Linha De Frente (CHANTECLER CH 3066) - (1964) - Tião Carreiro e Pardinho
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O Mineiro E O Italiano
O mineiro e o italiano viviam as barras dos tribunaisÂ
Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz
Só em pensar na derrota o pobre caboclo não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitaisÂ
Quero ver esse mineiro voltar de a pé pra Minas Gerais
Voltar de a pé pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou pro advogado fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nos somos pobres que os meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar ganhar lhe dou uma leitoa de presente
Retrucou o advogado o senhor não sabe o que está falando
Não caia nesta besteira se não nós vamos entrar pro cano
Esse juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano
Paulista da velha guarda famÃlia de quatrocentos anos
Mandar a leitoa pra ele é dar a vitória pro italiano
Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor eu fiz conforme eu lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se neste angu não tiver mosquito
De fato falou o mineiro nem mesmo eu estou acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus no céu me deu esse plano
De uma cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome mandei no nome do italiano
Porta Fechada
Ao sair pro meu trabalho beijei a mulher amada
Ao voltar de tardezinha já não encontrei mais nada
Encontrei o teu desprezo e a casa abandonada
Encontrei o meu lar triste com suas portas fechadas
Eu pensei em ser feliz com toda a sinceridade
Nosso mundo meus amigos está cheio de maldade
A ingrata abriu pra ela as portas da falsidade
E fechando para mim as portas da felicidade
Calou fundo em minh’alma o desprezo deste alguém
Ao me ver desamparado neste mundo sem ninguém
Eu fui ao altar de Deus perguntar pelo meu bem
Mas as portas da igreja estavam fechadas também
Por que será que um homem precisa sofrer assim?
Resolvi embriagar e nesta dor dar um fim
Também encontrei fechadas as portas do botequim
Somente as portas do mundo estavam abertas para mim
No drama triste da vida desempenho o meu papel
Aquelas portas fechadas me atiraram assim ao léu
Quando acabar minha vida e o meu destino cruel
Eu peço à Deus que não feche pra mim as portas do céu
Quem Ama Não Esquece
O meu sofrimento a todo o momento é por te amar
Pensava que era mais não é sincera foi me abandonar
Com outra em meus braços sinto meu fracasso começo a chorar
Dizem que os que cantam seus males espantam eu vivo a cantar
Vai, mulher ingrata você me maltrata não tem compaixão
Eu vivo sofrendo aos poucos morrendo nessa solidão
Eu já fui amado já tive ao meu lado um grande amor
Mas hoje eu não tenho por isso que eu venho sofrendo esta dor
Meu castelo adorado foi desmoronado por aquela flor
Sei que falou em meu nome nos braços do homem por quem me deixou
Vai, mulher ingrata você me maltrata não tem compaixão
Eu vivo sofrendo aos poucos morrendo nessa solidão
Linha De Frente
Pra cantar pagode eu tirei patente meu peito é bom e eu sou competente
Eu não tomo toddy nem ovo quente morra meu passado viva o presenteÂ
O meu futuro está pela frente o meu pagode pra mim não mente
Na mão dos covardes morre os valentes o cachorro brabo está na corrente
O amor ingrato é que mata a gente mulher faladeira tem meus parentes
O marido delas é tão decente, mas a danada é uma serpente
Paulista trabalha São Paulo anda, São Paulo cresce por toda banda
O mineiro tem o ouro que manda o povo gaúcho é de opinião
Tem gente que foge da oposição, mas a gauchada não foge não
O povo do norte é inteligente o Rui Barbosa deixou semente
O povo baiano orgulhosos sente, o paranaense é bom no batente
Nosso Brasil tem bom presidente, nós no pagode é linha de frente
Cantar Da Seriema
Canta, canta seriema seu cantar me faz chorar
De saudade da morena que não pode me esperar
Canta, canta seriema seu cantar me faz chorar
De saudade da morena que não pode me esperar
Recordo Porto Mortinho, Aquidauna e Coxim
Eu lhe dei tanto carinho ela se esqueceu de mim
Seriema não existe canto triste como o teu
Minha vida ficou triste quando o meu amor morreu
Ana Rosa
Ana Rosa casou com Chicuta, um caipira bastante atrasado
Levava a vida de carrereiro fazendo transporte era o seu ordenado
Tinha um ciúme doentio pela moça que dava pena do coitado
Batia na pobre mulher com a vara de ferrão de bater no gado, ai
Resolveu abandonar o marido porque a vida já não resistia
Quando chegou em Botucatu aquela cidade toda dormia
Só encontrou uma porta aberta, mas ali não entrava famÃlia
Resolveu contar sua história e se abrigar até no outro dia, ai
O Chicuta quando chegou em casa Ana Rosa não encontrou
Ele arriou sua besta e como uma fera a galope tocou
Na chegada de Botucatu pra um caboclo ele perguntou
Seu moço essa mulher lá na Fortunata eu vi quando ela entrou, ai
Num barzinho ali da saÃda sem destino resolveu chegar
Encontrou com um tal Menegildo e com o Costinha pegou conversar
Vocês querem pegar um a empreitada, só se for pra não trabalhar
Pra matar a minha mulher minha proposta vai lhe agradar, ai
O Costinha montou a cavalo e tocou lá pra Fortunata
Conversando com Ana Rosa diz que era um tropeiro da zona da mata
Meu patrão lhe mandou uma proposta diz que leva e nunca lhe maltrata
Seu marido anda a sua procura jurou que encontrando ele te mata, ai
Ana Rosa montou na garupa e o cavalo saiu galopando
Quando chegou no lava-pé aonde os bandidos já estavam esperando
Quando ela avistou seu marido para todo santo foi chamando
Vou perder minha vida inocente partirei com Deus desse mundo tirano, aiÂ
Derrubaram ela da garupa já fazendo cruel judiação
Foi cortando ela aos pedaços uma preta assistindo a cruel judiação
Foi correr dar parte à autoridade já fizeram a imediata prisão
Hoje lá construÃram uma igreja tem feito milagre pra muitos cristãos, ai
Jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Ninguém agüenta com tamanha carestiaÂ
Os preços sobem todo dia não se pode mais viver
Há muita gente que faz tanta economia
Estão querendo ver se um dia se acostumam sem comer
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Tem um compadre que é bastante ignorante
Quer bancar o importante e é mais burro que um jumento
Pois outro dia foi dizer a certo moço
Macarrão daqueles grosso dava bom encanamento
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Na minha terra tem um tal de Zé Cutia
Pra faze estripulia é pior que o Lampião
Puxa a garrucha a grita que nem um loco
Vai dizendo pros caboclo lá vai fogo nos dedão
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
O Zé Do Tonho que é sobrinho da Maria
E parente da Luzia que é mãe de um primo meu
A sogra dele vem a ser mãe do cunhado
Que era filho do finado Juca Vivo que morreu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha barriga ta fazendo: zum, zum , zum , zum
Da vontade que eu tenho de comer jerimu
Minha Prece
Senhor, Senhor ó Deus poderoso
Já não sou nervoso deixei de chorar
Senhor vim agradecer o pedido que eu fiz
Tornei ser feliz em viver e amar
Tornei ser feliz em viver e amar
Ao perder meu amor eu vagava tão triste e tão só
Procurava um consolo na vida já desiludido
Soluçando de saudade dela eu fui à capela orei ao Senhor
Voltou meu amor Deus de mim teve dó atendeu meu pedido
Soluçando de saudade dela eu fui à capela orei ao Senhor
Voltou meu amor Deus de mim teve dó atendeu meu pedido
Ao perder meu amor eu vagava tão triste e tão só
Procurava um conforto na vida já desiludido
Soluçando de saudade dela eu fui à capela orei ao Senhor
Voltou meu amor Deus de mim teve dó atendeu meu pedido
Soluçando de saudade dela eu fui à capela orei ao Senhor
Voltou meu amor Deus de mim teve dó atendeu meu pedido
Senhor, Senhor ó Deus poderosoÂ
Já não sou nervoso deixei de chorar
Senhor vim agradecer o pedido que eu fiz
Tornei ser feliz em viver e amar
Tornei ser feliz em viver e amar
Geada Do Paraná
Paraná celeiro do café pelo teu glorioso passadoÂ
Aqui vai a mensagem de fé desta viola que chora o teu triste fardo
Sou caboclo que vê com tristeza teu café pela geada queimado
Mas que sabe que tem povo forte nem adianta da morte se vê derrotado
Paraná tens um rico tesouro terra rocha pura amassa pé
Será sempre filão de ouro que fez enxadeiro virar coronel
Aconteça o que acontecer o remédio é enfrentar a maréÂ
Porque sei que tu paranaense se perde ou se vence está sempre de pé
O Nei Braga e o Nelson Mapulan patriotas em leis entendidos
Tu verás um novo amanhã com teus cafezais novamente floridos
Deus é pai e não é padrasto enfrentemos a luta unidos
E o progresso não pode parar temos que levantar o gigante ferido
Paraná vejo em tem semblante que o luto cobriu tuas plagas
Não há mais o café verdejante que o nosso Brasil pelo mundo consagraÂ
Não lastime a sorte irmãos que a tristeza em breve se apagaÂ
Pois já mais ficará abandonado quem tem ao seu lado homem igual a Nei Braga
Catimbau
Tive lendo num romance de um casal de namorado
De Rosinha e Catimbau dois jovens apaixonados
Rosinha famÃlia rica, Catimbau era um coitado
Capataz de uma fazenda, mas trabalhador honrado
Domava burro brabo no laço era respeitado
Um caboclo destemido por todos era admirado, ai
Catimbau encontrou Rosinha lá no alto do espigão
Por se ver os dois sozinhos quis aproveitar da ocasião
Catimbau pediu um beijo Rosinha disse que não
Ela bem tava querendo, mas não deu demonstração
De tanto que ele insistiu ela deu uma decisão
Vamos deixar pra outro dia, ai para as festas de São João, ai
Passaram esses cinco meses chegou o esperado dia
Rosinha tava mais linda com uma flor parecia
A festa tava animada todos com grande alegria
Quando o pai de Rosa veio perguntando quem queria
Mostrar ciência no laço pra laçar o boi Ventania
E os vaqueiros amedrontados, ai todos eles se escondiam
Chamaram então Catimbau, mas ele não atendeu
Rosinha disse meu bem vai fazer um pedido meu
Catimbau é corajoso, mas nessa hora tremeu
Depois de um sorriso amargo pra Rosinha respondeu
Eu vou laçar esse touro pra te mostrar quem sou eu
Mas depois eu quero o beijo, ai que você me prometeu, ai
Catimbau mais que depressa no seu bragado montou
Chegou a espora no macho e a laçada ele aprontou
A laçada foi certeira que o povo se admirou
Catimbau foi infeliz o bragado se atrapalhou
O laço fez uma volta no seu pescoço enrolou
Com o pialo que o boi deu sua cabeça decepou
Trouxeram a cabeça dele Rosinha nela pegou
Chorando desesperada deste jeito falou
Catimbau prometi um beijo receba agora eu te dou, ai
Na boca do seu amado tristemente ela beijo
Esta é fim de uma história dando prova que se amou
Rosinha e Catimbau, ai que a morte separou
Punhal De Falsidade
Deixe esta mulher cheia de anéis
Junto com seus coronéis em delÃrio a beber
Deixe que ela erga sua taça
Em saúde da desgraça que arruinou o meu viver
Deixe que ela siga vida louca
Beijando de boca em boca, tudo isso terá fim
Eu, que lhe dei um amor puro, hei de vê-la no futuro
Pagar o que fez pra mim
Eu quero vê-la chorar de saudades
Lembrar os tempos em que foi tão feliz
Quando o punhal de sua falsidade
Deixou em minha alma essa cicatriz
Viro-lhe o rosto e pelas madrugadas
Eu seguirei com a dor que me consome
Tal qual um boêmio sem rumo e sem nada
Pela traição de uma mulher sem nome
Prece De Amor
Senhor todo poderoso atenda meu pedido
Tenho sofrido sem meu grande amor faz ela voltar
Sem ela juntinho de mim eu não sei viver
Somente ela me trás o prazer em viver e amar
Minha esperança em cruel desengano se transformou
Triste e ansioso espero por ela e ela não vem
Por isso em preces eu rogo e imploro ao meu senhor
Morrerei de dor se encontrar meu bem nos braços de alguém
Ondas De Amor
Deus lá no céu mande pra mim uma estrela
Uma estrela pra guiar a minha vida
Mande paciência e forças para lutarÂ
Pra um marinheiro que está nas ondas do mar
No mar de amor não me deixe eu naufragarÂ
Ondas que batem forte no meu coração
Ondas de amor que vem de outro lugar
Este meu peito que já sofreu sem guarida
Hoje pertence à companheira do meu lar
Daquele amor que eu levei aos pés do altar
Tantas mulheres vem cruzarem ao meu caminho
Pra boêmia eu não posso mais voltar
As mariposas com os seus falsos carinhos
Está procurando é destruir o meu lar
Meu coração pra duas não posso dar
Fujo De Ti
Que tristeza eu sinto agora em minha vida
Vendo tua boca unida assim em outra boca
Ao ver teu corpo segura assim por outros braços
Fujo de ti porque o ciúme é meu fracasso
Tu me deixaste por um alguém que não te ama
E este alguém vive contigo pensando em outra
Ai que loucura ver teu corpo em outros braços
Ai que tristeza ver tua boca em outra boca
Mas se quiseres voltar pra mim ainda te quero
Somente tu que noite e dia eu te espera
Mas se quiseres voltar pra mim ainda te quero
Somente tu que noite e dia eu te espera
Músicas do álbum Linha De Frente (CHANTECLER CH 3066) - (1964)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
O Mineiro E O Italiano | Teddy Vieira / Nelson Gomes | Moda De Viola |
Porta Fechada | Tião Carreiro / Moacyr Dos Santos | Querumana |
Quem Ama Não Esquece | Tião Carreiro / Carreirinho | Valsa |
Linha De Frente | Lourival Dos Santos / Edgard De Souza | Pagode |
Cantar Da Seriema | Zacarias Mourão / Nhô Victor / Nizio | Polca |
Ana Rosa | Tião Carreiro / Carreirinho | Lundu |
Jerimu | Arlindo Pinto | Embolada |
Minha Prece | Pardinho / Edgard De Souza | Querumana |
Geada Do Paraná | Teddy Vieira | Chula |
Catimbau | Carreirinho / Teddy Vieira | Moda De Viola |
Punhal De Falsidade | Teddy Vieira / Zé Carreiro | Balanço |
Prece De Amor | Sebastião Victor / Pardinho | Rasqueado |
Ondas De Amor | Pacheco | Cururu |
Fujo De Ti | Waldik Soriano / Jorge Gonçalves | Rasqueado |