Pedro Bento E Zé Da Estrada E Amigos (ATRACAO ATR 21550) - (2004) - Pedro Bento e Zé Da Estrada
Mágoa De Boiadeiro
Antigamente nem em sonho existia, tantas pontes sobre os rios nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinueiros pra trazer os pantaneiros no rodeio da boiada
Mas hoje em dia tudo é muito diferente com progresso nossa gente nem se quer faz uma ideia
Quem entre outros fui peão de boiadeiro por este chão brasileiro os heróis da epopeia
Tenho saudade de rever nas corruptelas as mocinhas na janela acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor
Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração
E quando olho minha tralha pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão
O meu cavalo relinchando pasto afora e por certo também chora na mais triste solidão
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga, uma bruaca de carga, o berrante e um facão
O velho basto, o sinete e o apeiro, o meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão
Não sou poeta sou apenas um caipira e o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando imbuído nesta mágoa rabisquei estas palavras e saiu esta canção
Canção que fala da saudade das pousadas que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir o som manhoso de um berrante preguiçoso nos confins do meu sertão
Dama De Vermelho
Garçom olhe pelo espelho a dama de vermelho que vai se levantar
Note que até a orquestra fica toda em festa quando ela sai pra dançar
Essa dama já me pertenceu e eu fui o culpado da separação
Hoje eu morro de ciúmes, ciúmes do perfume que ela deixa no salão
Garçom amigo apague a luz da minha mesa
Eu não quero que ela note em mim tanta tristeza
Abra mais uma garrafa hoje eu vou embriagar
Quero dormir para não ver outro homem lhe abraçar
Coração De Pedra
Porque choras mulher tanto assim
Se está na vida que queria
Passa as noites fumando e bebendo
E trocando amor todo dia
És bonita, formosa e tão bela
É a rainha que está no salão
Mas tua alma é feia e escura
É de pedra o teu coração
O teu coração é de pedra
Não tem nem um pouquinho de amor
Tuas juras é só falsidade
Os teus beijos são enganador
Quis te dar uma vida sincera
Não quiseste me acreditar
Preferindo as noites de orgia
Desprezando o modesto lar
Tua vida é de mão em mão
Todos querem teu corpo abraçar
Pra matares seus loucos desejos
Também querem seus lábios beijar
Não esqueça que a tua beleza
Muito breve a orgia dá fim
Os boêmios te desprezarão
Findarás tua vida assim
Também querem seus lábios beijar
Não esqueça que a tua beleza
Muito breve a orgia dá fim
Os boêmios te desprezarão
Findarás tua vida assim
Flor Da Lama
Venho agora dizer adeus aos meus amigos
Eu já não posso mais viver neste lugar
Porque a mulher que viveu sempre comigo
Manchou meu nome e na lama foi morar
O nosso lar que era um ninho de amor
Hoje é um recanto que só existe a solidão
E na lama nasceu uma nova flor
Para enfeitar o ambiente da perdição
E sozinho no silêncio do meu quarto
Quantas noites amanheço acordado
Sempre olhando na parede o teu retrato
Relembrando quando estava a meu lado
Sinto a mágoa destruir minha existência
Tenho vergonha de saber onde ela mora
Não podendo suportar a sua ausência
Soluçando de saudade eu vou embora
Tarde da noite, quando apaga a luz da lua
E os boêmios, passam em frente a minha janela
Sobre meu leito, sozinho escuto uma voz na rua
Que vem passando e vem falando o nome dela
Ladrão De Beijos
Vem aos meus braços minha querida
Vem aquecer-me com teu calor
Tu és meu sonho, és minha vida
Eu quero ser o teu grande amor
Não sejas doída me segurando
Deixe meus braços te abraçar
Porque minh'alma fica chorando
Se os teus lábios eu não beijar
Quero sentir os teus lábios quentes
Para matar meu febril desejo
Estou cansado de ser somente
Em tua vida um ladrão de beijos
Bem sei querida estou errado
Se os teus beijos vivo a roubar
De nossas brigas, eu sou culpado
Mas eu nasci para te adorar
Quero ser dono dos teus abraços
Não fujas nunca dos braços meus
A minha vida será um fracasso
Se eu ficar sem os beijos teus
Quero sentir os teus lábios quentes
Para matar o meu febril desejo
Estou cansado de ser somente
Em tua vida um ladrão de beijos
Boiada
Boiada triste, boiada na estrada cheia de pó
Boiada o meu coração também caminha tão só
Levando junto a saudade velha esperança guardada
Vai carregando a tristeza a passo lento na estrada
Saí de casa menino deixei chorando meus pais
Cresci no mundo sozinho e não voltei nunca mais
A irmã deve estar casada, a mãe que nunca me esquece
Meu pai de certo está velho, o irmão já nem me conhece
A lua me beija o rosto sereno me faz carinho
O vento faz serenata aonde eu durmo sozinho
As estrelas são meus guardas posso dormir sossegado
E quando elas vão-se embora o sol vem juntar meu gado
Muitas vezes na despedida eu tenho que disfarçar
Quando uma lágrima rola caindo do meu olhar
A poeira vai levantando no céu formando um letreiro
Se espalhar em letra de pó lembrança de um boiadeiro
Ternura Dos Teus Beijos
Me desprezar, me magoar
É teu maior prazer eu sei
Mas mesmo sendo desprezado
De te amar não deixarei
Tenho esperança
Que um dia tu irás me compreender
De tudo isso que me faz
Um dia irá se arrepender
Teu coração aventureiro algum dia cansará
Amor sincero Igual ao meu tu nunca mais encontrará
Pois sempre te amei e meu maior desejo
E te beijar e adormecer com a ternura dos teus beijos
Seresteiro Da Lua
Abre a janela querida
Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata
Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Que tu amas, de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor
Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre meu caminho
E o sereno nas folhas das matas
Com o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora do teu coração
Como as nuvens que passam depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca te esqueça
Tudo aquilo que você jurou
E quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver
Casa Vazia
Não vá embora fique aqui comigo
Porque a noite está frio a casa vazia terás um abrigo
Esta noite eu quisera meu desejo matar
Enlaçado em teu braço beijando teus lábios dormir e sonhar
Se eu pudesse se eu tivesse um poder
Eu parava o tempo e não deixava amanhecer
Mataria o desejo que meu coração sente
Estaria contigo eternamente
Os Três Boiadeiros
Viajando nas estradas Zé Rolha na frente
Tocando o berrante, chamando a boiada
E Chiquinho, sempre do lado, distraindo o gado
Tomando cuidado nas encruzilhadas
E nós três vivia tocando a boiada
E nós três vivia tocando a boiada
Mas um dia na invernada, deu uma trovoada
E numa derriçada o gado estourou
Nesse dia morreu Zé Rolha, caiu do cavalo
Foi dentro do valo e a boiada pisou
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada
Num domingo de rodeio Chiquinho bebeu
E não me obedeceu pulou no picadeiro
Num relance atirei na rez a vaca tremeu
Mas no pulo que deu matou meu companheiro
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Viajando nas estradas, não toco o berrante
Nem vejo lá adiante meus dois companheiros
Deste trio ficou a saudade em toda cidade
O povo pergunta dos três boiadeiros
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Herói Sem Medalha
Sou filho do interior do grande estado mineiro
Fui um herói sem medalha na profissão de carreiro
Puxando tora do mato com doze bois pantaneiros
Eu ajudei desbravar nosso sertão brasileiro
Sem vaidade eu confesso do nosso imenso progresso eu fui um dos pioneiros
Vejam como o destino muda a vida de um homem
Uma doença malvada minha boiada consome
Só ficou um boi mestiço que chamava lobisomem
Por ser preto igual carvão foi que eu lhe pus esse nome
Em pouco tempo depois eu vendi aquele boi pros filhos não passar fome
Aborrecido com a sorte dali resolvi mudar
E numa cidade grande com a família fui morar
Por eu ser analfabeto tive que me sujeitar
Trabalhar num matadouro para o pão poder ganhar
Como eu era um homem forte nuqueava o gado de corte pros companheiros sangrar
Veja só a nossa vida como muda de repente
Eu que às vezes chorava quando um boi ficava doente
Ali eu era obrigado matar a rês inocente
Mas certo dia o destino me transformou novamente
Um boi da cor de carvão pra morrer na minha mão estava na minha frente
Quando vi meu boi carreiro não contive a emoção
Os olhos encheram d’água meu pranto caiu no chão
O boi me reconheceu e lambeu a minha mão
Sem poder salvar a vida do boi de estimação
Pedi a conta e fui embora desisti na mesma hora desta ingrata profissão
O Amor E A Rosa
Aquela rosa que tu me destes com carinho plantei
Em poucos dias ela plantou pensando em ti eu chorei
O meu amor pela roseira é igualzinho ao teu
Todas tardinhas ela eu regava lindos botões floresceu
A primavera foi se acabando e a roseira secou
E tu também me esqueceu com outro homem casou
Triste chorando vejo a roseira só teus espinhos ficou
Malvado espinho que em meu peito cravou
Mineira De Uberaba
Hoje eu lembro com saudade do meu tempo de solteiro
Fui buscar uma boiada no grande estado mineiro
Eu cheguei em Pouso Alegre dia três de fevereiro
Lá eu vi uma morena perdição de um boiadeiro
Ele disse que é mineira e nasceu em Uberaba
Se criou no campo afora lidando nas invernadas
Ela monta em burro bravo alegre dando risada
Pra pegar mestiço arisco nunca perdeu a laçada
Eu fui buscar uma vacada e o povo se admirou
Escapou uma vaca preta e a mineira acompanhou
A laçada bem certa, mas o laço arrebentou
Ela pegou a vaca a unha e sozinha derrubou
Eu convidei a morena pra ser minha companheira
Ela então me respondeu vivo muito bem solteira
Por dinheiro eu não me vendo eu também sou fazendeira
Se eu trabalho pra mostrar o valor de uma mineira
Ela fez a despedida foi numa segunda feira
Despediu e foi se embora numa besta marchadeira
Eu fiquei com a saudade da morena boiadeira
Nunca mais eu pude ver aquela linda mineira
Paraguaia
Paraguaia, amanhã eu vou partir
Na despedida eu te peço pra não chorar
Só peço a Deus pra na viagem eu ser feliz
Que algum dia voltarei pra te buscar
Amanhã mesmo eu deixarei esta cidade
O teu retrato eu levarei em minhas mãos
Lá bem distante sei que vou senti saudade
E a tua imagem fez crescer minha paixão
Vou-me embora pra rever meu velho amigo
Já não suporto a saudade de meu pai
Meu coração eu deixarei aqui contigo
Porque eu sei que não esqueço nunca mais
E o dia em que chegar em meu rincão
A meus pais eu vou contar do nosso amor
Se Deus quiser, breve será nossa união
E a teu lado findará a minha dor
Dama De Branco
Garçom sirva aqui mais uma dose
Hoje eu quero afogar minha paixão
Aquela dama que passou toda de branco
Já foi a dona do meu pobre coração
Resolveu a se casar com outro
Trocando meu amor pelo dinheiro
Só me resta apenas uma lembrança
Que dos seus beijos eu fui o primeiro herdeiro
Tenho pena de quem vai casar com ela
Peço a Deus pra ser feliz até o fim
Ela jurou de me amar eternamente
Com certeza vai casar pensando em mim
Castelo De Sonhos
Eu hoje estive pensando no que eu posso fazer
Para você perceber o amor que eu tenho em você
Eu já gostei muitas vezes até brinquei com o amor
Hoje eu não quero mais nada eu vivo só para amar você
No meu castelo de sonho você é a rainha
No meu céu sem estrelas você vive a bailar
Eu te amo meu bem mais que a minha vida
Já não posso viver sem teu olhar
Eu sempre vejo em sonhos aquele seu lindo olhar
Para a saudade em meu peito poder então se afastar
Mas quando acordo a tristeza volta comigo a morar
Vivendo sem teus carinhos a minha vida é chorar meu bem
No meu castelo de sonho você é a rainha
No meu céu sem estrelas você vive a bailar
Eu te amo meu bem mais que a minha vida
Já não posso viver sem teu olhar
A minha estrada sem flores na solidão dos meus dias
A vida sem alegria parece até terminar
O dia passa e a noite chega pra mim a chorar
Eu sem você não existo e vou gritando a cantar meu bem
No meu castelo de sonho você é a rainha
No meu céu sem estrelas você vive a bailar
Eu te amo meu bem mais que a minha vida
Já não posso viver sem teu olhar
Carta Do Pracinha
Na guerra, naquelas fortes metralhas, na encarniçada batalha muitos homens vão tombando
E é nesta mesma guerra bem longe de sua terra que um pracinha está lutando
E no campo de perigo não temia os inimigos o pracinha ia avançando
Ao passar de uma trincheira uma bala certeira atinge o pobre pracinha
Que caído no capim compreende que é seu fim e lembra de sua mãezinha
Com fervor e muita fé num pedaço de papel foi escrevendo essas linhas
Todas as cartas até agora que eu escrevi pra senhora levou somente alegria
Ao lhe escrever que beleza não pensava que a tristeza lhe magoasse um certo dia
Mas veja só minha sorte eu vim encontrar com a morte não tenho mais serventia
Se mãezinha estou deitado por uma bala varado eu sei que me vou agora
Mas com meu amor profundo não quero ir pro outro mundo sem despedir da senhora
Vai meu último abraço por causa de um balaço deste mundo eu vou embora
Minha mão está a tremer não posso mais escrever adeus minha mãe querida
Aqui será meu enterro perdoai todos meus erros se eu a magoei na vida
Os meus colegas me chamam minhas lágrimas derramam é a minha despedida
Vejo um caminho estreitinho todo cercado de espinho parece o raiar da aurora
Vejo uma nuvem e um véu se eu chegar até no céu bem lá no reino da glória
Pedirei neste segundo um lugar pras mães do mundo junto com Nossa Senhora
Taça Da Dor
Muitas mulheres me querem
Mas não adianta, somente uma que eu amo na vida
Mas o destino roubou meu amor
Por isso hoje me entrego à bebida
Ela vive nos braços de outro
Fazendo carinhos, trocando juras e beijos de amor
Ainda sorri por me ver sofrendo
Sozinho nos bares bebendo
Na taça negra da dor
Nem assim eu consigo esquecê-la
Um momento se quer
Porque na taça eu vejo
A imagem daquela mulher
Msicas do lbum Pedro Bento E Zé Da Estrada E Amigos (ATRACAO ATR 21550) - (2004)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Mágoa De Boiadeiro | Nonô Basílio / Índio Vago | Toada |
Dama De Vermelho | Jeca Mineiro / Ado Benatti | Bolero |
Coração De Pedra | Edu | Rancheira |
Flor Da Lama | Paiozinho / Benedito Seviero | Huapango |
Ladrão De Beijos | Nelson Gomes / Pedro Bento | Rancheira |
Boiada | Zé Paioça | Toada |
Ternura Dos Teus Beijos | Luiz De Castro / Pedro Bento | Rumba |
Seresteiro Da Lua | Pedro Bento / Zé Da Estrada / José Raia | Rancheira |
Casa Vazia | Luiz De Castro / Pedro Bento | Bolero |
Os Três Boiadeiros | Anacleto Rosas Júnior | Rancheira |
Herói Sem Medalha | Sulino | Moda De Viola |
O Amor E A Rosa | Sérgio Velasquez - Versão: Pedro Bento | Rancheira |
Mineira De Uberaba | Paiozinho / Zé Tapera | Pagode |
Paraguaia | Pedro Bento / Sertãozinho | Guarânia |
Dama De Branco | Zé Matão / Wanderlei Martin | Bolero |
Castelo De Sonhos | Walter Basso / Zé Maria | Balanço |
Carta Do Pracinha | Capueira / Zé Paioça | Toada |
Taça Da Dor | Benedito Seviero / Nízio | Rancheira |