Liu E Léu (1973) (TROPICANA 01208) - (1973) - Liu e Léu
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Cusco Do Pago
Velho cusco do meu pago melhor amigo do homem
Rara vezes ganha um nome se não é cusco não mais
Cresce tão longe dos pais no mais cruel abandono
Fiel guardião do seu dono o mestre dos animais
Eu te admiro cusco por ver neste teu latido
Um grito assim parecido de um peão parando o rodeio
No teu uivo o anseio de alguém que a saudade aperta
Rondando a noite deserta cuidando tareco alheio
Tu vales numa tropeada por peão e meio talvez
Dois cuscos valem por três peões bem forte a cavalo
Sem cansaço e sem abalo viaja de pelo a pelo
És um firme sinuelo desde a cantiga do galo
No grito vamos embora és o primeiro da frente
Pulando a quando contente como quem vai pra uma festa
Se teu dono enruga a testa e grita pega esse touro
Tu saltas mordendo o couro do bicho que desembesta
Por isso quando eu lhe vejo passando pela calçada
Numa carcaça acabada de cusco velho sem trato
Me vem na mente o recado de muitos ex-grandes homens
Que estão nas garras da fome neste mundo tão ingrato
Capricho Do Destino
Depois de três anos que eram casados nasceu um filhinho que tanto sonharam
Por mais alguns tempos viveram felizes depois cruelmente os dois se apartaram
Ele foi embora para bem distante e não mais souberam do seu paradeiro
Ela ficou só com o filhinho chorando a saudade do seu companheiro
Um dia porém já muito cansada do triste martÃrio que ela sofria
Por falsa ilusão deixou de ser nobre passou a viver só na boêmia
Num triste abandono ficou o menino longe dos seus braços sem o seus carinho
Enquanto seus pais seguiram outro rumo ele foi crescendo só em maus caminhos
E foi numa noite quando o trem noturno fez a parada naquela estação
Um passageiro sacou de uma arma e sem piedade matou um ladrão
Entre a multidão que ali se ajuntou ela foi também pra ver o ocorrido
E com grande espanto sem vida encontrou na plataforma seu filho caÃdo
Tal qual uma louca chorando e gritado voltou os seus olhos ao criminoso
E nesse momento reconheceu que aquele homem era seu esposo
Assim é o capricho da vida enganosa que o destino exibe em senas reais
Crianças que crescem desamparadas pagam os erros que devem seus pais
Regresso
Eis me aqui terra querida te regresso novamenteÂ
Não pude afastar da mente o desejo de voltar
Vim rever seus lindos campos serras vales céus e montesÂ
Contemplar seus horizontes tuas noites de luar
Quem viveu na adolescência uma vida cor de rosaÂ
Muitas tardes primorosa só em ti que pode ver
Voltei aqui estou nunca mais hei de partirÂ
Pois aqui ganhei a vida que a ti darei quando morrer
Onde eu estava não pude mais lhe verÂ
Sonhei com os teus campos com as tuas madrugadasÂ
Morreria de saudade se não voltasse a ti ver
Tens-me aqui arrependido e um tanto amarguraÂ
Não devia ter deixado o abrigo do meu lar
Fui em busca de venturas pelo mundo sem destinoÂ
Sofri como um peregrino que não sei nem explicar
As misérias que pisei me entristeceram a vidaÂ
Só em ti tenho guarita estou feliz por te rever
Voltei aqui estou conduzindo minha cruzÂ
Morrerei no teu calvário dando aqui todo meu ser
Onde eu estava não pude mais ti verÂ
Sonhei com os teus campos com as tuas madrugadasÂ
Morreria de saudade se não voltasse a ti ver
Juramento
Por uma desilusão que eu tive o meu rincão um dia deixei
Sentindo a dor da ingratidão para bem longe então eu mudei
Eu fui viver em outras paragens e até hoje nunca voltei
Enquanto lá estiver uma pessoa nem os meus pais eu não reverei
Vivo sentindo grande saudade, mas não esqueço o que jurei
Se eu voltar para o meu rincão um criminoso me tornarei
Então prefiro viver ausente assim do erro me livrarei
Ela não pode ter meu perdão também jamais reconciliarei
Dias felizes do meu passado no esquecimento entregarei
Até o violão que eu estimava há muito tempo abandonei
Meus companheiros de serenata eu penso que nunca mais verei
Eles caminham por uma estrada também por outra me destinei
Aqui tão longe sempre recordo lindas paisagens que contemplei
Quando o clarão da lua descia entre as montanhas onde morei
Nunca mais vi as matas em flores outras belezas não encontrei
Nunca mais vi a minha querência nem a cabocla que eu mais amei
Quando A Saudade Machuca
O boiadeiro quando vai pela estradaÂ
Tocando a boiada a lembrar de um bem querer
A distância do caminho a saudade é mais pungenteÂ
Aquele amor eloqüente é a razão do seu viver
Vai a saudade machucando ele a cada passo na longa estradaÂ
Quando escurece ele faz o pouso sonhando sempre com a sua amada
Vai a saudade machucando ele a cada passo na longa estradaÂ
Quando escurece ele faz o pouso sonhando sempre com a sua amada
Assim na vida todos tem o seu roteiroÂ
também fui boiadeiro muitos anos viajei
Comparando me com ele a pequena diferençaÂ
É que eu perdi a crença da mulher que mais amei
Vai a saudade machucando ele a cada passo na longa estradaÂ
Quando escurece ele faz o pouso sonhando sempre com a sua amada
Vai a saudade machucando ele a cada passo na longa estradaÂ
Quando escurece ele faz o pouso sonhando sempre com a sua amada
O Jeitinho Da Chica
O que eu acho engraçado é o jeitinho da Chica
Ela é muito caipirinha mas é uma coisinha rica
Passa pó de arroz no rosto perfume de mexerica
Depois sai se requebrando pra se mostrar que é bonita
É baixinha e gordinha redonda que nem barita
Ela não quer ir na roça porque a pele empererica
Fica trabalhando em casa lava prato e lava xÃcara
Serviço que ela não sabe pra ela mamãe explica
Depois que arruma a cozinha carrega água da bica
Ela é trabalhadeira mais tem gente que critica
O lugar que ela passeia longe de casa não fica
Passa perto dos moços de vergonha até tropica
Se um moço fala com ela, ela fica tiririca
Esconde o rosto depressa com medo que alguém fuxica
Mostra os dentinhos quebrados que nem milho de canjica
Quando ela vai no baile daà que a mamãe explica
Namorinhos no escuro eu não quero nem por fita
Os mocinhos são piratas as coisas sempre complica
Namorar fora de hora depois ainda complica
Nem que a moça seja séria a rapaziada pinica
Mágoa
Eu não consigo esquecer do meu passado
A ingrata que um dia me deixou
Quantas vezes sonhei preso em teus braços
Numa noite de ventura que findou
A minha mágoa traz profundo sentimento
Neste mundo ninguém sofre como eu
Os meus sonhos por traições foram desfeitos
A esperança desta vida já morreu
Será que ela ainda é falsa como antes
Será que à outro esta causando a mesma dor
Eu porem estou sentindo a sua ausência
Com saudade imortal do nosso amor
Derradeira MoradaÂ
Se os dias do meu passado renascessem novamente
Eu teria ao meu lado quem eu amo loucamente
Meu sonhos teriam vida meus lábios beijo ardente
Eu não padecia mais afogando os meus ais e a dor que o meu peito senteÂ
Se voltassem meus cabelos a cor de antigamente
E as rugas que me envelhecem se acabassem simplesmente
Minhas pernas enfraquecidas se tornassem resistente
Eu seguia minha estrada procurando minha amada que eu perdi para sempre
Vai bem longe aquele tempo que jamais me sai da mente
Levando a felicidade que passou tão de repente
Assim como o vento passa e vai pra outro continente
Passou minha mocidade só deixando por maldade a velhice no presente
Vivo mergulhado em pranto há fingir que estou contente
Carregando o sofrimento que aos poucos mata a gente
No silêncio dos meus dias eu alcançarei somente
O final da minha estrada onde eu encontro morada pra morar eternamente
Um Pouco De Minha Vida
Eu morei numa fazenda que mais feia não havia
Era uma furna de serra que de serração cobria
Só depois de nove horas que o sol aparecia
E pra onde agente olhava só montanha é que se via
Lá pras bandas do poente como sufocava agente
Quando a tardinha morria
O lugar era assombrado minha mãe sempre dizia
Que certas horas da noite um gemido se ouvia
Era um ai ai tão triste que no quintal se expandia
Minha mãe ao lembrar disso ela conta e se arrepia
Não tinha vizinho perto vejam que lugar deserto
De nós só Deus que sabia
Não muito longe de casa um piquete existia
Onde meu pai conservava as nossas vacas de cria
Era preciso cuidado quando um bezerro nascia
Devido ter muito lobos por aquelas cercanias
Lembro-me bem como era o uivado dessas feras
Na solidão se perdia
Eu ainda era criança quase pra nada servia
Mas tirava doze e meia na enxada todo dia
O meu joguinho de malha era o que mais me entretia
Até que meus pais mudaram era assim que eu vivia
Hoje eu moro na cidade, mas recordo com saudade
Minha velha moradia
Ingrata
Contratei a ventania que vai pras bandas do oeste
E mandei notÃcias minhas pra um amor que me conhece
O vento foi e voltou resposta não aparece
Não sei se ela ainda me ama ou se talvez já me esquece
Cada vez que eu lembro dela o meu coração padece
Pego na viola de pinho com franqueza me aborrece
O peito geme e soluça a minha voz enrouquece
É bem triste agente amar alguém que não reconhece
Aqui no bairro onde eu moro toda vez que amanhece
O cantar dos passarinhos é como um hino celeste
Me faz lembrar do passado água dos meus olhos descem
Minha vida é como as folhas que caindo se apodrece
Conforme o tempo se passa meus cabelos embranquece
Abandono e sofrimento é o que a sorte me oferece
Ingrata vou me ausentar da minha vida terrestre
Dou lhe um derradeiro adeus e você daà me uma prece
Rei Da Capa
Lá pras bandas de Barretos na maior zona de gado
Foi berço de criação de muitos peão afamado
O Petito e Gomercindo, Zé Pretinho e Colorado
Quatro heróis do arreio pelo povo consagrado
E foi neste mesmo mapa que nasceu o rei da capa campeão de dois estado
O Turquinho é um toureiro de talento e suporte
O seu nome é conhecido desde o sul até o norte
Para sair vitorioso nunca dependeu da sorte
É um caboclo de confiança destemido e muito forte
Pra lutar com boi selvagem é um peão de coragem que não teme a própria morte
Nasceu em Jaborandi o mundo guiou seus passos
Abandonou os estudos pela inclinação do laço
Nessa lida tão pesada nunca sofreu um fracasso
Enfrenta qualquer perigo com muito desembaraço
Sem ter muito sacrifÃcio ele faz qualquer mestiço ficar preso nos seus braços
No estado de São Paulo teve pouco paradeiro
Atravessou as montanhas do grande estado mineiro
De cidade em cidade orientava os companheiros
Demonstrando o seu valor de campeão dos picadeiros
O Turquinho é um homem que sabe honrar o nome de paulista e brasileiro
Retrato Do Boi Soberano
No braço desta viola quero contar quem eu sou
No meu tempo de menino este causo se passou
Fiquei ciente da história porque meu pai me contou
O velhinho foi falando com a voz quase apagando
Do seus olhos marejando duas lágrimas rolou
Meu filho nunca duvide do poder do criador
O retrato de um boi preto nesta hora me mostrou
Este boi é o Soberano que um dia te salvou
Não me sai mais do sentido quando eu vi você perdido
Na hora fiz um pedido e o milagre Deus mandou
Na cidade de Barretos muita gente presenciou
O passar de uma boiada com destino ao matador
No repique do berrante a boiada estourou
Neste momento tirano você estava brincando
Quando o boi Soberano na sua frente parou
Os gritos dos boiadeiros de muito longe escutou
A rua cobriu de poeira quando a boiada passou
Quem assistiu a passagem de emoção até chorou
Este boi te defendia com tamanha valentia
Que até chorei de alegria e o povo se admirou
Este causo do passado assim meu pai me contou
Do milagre acontecido eu fiquei conhecedor
Fui crescendo e fiquei moço hoje sou um cantador
Vou seguindo o meu destino e por um milagre divino
Eu sou aquele menino que o Soberano salvou
Músicas do álbum Liu E Léu (1973) (TROPICANA 01208) - (1973)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Cusco Do Pago | Dino Franco / Francisco Carlos Salles | Chimarrita |
Capricho Do Destino | Dino Franco | Rancheira |
Regresso | Dino Franco | Polca |
Juramento | Dino Franco | Valsa |
Quando A Saudade Machuca | Dino Franco | Toada |
O Jeitinho Da Chica | Dino Franco / Zé Carreiro | Rancheira |
Mágoa | Dino Franco | Valsa |
Derradeira Morada | Dino Franco | Cateretê |
Um Pouco De Minha Vida | Dino Franco | Moda de Viola |
Ingrata | Dino Franco | Moda de Viola |
Rei Da Capa | Dino Franco | Moda de Viola |
Retrato Do Boi Soberano | Dino Franco / João Caboclo | Moda de Viola |