eu estou na armadilha
O meu coração é fraco tá amando mãe e filha

Onça Pintada
A mulher que eu me casei era uma gatinha
Virou uma onça pintada que me dá medo
Quando chego tarde em casa ela vem urrando
Me pergunta porque eu não cheguei mais cedo

Já estou me acostumando com esta fera
Preparei uma armadilha no seu caminho
Quando fica furiosa vem pro meu lado
Eu dou nela uma surra de carinho

Ela só se acalma na hora de fazer amor
Fora disso é um terror uma fera indomada
Quando tá nervosa ela me unha ela me arranha
Mas dou um beijo ela se assanha sou domador da onça pintada

Francisco De Assis
Sou eu que atravesso pisando mansinho na areia branquinha de um velho estradão
As vestes cumpridas calçando sandália na minha cintura eu levo um cordão
No ombro eu carrego um manso pombinho que tem a clareza branquinha de um giz
Eu sou um andante viageiro do mundo eu sou simplesmente Francisco de Assis

Sou eu que visito o cão machucado deitado num canto uivando de dor
Invés de remédio pro seu ferimento apenas derramo um pouquinho de amor

Às vezes me sento ao pé de um barranco quem passa na estrada nem olha pra mim
Estou num silêncio aí conversando com um louva-deus na flor do capim
Depois eu retorno pras águas da fonte que as aves canoras ali vêm se banhar
Estou novamente voando no espaço e o vento me leva pras águas do mar

Sou eu que visito o cão machucado deitado num canto uivando de dor
Invés de remédio pro seu ferimento apenas derramo um pouquinho de amor

Meu Pai
Cansado da luta e dos trancos da vida saudade doída bateu pra valer
Lembrei do meu pai lá no sítio nosso, meu velho eu não posso ficar sem te ver

Cheguei bem cedinho na cerca de arame eu vi um exame de abelha subir
No velho mourão do chão estradeiro exalava o cheiro de mel jataí
Batendo o orvalho da alta pastagem eu criei coragem pro rancho eu desci
Gritei no terreiro ninguém na palhoça no eito da roça meu velho eu vi

Seguindo o acero fui subindo o trilho na roça de milho entrei devagar
O sol nessa hora mostrava seu brilho meu pai é teu filho eu vim te abraçar
O velho tirou da cabeça o chapéu e olhando pro céu pegou a chorar
Dizendo meu filho que roupa limpinha não rele na minha pra não se sujar

Do peito do velho o suor corria até parecia mina da biquinha
Meu filho a água ta no arvoredo eu trouxe hoje cedo a porunga cheinha
Até meu almoço já está preparado, está pendurado no galho da arvinha
Eu fiz hoje cedo de madrugadão, arroz e feijão, jabá com farinha

Por suas palavras eu já decifrei e nem perguntei mamãe onde está
Na roupa do velho, guaxuma miúda e as mãos cascudas que nem jatobá
E ele me disse ali nessa hora você vai embora onde vai pousar
Papai já vou indo não se aborreça antes que anoiteça eu preciso voltar

Eu beijei o rosto do meu pai amado entrei no roçado sultão foi atrás
Eu também saí chorando escondido meu velho querido eu te amo demais

Cama Perfeita
Você é a cama perfeita que acerta meu sono
O lençol que deito cobertor que me aquece quando chega o inverno
Você é o remédio que ameniza a dor do meu coração
A dose completa de amor e carinho que afasta no ato a minha solidão

É você que procuro quando preciso matar meus desejos
É você que procuro se estou numa boa ou numa pior
É você que procuro pra arrancar do peito a minha paixão
Você com seu jeito bonito controla as batidas do meu coração

Fique aqui não vá embora fique sempre ao lado de quem te ama e te adora
Fique aqui não vá embora ouça minha voz que clama e o coração que chora

Tem Gamba No Galinheiro
O dono da galinha tá vivendo em desespero
Quando ele sai de casa tem gambá no galinheiro

O dono da galinha tá vivendo apavorado
Ele já sondou a casa passou a noite acordado
O gambá que é sabido não dá um pulo errado
Quem tem galinha em casa nunca dorme sossegado

O dono da galinha é uma ótima pessoa
O gambá também já sabe que a galinha é muito boa
O gambá que é sabido não dá um pulo a toa 
Com gambá no galinheiro é só pena que avoa

O dono da galinha tá vivendo em desespero
Quando ele sai de casa tem gambá no galinheiro

A galinha é bonita parece um chamariz
O gambá lá do meu bairro já está correndo risco
Na hora que o dono chega o gambá vira um corisco
Não há diabo que pegue um gambá que é arisco

O dono fez armadilha, mas o tal gambá não vinha
O gambá também conhece quando a casa está sozinha
Quando o dono sai de casa vai na casa da vizinha
O gambá no galinheiro já tá comendo a galinha

Carta Branca
Você reclama que está no cativeiro e não suporta mas a vida nesta casa
Se sente igual um passarinho prisioneiro e quer espaço pra soltar as suas asas
Se realmente você quer mudar de vida sou obrigado respeitar sua vontade
Diante dos fatos não me resta outra saída se não lhe dar a certidão de liberdade
De hoje em diante você escolhe com quem anda
Pode fazer o que melhor lhe convier
Na sua vida você manda e desmanda
Tem carta branca pra fazer o que quiser

Se realmente você quer mudar de vida sou obrigado respeitar sua vontade
Diante dos fatos não me resta outra saída se não lhe dar a certidão de liberdade
De hoje em diante você escolhe com quem anda
Pode fazer o que melhor lhe convier
Na sua vida você manda e desmanda
Tem carta branca pra fazer o que quiser

Um Peso E Duas Medidas
Pra defender uma preta fiz um processo bonito
No andamento final já perto do veredito
O juiz me advertiu dizendo achar esquisito
O promotor denuncial vai dizendo que admirava 
Porque eu tanto mimava quem cometera o delito

Meritíssimo juiz faça o que a lei disser
A preta deste banquinho não é uma preta qualquer
Está na mão da justiça para o que der e vier
Perante a lei dos homens me ensinou a honrar o nome
Ela matou minha fome eu mamei nesta mulher

Aos senhores da justiça eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite ponha ela em liberdade
Aos senhores da justiça eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite ponha ela em liberdade

Do chão do mundo esta preta com carinho me catou
Os seus braços foi meu berço quantas vezes me embalou
Desde os meus primeiros passos foi ela que me ensinou
Hoje é seu julgamento é grande seu sofrimento
Por isso neste momento pra defendê-la estou

Primeira vez que um juiz se encontrou embaraçado
O mundo dá muita volta foi dizendo emocionado
Encerrado a audiência promotor e advogado
Eu também perdi na vida minha mãezinha querida
É um peso e duas medidas que eu também fui adotado

Aos senhores da justiça eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite ponha ela em liberdade
Aos senhores da justiça eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite ponha ela em liberdade

Fogo Da Paixão
Porque será que o amor tem melhor sabor quando é proibido
Eu sofro também por amar alguém incompreendido
Estou vivendo um dilema este é o problema que trago comigo
Por causa de um grande amor que carrego no peito esta dor e deixou meu coração ferido

Por causa deste amor minha pobre vida está se acabando
Rasga o meu peito tira esta paixão que está me matando
Foi quase mesmo sem querer que se envolveu meu coração
Agora está ardendo em brasa no grande fogo da paixão
Foi mais uma lição que tomou daqui pra frente ele vai aprender
Coração também tem que apanhar pra depois aprender a bater
É culpado da vida que leva o meu mundo hoje resume nela
Porque nunca senti por alguém a paixão que eu sinto por ela

A Loira Do Caixa
Um sujeito de modo arrogante com um brilho estranho nas vistas
Arranhando o nosso idioma, chegou numa cidade paulista
Entrou na churrascaria feito galo jogando a crista
Foi dizendo para o proprietário passei sua tropa em revista
Esta loira bonita do caixa será minha primeira conquista

Se julgando um grande machão foi falando de um jeito brutal
Vai dizer para a loira bonita que eu nunca vi mulher igual
Quero pegar o corpinho dela e beijar do começo ao final
Vou fazer igual boi barbatão quando encontra no carrascal
O cocho que tem na madeira só o cheiro e o gosto do sal

Nisso o dono da churrascaria foi dizendo espere um momento
Entrou no seu escritório logo veio em passos lentos
Empunhando um trinta e oito e mostrando um documento
Esta loira é minha esposa veja a certidão de casamento
Vai fazer tudo o que eu mandar ou levar muito metal cinzento

Beijando o trinta e oito gemendo e de joelhos no chão
Passou a noite lambendo o assoalho do grande salão
Levando uma chuva de tapas cada vez se pedia perdão
Apanhou que nem vaca na horta foi jogado pra lá do portão
E saiu andando encolhido nunca mais pôde ser garanhão

Cordão De Ouro
Vou falar dessa viola e do meu velho companheiro
Ela chora no meu peito saudade do Tião Carreiro
Seus dedos deixaram marcas em cada vão desses traços
São carimbos de segredos digitados nesse braço
Por isso peço licença em cada verso que faço
Pra falar do Tião Carreiro precisa ser violeiro e não arrasta bagaço

Vou Falar dessa viola e do meu velho companheiro
Ela chora no meu peito saudade do Tião Carreiro
A sua viola divina nas mãos do tempo parou
Meu amigo José Dias foi o rei dos cantador
Ficou o cordão de ouro e a medalha Deus levou
A coroa que ele tinha ficou no trono sozinha e não serviu pra imitador

Vou Falar dessa viola e do meu velho companheiro
Ela chora no meu peito saudade do Tião Carreiro
Foi o rei dos cantador que pois pagode na praça
O batido do pagode sem viola não tem graça
Agora Deus ta pedindo que o Tião Carreiro faça
Na viola do infinito o ponteado mais bonito pros anjos brindar a taça

Vou Falar dessa viola e do meu velho companheiro
Ela chora no meu peito saudade do Tião Carreiro

Cortina Dourada
Recebi uma mensagem que veio cortando espaço
Lá pro rancho da amizade fui mandando um forte abraço
A saudade tem a chincha tem a espora e tem o laço
O coração não aguenta se escorar ele arrebenta dentro de um peito de aço

Uma cortina azulada num descampado azulão
Uma porteira de ouro separa o céu do chão
Um arco de rosa branca perfumando a imensidão
Nesta passagem da fé grande Chico Xavier vai a nossa saudação

Lá na escada do céu o Tonico foi chegando
Veio um coral de anjos com Tião Carreiro cantando
A violinha de Deus o Bambico ponteando
Fui uma festa caipira Vieirinha no catira com o seu João Domiciano

A carruagem do Senna fez um desfile bonito
Com Negrinho Parafuso cantava Pedro Chiquito
Segura peão segura o Zé do Prato dando grito
Quanta gente consagrada que deixou esta morada pra festeja no infinito

O Nordestino
Eu sou filho do nordeste fui criado no sertão
Passei fome passei sede mas adoro meu torrão
Aguentei a seca forte de fazer trincar o chão
Já vi boi morrer gemendo com a língua seca lambendo o fundo do ribeirão
No norte a seca braba era um Deus nos acuda
Nordestino bom de raça como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda

O sol parecia fogo onde batia queimava
O cerrado virou lenha, nenhuma folha restava
Os bichos que iam morrendo no chão quente esturricava
Onde eu pescava de anzol vi peixe morrer no sol no barro que ressecava
No norte a seca braba era um Deus nos acuda
Nordestino bom de raça como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda

Embaixo de um céu de bronze, em cima de um chão queimado
Joguei meu plantio no solo não nasceu ficou torrado
Passei no fio da navalha aguentei tudo calado
Mas aqui estou em pé e ainda tenho fé de ver meu sertão molhado
No norte a seca braba era um Deus nos acuda
Nordestino bom de raça como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda

Músicas do álbum Tião Do Carro E Pagodinho (1998) (TOCANTINS SF 5061) - (1998)

Nome Compositor Ritmo
Dr. Coração Tião Do Carro / Caetano Erba Rasqueado
Fogo No Estopim José Victor / Dimarco Rojão
Duelo Sem Espadas Tião Do Carro / Caetano Erba Rasqueado
Onça Pintada José Victor / Pagodinho Rojão
Francisco De Assis Tião Do Carro / Caetano Erba Cateretê
Meu Pai Tião Do Carro / Caetano Erba Moda De Viola
Cama Perfeita João Schneider / Ronaldo Botelho Guarânia
Tem Gamba No Galinheiro Tião Do Carro / Moacyr Dos Santos Pagode
Carta Branca Paraíso / Silvano Ramos Guarânia
Um Peso E Duas Medidas Tião Do Carro / Caetano Erba Moda de Viola e Cururu
Fogo Da Paixão G. Gomes / Tião Do Carro Guarânia
A Loira Do Caixa Tião Do Carro / Jesus Belmiro Querumana
Cordão De Ouro Tião Do Carro Pagode
Cortina Dourada Tião Do Carro / Caetano Erba Moda De Viola
O Nordestino Tião Do Carro / Grilo Pagode
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