Show (CHANTECLER 3230) - (1970) - Tião Carreiro e Pardinho
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Encantos Da Natureza
Tu que não tiveste a felicidade deixa a cidade e vem conhecer
Meu sertão querido meu reino encantado, meu berço adorado que me viu nascer
Venha o mais depressa não fique pensando estou lhe esperando para lhe mostrar
Vou mostrar os lindos rios de águas claras e as belezas raras do nosso luar
Quando a lua nasce por detrás da mata fica cor de prata a imensidão
Então fico horas e horas olhando a lua banhando lá no ribeirão
Muitos não importam com este luar nem lembram de olhar o luar da serra
Mas estes não vivem são seres humanos que estão vegetando em cima da Terra
Quando o lua esconde logo rompe a aurora vou dizer agora do amanhecer
Raios avermelhados riscam o horizonte o sol lá do monte começa a nascer
Lá na mata canta toda a passarada e lá na palhada pia o xororó
O rei do terreiro abre a garganta bate a asa e canta em cima do paiol
Quando o sol esquenta cantam cigarras em grande algazarra na beira da estrada
Lindas borboletas de variadas cores vem beijar as flores já desabrochadas
Este pedacinho de chão encantado foi abençoado por Nosso Senhor
Que nunca nos deixa faltar no sertão saúde, união, a paz e o amor
Florzinha Do Campo
Entre as lindas florzinhas do campo sob a luz do um luar cor de prataÂ
Eu beijei os teus lábios ouvindo os acordes de uma serenataÂ
Muitas noites, porém já passaram de beleza de lindo esplendorÂ
Para mim essas noites são tristes porque vivo sem o teu amor
Onde te encontras que não vem acalmar o meu prantoÂ
Vivo agora vagando sozinho como abelhas nas flores do campoÂ
Quero saber por que fostes tão cruel para mimÂ
Desprezastes a minha serenata não mereço um desprezo assim
Onde te encontras que não vem acalmar o meu prantoÂ
Vivo agora vagando sozinho como abelhas nas flores do campoÂ
Quero saber por que fostes tão cruel para mimÂ
Desprezastes a minha serenata não mereço um desprezo assim
Migalhas De Amor
Foi com todas as forças que eu tinha
Que eu te dei meu amor divinal
Mais porém tu não foste sincera
Me pagastes o bem com o mal
Podes rir do meu triste fracasso
Que de ti eu não tenho rancor
Eu te dei meus carinhos pra sempre
E tu só me destes migalhas de amor
Tu és tudo que tenho na vida
Esquecer-te eu não consigo
Muito embora sei que me desprezas
Eu quero viver para sempre contigo
Quando o mundo mostrar o teu erro
E a saudade te atormentar
Podes vir que eu ainda te quero
Te esperarei neste mesmo lugar
Minas Gerais
Se a minha vista alcançasse onde o pensamento vai
Talvez não sofresse tanto por não ver Minas Gerais
Nunca mais vi a araponga escutei cantar nas matas
Pra mineira que eu adoro eu nunca mais fiz serenata
Quero meu pai e mãe abraçar ouvir o sabiá cantador
Nas campinas o perfume das flores lá da serra ver o sol raiar
Quero ver o meu céu estrelado e o clarão que a lua faz
Ver meu amor que felicidade quanta saudade
Oi Minas Gerais, oi Minas Gerais
Vivendo assim tão distante a saudade é muito mais
Você sofre eu também sofro padecemos os dois iguais
Longe de ti meu benzinho vivo sempre a padecer
Saudade está me matando eu sou capaz de enlouquecer
Quero meu pai e mãe abraçar ouvir o sabiá cantador
Nas campinas o perfume das flores lá da serra ver o sol raiar
Quero ver o meu céu estrelado e o clarão que a lua faz
Ver meu amor que felicidade quanta saudade
Oi Minas Gerais, oi Minas Gerais
Fundanga
Bota fogo na fundaga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim
Um dia desse eu briguei com a minha namorada
Tem gente queimando vela pra roubar a minha amada
Feiticeiro trabalhou até alta madrugada
Encontrei o seu lencinho jogado de madrugada
Oi na fundanga...
Coitadinha sofre tanto não esquece um só momento
Se eu perder os seus carinhos vai dobrar meu sofrimento
Feiticeiros querem ver fim do nosso casamento
Sofre eu e sofre ela é grande o padecimento
Oi na fundanga...
Bota fogo na fundanga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim
Qualquer dia vou baixar naquela famosa aldeia
Quero dar tantas pancadas que os caboclos desnorteia
E o bando de feiticeiro eu vou cortar de correia
Depois quero que a polÃcia levem todos pra cadeia
Oi na fundanga...
Esta luta eu não perco vou com Deus no coração
Tenho fé no meu São Jorge, Pai Canário e Pai João
Vou tirar o meu amor dessa grande confusão
E colocar aliança no dedo da sua mão
Oi na fundanga...
Tem E Não Tem
A casa do João de Barro tem porta e não tem janela
A mesa da minha casa tem perna e não tem canela
Na minha boca tem ponte, mas nunca teve pinguela
O motor do meu carro tem cavalo e não tem cela
Minha sogra tem brabeza, mas não tenho medo dela
Onde tem ordem e progresso não pode ter decadência
Tem gente que tem vontade, mas não tem experiência
Como tem muitos violeiros no rádio sem competência
O frango também tem peito pra cantar não tem potência
O pão também tem miolo, mas não tem inteligência
O Adão teve mulher não teve sogra nem perdão
Tem muita gente no mundo que vive sem profissão
Tem outros que tem ofÃcio, mas não tem calo na mão
Mulher que tem dois amores não tem dois corações
Tem gente que tem escola, mas não tem educação
Homem que tem mulher braba esse não tem liberdade
Tem mulher que tem beleza, mas não tem sinceridade
Tem gente que tem dinheiro, mas não tem felicidade
Eu tenho certos parentes deles não tenho saudade
Tem gente que tem diploma, mas não tem capacidade
O Mineiro E O Italiano
O mineiro e o italiano viviam as barras dos tribunaisÂ
Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz
Só em pensar na derrota o pobre caboclo não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitaisÂ
Quero ver esse mineiro voltar de a pé pra Minas Gerais
Voltar de a pé pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou pro advogado fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nos somos pobres que os meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar ganhar lhe dou uma leitoa de presente
Retrucou o advogado o senhor não sabe o que está falando
Não caia nesta besteira se não nós vamos entrar pro cano
Esse juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano
Paulista da velha guarda famÃlia de quatrocentos anos
Mandar a leitoa pra ele é dar a vitória pro italiano
Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor eu fiz conforme eu lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se neste angu não tiver mosquito
De fato falou o mineiro nem mesmo eu estou acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus no céu me deu esse plano
De uma cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome mandei no nome do italiano
Carteiro
Eu estava no portão quando o carteiro passou
Tirou da correspondência uma carta e me entregou
Abri a carta pra ler os ares diferenciou
Quando li o cabeçalho os meus olhos se orvalhou
Ai, lágrimas no chão pingou
Dois amigos que passavam me viu chorando e parou
O que tinha acontecido um deles me perguntou
A causa dessa tristeza meu amor me abandonou
Amigos fiquem sabendo primeira vez por amor
Ai, que este caboclo chorou
O amor que eu tinha nela em ódio se transformou
Por ser uma mulher falsa não cumpriu o que jurou
Não quero saber onde anda nem ela onde eu estou
Vai ser como o sol e a lua quando um sai o outro já entrou
Ai, não quero ter mais amor
Das mulheres que eu conheci só uma que confirmou
Um amor sincero e puro que nunca me atraiçoouÂ
Em minhas horas amargas o quanto me confortou
Primeiros passos da vida foi ela que me ensinou
Ai, minha mãe que me criou
Tenente Mineirinho
Num posto de gasolina meu caminhão eu abasteciaÂ
Nisto chegou um mineirinho como ajudante se ofereciaÂ
O mulato era franzino que pra essa lida fé não faziaÂ
Mas por gostar dos mineiros eu aceitei sua companhia
SaÃmos cortando chão ao atravessar um mato fechadoÂ
De repente na estrada eu vi um tronco de atravessadoÂ
O mineiro resmungou pro jeito vamos ser assaltadosÂ
Nem acabou de falar o tiroteio estava formado
Chamei por meu São Cristóvão puxei de um berro que eu traziaÂ
Olhei na mão do mineiro vi um parabelo que reluziaÂ
Cada tiro que ele dava no mato um cangaceiro gemiaÂ
Os cabras vendo a derrota fizeram pista na mataria
Eu falei pro Mineirinho gostei de ver a sua bravura
Vamos viajar sempre junto pra enfrentar as paradas durasÂ
O mineiro me falou vou lhe falar a verdade puraÂ
Não posso seguir contigo, pois sou tenente da captura
Ao me ver ali pasmado o mineirinho deu uma risadaÂ
Gostei de sua companhia minha missão está terminadaÂ
São Cristóvão lhe acompanhe seja feliz em sua jornadaÂ
Que seguirei meu destino de acabar com os ladrões da estrada
Tudo Certo
Jacaré carrega a serra, mas nunca foi carpinteiro
E o bode também tem barba e não precisa ir ao barbeiro
Galo também tem espora, mas nunca foi cavaleiro
Sabiá canta bonito e não pode ser violeiro
Vigário faz casamento, mas vivem tudo solteiro
Lua nova é bonita não precisa usar pintura
Também a boca da noite nunca teve dentadura
Eu sei que o braço do mar não pode sofrer fratura
Navio também tem casco e não precisa ferradura
O engenho faz garapa, mas não come a rapadura
Aprendi dançar catira, mas não se dançar twist
O meu carro também canta e o seu cantar é triste
Tem violeiro que não vai, mas da viola não desiste
Prego também tem cabeça e nunca teve sinusite
Chaleira também tem bico, mas não pode comer alpiste
Eu não sou muito esperto, mas também não sou otário
Minhas contas eu não pago junto pra fazer rosário
Relógio trabalha tanto e nunca recebeu salário
João de Barro fez a casa hoje ele é proprietário
Papagaio fala muito e não conhece o dicionário
Garrincha tem perna torta, mas foi o mais aplaudido
Meu carro tem pé redondo e faz o rastro cumprido
Serrote também tem dente e não come nada cozido
O martelo tem orelha e não sofre dor de ouvido
As meninas dos meus olhos não precisam usar vestido
Saudade
Saudade palavra rica que martiriza e fica dentro de um coração
Da felicidade morta que a saudade conforta trazida deu ma paixão
Saudade eu tenho de alguém uma saudade que vem de uma distância sem fim
Será que ela também na falta de um outro alguém sente saudades de mim
Eu vivo sempre pensando meus olhos vivem chorando não tenho felicidade
Estou morrendo aos poucos o que me deixa mais louco é a maldita saudade
Pagode Em BrasÃlia
Quem tem mulher que namora, quem tem burro empacador
Quem tem a roça no mato me chame que jeito eu dou
Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora
E o burro empacador eu corto ele de espora
E a mulher namoradeira eu passo o coro e mando embora
Pagode Na Praça
Fazer moda é meu vÃcio viola é minha cachaça
No batido do pagode meus dedos não embaraçam
Quando eu passo a mão na viola faço levantar fumaça
O pagode no momento tá sendo o dono da taça
Porque o povo está gostando eu também tô caprichando
De vez em quando soltando um pagode bom na praça
Pagode
Morena bonita dos dentes aberto vai no pagode o barulho é certo
Não me namore tão descoberto que eu sou casado, mas não sou certo
Modelo de agora é muito esquisito essas mocinhas mostrando os cambitos
Com as canelas lisas que nem palmito as moças de hoje eu não facilito
Eu com a minha mulher fizemos combinação eu vou no pagode ela não vai não
No sábado passado fui ela ficou no sábado que vem ela fica eu vou
Baiano No Coco
Quando eu vim lá da Bahia rumo a São Paulo eu meti os peitos
Baiano veio de pau-de-arara ser pobre não é defeito
Eu vim pra ganhar dinheiro serviço eu não enjeito
Só eu tô com uma vontade de comer coco que não tem jeito
Pagode Do Ala
As flores quando é de manhã cedo o seu perfume exala
A madeira quando está bem seca deixando no sol bem quente estrala
Dois baianos brigando de facão sai fogo quando o aço resvala
Os namoros de antigamente espiava por um buraco na sala