O Progresso Do Brasil - (1964) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Progresso Do Brasil
O Brasil este país querido
Com o progresso muito tem lutado
Mas os homens estão esquecidos
No seu egoísmo estão adiantados

O valor que tem nosso dinheiro
Eu me sinto até envergonhado
Comparando com o estrangeiro
O nosso cruzeiro está derrotado

Os produtos que vem lá de fora
Entre nós são os mais procurados
Todos já sabem que a toda hora
Pela inflação estamos dominados

Nós precisamos mudar de sistema
Exportando e não sendo importado
Se progresso é o nosso lema
Vamos confirmar o que temos falado

O Brasil é o rei do café
Nosso ouro verde está bem cotado
No futebol nós temos Pelé
O craque perfeito sempre cobiçado

O Eder Jofre campeão de raça
No mundo inteiro está consagrado
Por conquistar todos troféus e taça
De Galo de Ouro foi apelidado

Se é verdade que o petróleo é nosso
Temos açúcar, borracha e gado
Outra vitória que citar eu posso
Também no cinema fomos laureado

E terminando quero esclarecer
Aos brasileiros de todos estado
Se cada um cumprir com seu dever
O nosso Brasil será admirado

O Peão Que Montou No Diabo
Foi num circo de rodeio que eu vi no interior
Um burro preto enjeitado era o rei do pulador
Apareceu um peão dizendo na vida eu não tenho amor
Quero montar nesse burro e mostrar o meu valor
O dono fez esse aviso eu não responsabilizo pela vida do senhor

Pra montar em burro brabo não preciso de oração
Minha espora é sangradeira, é a minha proteção
O rapaz montou no burro, mudou até de feição
O burro pulou dobrado, rodopiou igual um cão
Eu vi o rapaz no solo e o burro feito monjolo pisando em cima do peão

O povo saltou na arena, foi a sua salvação
O rapaz era descrente, nunca teve religião
Lembrou que existia Deus só na hora de aflição
Olhando firme pro céu ele jurou de coração
Se Deus ainda me salvar nunca mais hei de montar no lombo de um pagão

Depois que tava curado assim dizia o rapaz
Pra mim não existe Deus, o homem faz e desfaz
Vou quebrar minha promessa, não posso perder o cartaz
Vou montar em qualquer burro até de cara pra trás
No torneio que vai vim se não tiver burro pra mim monta até no satanás

Cinco burro e cinco peão, tava formado o torneio
Ele viu um burro à mais, tinha sete palmo e meio
Prepare esse pra mim vou cortar ele de reio
Quando ele montou no burro o bicho ficou vermelho
Sumiu dali numa explosão e o rapaz morreu no chão sentado em cima do arreio

Carta Do Pracinha
Na guerra, naquelas fortes metralhas, na encarniçada batalha muitos homens vão tombando
E é nesta mesma guerra bem longe de sua terra que um pracinha está lutando
E no campo de perigo não temia os inimigos o pracinha ia avançando
Ao passar de uma trincheira uma bala certeira atinge o pobre pracinha
Que caído no capim compreende que é seu fim e lembra de sua mãezinha
Com fervor e muita fé num pedaço de papel foi escrevendo essas linhas

Todas as cartas até agora que eu escrevi pra senhora levou somente alegria
Ao lhe escrever que beleza não pensava que a tristeza lhe magoasse um certo dia
Mas veja só minha sorte eu vim encontrar com a morte não tenho mais serventia

Se mãezinha estou deitado por uma bala varado eu sei que me vou agora
Mas com meu amor profundo não quero ir pro outro mundo sem despedir da senhora
Vai meu último abraço por causa de um balaço deste mundo eu vou embora

Minha mão está a tremer não posso mais escrever adeus minha mãe querida
Aqui será meu enterro perdoai todos meus erros se eu a magoei na vida
Os meus colegas me chamam minhas lágrimas derramam é a minha despedida

Vejo um caminho estreitinho todo cercado de espinho parece o raiar da aurora
Vejo uma nuvem e um véu se eu chegar até no céu bem lá no reino da glória
Pedirei neste segundo um lugar pras mães do mundo junto com Nossa Senhora

João Bobo
Conheci numa cidade há muitos anos passados 
Um bobo que andava rindo o pobre era retardado
A molecada vadia não dava paz pro coitado
Por mais que dele judiasse nunca ficava zangado
Mas nem sempre um demente tem os nervos controlados
Vinte anos de chacota suportou no povoado

Por quarto estudantes um dia João Bobo foi rodeado
Ameaçaram lhe bater só pra ver ele zangado
João Bobo pegou uma pedra e atirou num dos malvados
O agressor desviou tirando o corpo de lado
A pedra pegou em cheio no filho do delegado
E o pobrezinho morreu dali minutos passados

Aquele bobo foi preso pra mais logo ser julgado
No dia do julgamento foi surpresa dosjurados
Entrou pelo Fórum adentro um mocinho bem trajado
Apresentou pro juiz carteira de advogado
Terminando acusação o réu ficou arrasado
E o juiz deu a palavra ao mocinho advogado

Meritíssimo senhor juiz, digníssimo senhor promotor, senhores jurados
Meritíssimo senhor juiz, digníssimo senhor promotor, senhores jurados
Meritíssimo senhor juiz, digníssimo senhor promotor, senhores jurados

Silêncio o senhor não tem argumentos para defesa do acusado
É neste ponto senhor juiz que eu queria ter chegado
O senhor não tolerou três vezes ser pronunciado
Chamando a sua atenção e dos senhores jurados
Como querem que um pobre demente, que há vinte anos
Vem suportando insultos de toda espécie e nunca ficou zangado
Ouçam a voz da consciência julguem senhores jurados

Foi essa a primeira causa do mocinho advogado
Vitória bem merecida foi por ele foi alcançada
Ai João Bobo foi libertado

Exaltação A Viola
Quem canta seu mal espanta é um ditado que diz
Quem fala mal dos violeiros não sabe onde tem o nariz
Cantando já desafiei muitos caboclos de escola
Nas melodias premiadas tiveram que por a viola

Estive pondo reparo nos festivais que passaram
A viola foi heroína nos braços dos que cantaram
Cantando já desafiei muitos caboclos de escola
Nas melodias premiadas tiveram que por a viola

Nos teatros importantes muitos conjuntos se ouvia
A viola em ponteio com grande soberania
Cantando já desafiei muitos caboclos de escola
Nas melodias premiadas tiveram que por a viola

O ponteio e disparada, cantaram no mundo inteiro
A viola enluarada brilhou até no estrangeiro
Cantando já desafiei muitos caboclos de escola
Nas melodias premiadas tiveram que por a viola

Os Três Boiadeiros
Viajando nas estradas Zé Rolha na frente
Tocando o berrante, chamando a boiada
E Chiquinho, sempre do lado, distraindo o gado
Tomando cuidado nas encruzilhadas
E nós três vivia tocando a boiada
E nós três vivia tocando a boiada

Mas um dia na invernada, deu uma trovoada
E numa derriçada o gado estourou
Nesse dia morreu Zé Rolha, caiu do cavalo
Foi dentro do valo e a boiada pisou
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada

Num domingo de rodeio Chiquinho bebeu
E não me obedeceu pulou no picadeiro
Num relance atirei na rez a vaca tremeu
Mas no pulo que deu matou meu companheiro
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada

Viajando nas estradas, não toco o berrante
Nem vejo lá adiante meus dois companheiros
Deste trio ficou a saudade em toda cidade
O povo pergunta dos três boiadeiros
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada

Seresteiro Da Lua
Abre a janela querida
Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata

Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Que tu amas, de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor

Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre meu caminho

E o sereno nas folhas das matas
Com o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora do teu coração

Como as nuvens que passam depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca te esqueça
Tudo aquilo que você jurou

E quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver

Taça Da Dor
Muitas mulheres me querem
Mas não adianta, somente uma que eu amo na vida
Mas o destino roubou meu amor
Por isso hoje me entrego à bebida

Ela vive nos braços de outro
Fazendo carinhos, trocando juras e beijos de amor
Ainda sorri por me ver sofrendo
Sozinho nos bares bebendo
Na taça negra da dor

Nem assim eu consigo esquecê-la
Um momento se quer
Porque na taça eu vejo
A imagem daquela mulher

Bom Jesus De Pirapora
Mãe nome sagrado que a gente venera e adora
Criatura que mais se ama depois de Nossa Senhora
Vendo minha mãe paralítica sem sinal de melhora
Levei ela confiante ao Bom Jesus de Pirapora

Num velho carro de boi saímos estrada afora
Passando em toda viagem perigo de hora em hora
Dormindo nos matarel, aonde a pintada mora
Mas quem tem fé neste mundo sofre calado e não chora

Com dez dias de viagem sem a esperança a perder
Do alto do espigão ouvi um sino gemer
A mais linda paisagem que nunca hei de esquecer
A matriz de Pirapora nas margens do rio Tietê

Até a porta da igreja o meu carro nos conduz
Levei minha mãe no colo no altar cheio de luz
Ali mesmo ajoelhei fazendo o sinal da cruz
Beijei a imagem sagrada do abençoado Jesus

E a cura milagrosa deu-se ali naquela hora
Minha mãe saiu andando daquela igreja pra fora
Foi o milagre da fé falo por Nossa Senhora
Bendito seja pra sempre Bom Jesus de Pirapora

As Feras Do Saldanha
Vou dar o meu parece sobre as feras do Saldanha
Se atuar bem direitinho tem certeza que nos ganha
Nos gramados mexicanos vamos brilhar a façanha
Mostraremos nossa raça como foi contra a Espanha
Contra a França e a Suécia, contra Rússia e Alemanha

O timão está um colosso vocês mora é uma rasa 
A torcida está confiante é no grande Wilson Piazza 
O Gerson com Jairzinho essa dupla é que arrasa
Não tem Ferrolho no mundo que o nosso Tostão não vaza
Assim o Pelé garante trazer a taça pra casa

Dias, Rildo e Joel atuam com segurança
Carlos Alberto esbanjando o futebol com bonança
O Edu com sua classe faz a turma ir na dança
No compasso do bailado é certo a rede balança
O arqueiro que nós temos garante a nossa esperança

Eu já falei sobre os onze, sobre os onze eu vou falar 
Onze já estão escalados onze estão para escalar 
Juntando onze com onze são vinte e dois titular
Vinte e duas são as feras prontinhas para lutar 
É Brasil, Brasil, Brasil, Brasil, que vai triunfar 

Porto Das Monções
Porto Feliz das Bandeiras tem história e tradição
Dos heróis, dos bandeirantes, do remo e do varejão
Das bugradas e dos escravos dos enormes paredões
Porto Feliz das Bandeiras das canoas e batelão

Canoeiro, canoeiros, bandeirantes do sertão
Porto Feliz das Bandeiras das canoas e batelão

Nas margens do rio Tietê logo após o paredão
Nossa Senhora da penha protegia a povoação
Na sua igreja modesta todo povo em oração
Abençoavam os que seguiam lá pros confins do sertão

Canoeiro, canoeiros, bandeirantes do sertão
Porto Feliz das Bandeiras das canoas e batelão

Eram muitos os que partiam naquela dura jornada
Do Porto até Cuiabá às vezes em busca do nada
Morriam de fome e frio muitas vezes até emboscada
Pelos índios Guaianases quantas vidas eram tiradas

Canoeiro, canoeiros, bandeirantes do sertão
Porto Feliz das Bandeiras das canoas e batelão

Bandeirantes que lutaram desbravando nosso chão
Nos lugares que passavam formando povoação
Ensinando e educando, civilizando o sertão
Foi pioneiro os bandeirantes nessa colonização

Canoeiro, canoeiros, bandeirantes do sertão
Porto Feliz das Bandeiras das canoas e batelão
Das canoas e batelão, das canoas e batelão
Das canoas e batelão, das canoas e batelão

Os Três Beijos
Jesus quando andou no mundo sentiu um posar profundo
Por ver tanta mau querência por tudo que ele sofreu da terra
Só recebeu três beijos por recompensa

O primeiro beijo dado foi do Judas renegado
Beijo de fel e ambição vendendo o filho de Deus
Ao pior dos fariseus deu-lhe o beijo da traição

O segundo beijo dado era o filho do pecado
Mas cheio de sentimento o beijo de Madalena
A pecadora morena beijo do arrependimento 

O terceiro beijo dado, por sua mãe santificado
Cheio de melancolia o maior da sua vida 
O beijo da despedida foi o beijo de Maria

Músicas do álbum O Progresso Do Brasil - (1964)

Nome Compositor Ritmo
Progresso Do Brasil Nelson Gomes / Luiz De Castro Rasqueado
O Peão Que Montou No Diabo Pedro Bento / Moacyr Dos Santos Moda De Viola
Carta Do Pracinha Zé Paioça / Zé Capoeira Toada
João Bobo Pedro Bento Cururu
Exaltação A Viola Ãs De Ouro Cateretê
Os Três Boiadeiros Anacleto Rosas Jr Rancheira
Seresteiro Da Lua Pedro Bento / Zé Da Estrada / José Raia
Taça Da Dor Nízio / Benedito Seviero Rancheira
Bom Jesus De Pirapora Serrinha / Ado Benatti Toada
As Feras Do Saldanha Joel Antunes Leme / J. G. Barbosa Corrido
Porto Das Monções Pedro Bento Cururu Piracicabano
Os Três Beijos Serrinha / Campos Negreiro / Zé Da Estrada Oração Cantada
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