Tavares E Zé Negrão (1977) (RCA-CAMDEN 1060086) - (1977) - Tavares e Zé Negrão
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Meu Grande Amor
O amorzinho que eu tenho agora é um lindo botão de flor
A distância que existe entre nós faz de mim um triste sonhador
Com você sonho todos os momentos dos sue lábios eu sinto calor
Ai, ai, ai meu bem parece que sinto doente quando estou ausente do seu amor
Venha acalmar minha dor venha meu grande amor
Teus olhos pretos morena me puseram nesta prisão
Se tivesse você ao meu lado terminava minha solidão
De joelho em frente ao altar quero por em sua mão
Ai, ai, ai meu bem um anel de ouro fino que o Divino vai por a benção
Venha pra nossa união venha pro meu coração
Oito Ou Oitenta
Meu amor por ti é grande, mas você é pirracenta
Se passa perto de mim nem se quer me cumprimenta
Essas briguinhas de amor você sempre me apresenta
Mas ainda vai ser minha comigo é oito ou oitenta
Nosso amor não é impossÃvel com a sorte a gente tenta
Quem quer apanhar a rosa até o espinho enfrenta
Só o tempo pode matar essa dor que me atormenta
Mas você tem que ser minha comigo é oito ou oitenta
Vou ganhar seu coração voz de quem ama sustenta
Quem ama como eu te amo qualquer tranco ele aguenta
Quanto mais eu te procuro mais de mim você ausenta
Mesmo assim tem que ser minha comigo é oito ou oitenta
O amor é tão sublime é gostoso quando aumenta
Vivendo dessa maneira meu coração não aguenta
Quero você ao meu lado mesmo sendo ciumenta
Por isso tem que ser minha comigo é oito ou oitenta
Rascunho Da Vida
Oh morena te escrevo esta carta não é que isto parta de uma saudade
Mas é só pra dizer o que sinto eu juro e não minto aqui vai a verdade
Me desculpe a minha franqueza só pensa em riqueza só ama o dinheiro
Seu orgulho nem o sol encobre deixou por ser pobre um amor verdadeiro
Te comparo oh tirana ingrata com as flores da mata dias de verão
Que o cuitelo beija e vai-se embora vem o sol descora depois cai no chão
Na manhã brota cheia de orvalho formosa no galho outra linda flor
Vem surgindo com novo perfume você tem ciúme e chora de dor
Foi maldosa coração de pedra a mesma moeda você mereceu
Desprezou que lhe queria tanto seus doces encantos pra mim já morreu
Hoje tenho dinheiro no cofre você hoje sofre o destino assim quis
Muito caro pagou o que fez e perdeu sua vez de ser muito feliz
Macaco Velho
Na escola desse mundo eu não sou nenhum letrado
Mas invento moda boa e faço qualquer ditado
Sou igual macaco velho nunca dá o pulo errado
Por isso não vou em festa quando não sou convidado
Na moita que tem jacu o inhambu passa e não pia
Quem não sabe fazer moda não se meta na porfia
Quem é bom já nasce feito meu avô sempre dizia
Que o rato nunca faz festa no lugar que gato mia
O empregado e o patrão têm o mesmo compromisso
Quem trabalha quer dinheiro e quem paga quer serviço
Quem quiser viver em paz procure evitar enguiço
Quem tem Deus no coração não tem medo de feitiço
Comigo não tem distância nem buraco no caminho
Vou além do fim do mundo se me chama com carinho
Pra evitar desavença nós cantamos direitinho
Mas eu não atiro pedra no telha do vizinho
Eu hoje durmo na cama, mas já dormi em jirau
Araruta também o seu dia de mingauÂ
Quem despreza o semelhante além de arrogante é mal
Rico que desfaz de pobre merece apanhar de pau
Castigo Dobrado
No tempo da escravidão um fazendeiro malvado
Tinha na sua fazenda muitos pretos escravizados
Trabalhando na mangueira na dura lida de gado
No serviço do terreiro nas lavouras e roçados
Era um bando de animais nada menos, nada mais por ele considerado
Morava numa senzala e dormia pelo chão
Era tratados no cocho como era as criação
Uma preta cozinheira que morava no porão
Apanhava todo dia da sinhá e do patrão
Era uma escrava gestante judiada morreu antes de no filho por benção
Depois que a preta morreu disse a cruel criatura
Com ela vou estercar minhas terras de cultura
Enterre lá no quintal num lugar de terra duraÂ
E plante um pé de laranja em cima da sepultura
Dessa nova laranjeira quero provar a primeira quando estiver madura
Aquela planta cresceu muitos frutos produziu
Quando estava madura uma laranja pediu
Com orgulho descascou e na boca comprimiu
E da fruta fez de suco muito sangue ele engoliu
Querendo pedir perdão ajoelhou-se ali no chão mas a fala não saiu
E da li se levantou numa grande tremedeira
Lá pra sede da fazenda ele saiu na carreira
Sem comer e sem dormir passou a semana inteira
O silêncio que havia transformou-se em barulheira
Ele foi bem castigado morreu logo enforcado num galho da laranjeira
Peito Ferido
Eu peguei na viola de pinho lavradoÂ
E fiz esses versos muito bem rimado
Escrevi gemendo eu estava agitado
De uns tampos pra cá eu só tenho penado
Eu deito e não durmo e sonho acordado
Do meu sofrimento alguém é culpado
Oh tirana ingrata se você soubesse
Um peito ferido quanto que padece
O coração bate e o peito estremeceÂ
O amor também mata e vós não reconhece
Quando o dia finda o sol desaparece
Lembro seu semblante água dos olhos descem
Nem na minha viola eu não me consolo
Fico aborrecido aqui onde eu moro
Vejo o teu retrato e de tristeza choro
Pra você voltar eu peço e imploro
Sinto grande dor e nunca melhoro
Por eu ser desprezado por que eu adoro
Quando amanhece lá no meu sertão
A maior angústia é a solidão
Porque meu amor tanta ingratidão
A dor que eu sinto é sem comparação
Se arrepender me peça perdão
Que ainda é seu o meu coração
Minha Bahia
Bahia minha Bahia, é terra de boa gente
Seu passado está na história seu futuro está presente
Bahia de Salvador seu progresso é crescente
Foi dali que o Brasil germinou sua semente
É a capital mais velha do mais velha do mais novo continente
Bahia eu sinto saudade quero voltar brevemente
Ver os baianos cantar improvisando no repente
Dá medo da gente ver dois baianos frente a frente
Dois facão batendo aço soltando faÃsca quente
Dentro da sua razão os baianos são valentes
Bahia minha homenagem apesar de estar ausente
Fiz os versos com carinho pra lhe mandar de presente
Seu passado e sua glória conheço perfeitamente
Que vocês estão sentindo todos brasileiros sente
A Bahia foi o berço do homem mais inteligente
O Mundo Me Enganou
Quando eu nasci no mundo logo eu fui batizado
No cartório da cidade eu também fui registrado
Com dez anos de idade pelo visto fui crismado
E entrei para a escola para um dia ser formado
O desejo de meu pai era me ver estudado
Talvez pra ser um juiz ou então advogado
Ou mesmo um engenheiro, mas que fosse afamado
Queria ver num diploma o seu sonho realizado
Em doutor o meu dever era os doentes salvar
Enquanto advogado tinhas as causas pra ganhar
E se fosse um engenheiro olharia as construções
E nos banco da cidade teria muitos milhões
Mas o destino matou toda a sua ilusão
O diploma que tirei foi de primeiro ladrão
Quem pensou em ser juiz entre as autoridades
Hoje tem como morada a cadeia da cidade
E nesta hora tão triste que um sonho se acabou
É que lembro do meu pai que tanto me aconselhou
Que isso sirva de exemplo tudo que passando estou
Eu quis enganar o mundo, mas o mundo me enganou
Eu quis enganar o mundo, mas o mundo me enganou
Conselho De Amigo
Por várias vezes te encontro meu amigo
Neste ambiente de pessoas fracassadas
Enquanto isso tua esposa te espera
Casou contigo esperando ser honrada
Para fazer uma mulher ser mais feliz
É importante a companhia do seu bem
Fique sabendo não é só casa e comida
É de carinho que a mulher vive também
Meu bom amigo por agir dessa maneira
Eu assisti meu doce lar ser destruÃdo
Pois a mulher pra ser honesta e ordeira
Depende muito dos bons atos do marido
Não leve a mal por eu te dar este conselho
Enquanto é cedo que amanhã talvez é tarde
Diante de ti eu me coloco como espelho
Pra que receba o conselho de um covarde
O casamento não é só simples convÃvio
Pelo motivo de assinarmos os papéis
Volte pra casa abraçar a tua esposa
Peça perdão e depois beije seus pés
Meu bom amigo por agir dessa maneira
Eu assisti meu doce lar ser destruÃdo
Pois a mulher pra ser honesta e ordeira
Depende muito dos bons atos do marido
Bate Bate
A maré que vem subindo bate na areia da praia
Vento bate na roseira se bate forte desgalha
Eu gosto de ver o vento batendo na sua saia
Meu cavalo corredor bate o casco lá na raia
Quem não quer bater no burro vai batendo na cangalha
O sol bate na vidraça só nos dias de verão
Catireiro quando dança bate os pés e bate as mãos
A porteira do caminho bate-bate no mourão
Martelo bate no prego e a chuva bate no chão
Aqui dentro do meu peito bate-bate coração
Meu amor também me bate, mas não bate com maldade
Só me bate com carinho rebatendo a saudade
Coração batendo junto bate com felicidade
Batida de amor não dói confirmo que é verdade
Se me bate por amor pode bater a vontade
Beija-flor batendo asa beijou a flor amarela
Saudade bateu no peito por causa de uma donzela
Coração bate feliz batendo juntinho dela
Eu juro que hoje mesmo vou bater na casa dela
Se eu chegar de madrugada bato forte na janela
Velho Carro
Meu velho carro de boi encostado na varanda
Já está tão esquecido de tão velho já nem anda
Aquele cantar bonito que muita saudade traz
Seus cocões emudeceram e hoje não cantam mais
Meu velho carro de boi como ficou estragado
Os bois carreiros morreram te deixaram abandonado
Naquela estrada deserta aonde há tempo passouÂ
Ainda ontem estive vendo o seu rasto que ficou
Meu velho carro de boi o tempo lhe envelheceuÂ
Sua estória é muito triste seu passado é igual ao meu
Sempre foi na minha lida o meu grande companheiro
Que hoje está desprezado neste canto do terreiro
Meu velho carro de boi este mundo é mesmo assim
Alguém que eu tanto queria não se lembra mais de mim
Ao me ver envelhecido me deixou na solidão
São iguais nossos destinos neste mundo de ilusão
Minha Farda
Declarei amor sincero a quem fui apaixonado
A quem tanto eu queria para viver ao meu lado
Ela então me respondeu com seu jeito delicado
Se me atender um pedido será então meu namorado
A garota assim me disse sei que de mim você gosta
Contigo eu me casarei se aceitar minha proposta
Quero que deixe esta farda e o fuzil que tem nas costas
E se eu for atendida é sim a minha resposta
Olhando as lindas flores desta terra varonil
Eu prestei um juramento fez um ano em abril
Eu jurei para a bandeira defender o meu Brasil
Minha farda é meu orgulho não desprezo meu fuzil
Você é uma estudante uma jovem inteligente
Conhece bem nossa história deve estar também ciente
Que a farda e o fuzil e o soldado valente
Libertaram nossa pátria e nos fez independentes
Ficarei com minha farda e o meu fuzil pesado
Você procure um civil, reservista ou dispensado
Mas é bom que não se esqueça que o orgulho é pecado
Um dia vai se casar pode ser mãe de um soldado
Músicas do álbum Tavares E Zé Negrão (1977) (RCA-CAMDEN 1060086) - (1977)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Meu Grande Amor | Santin Augustinho da Silva / Tavares | Rasqueado |
Oito Ou Oitenta | Santin Augustinho da Silva / Wagnésio | Pagode |
Rascunho Da Vida | Santin Augustinho da Silva / Ricieri | Rasqueado |
Macaco Velho | Ari Guardião / Zé Batuta | Chibata |
Castigo Dobrado | Joaquim Moreira | Moda De Viola |
Peito Ferido | Valito / Waldemar Bia | Moda De Viola |
Minha Bahia | Zé do Rancho / Zé Negrão | Cururu |
O Mundo Me Enganou | Alzira Ambrozio / Wagnésio | Rasqueado |
Conselho De Amigo | Geraldinho | Bolero |
Bate Bate | Lourival dos Santos / Zé Batuta | Rojão |
Velho Carro | Zé Do Rancho | Cateretê |
Minha Farda | Joaquim Moreira | Moda De Viola |