Boiadeiro Errante (DISCOLAR LPDS 32119) - (1970) - Liu e Léu
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Boiadeiro ErranteÂ
Eu venho vindo de uma querência distante
Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra
O meu cavalo corre mais que o pensamento
Ele vem no passo lento porque ninguém me esperaÂ
Tocando a boiada, auê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estradas uê boi
Tocando a boiada, auê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada
Toque o berrante com capricho Zé Vicente
Mostre para essa gente o clarim das alterosas
Pegue no laço não se entregue companheiro
Chame o cachorro campeiro que esta rês e perigosa
Olhe na janela, auê, uê, uê, boi
Que linda donzela, uê boi
Olhe na janela, auê, uê, uê, boi
Que linda donzela
Sou boiadeiro minha gente o que, quê há
Deixa o meu gado passar vou cumprir com a minha sina
Lá na baixada quero ouvir a seriema
Pra lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas
Ela é culpada, auê, uê, uê, boi
Eu viver nas estradas, uê boi
Ela é culpada, auê, uê, uê, boide
Eu viver nas estradas
O rio ta calmo e a boiada vai nadando
Veja aquele boi berrando Chico Bento corre lá
Lace o mestiço salve ele das piranhas
Tira o gado na campanha pra viajar continuar
Com destino a Goiás, auê, uê, uê, boi
Deixei Minas Gerais, uê boi
Com destino a Goiás, auê, uê, uê, boi
Deixei Minas Gerais
Adeus MorenaÂ
Cantando eu vivo para esquecer alguém que fez sofrer meu coração de amor
E é melhor viver sempre cantando pois viver chorando aumenta a minha dorÂ
Aquela ingrata que eu amo tanto fez eu ver nos prantos que foi falsidade
Em homenagem aquela mentirosa que foi orgulhosa eu canto de saudade
Eu vou me embora vou para bem longe vou viver aonde ninguém me conhece
Porque a dor que tanto me magoa foi que amei a toa alguém que não merece
Da melodia que eu estou cantando vou me retirando pra não mais voltar
Adeus morena do rosto corado lábios perfumados que me fez penar
Adeus morena do rosto corado lábios perfumados que me fez penar
Dona CegonhaÂ
Você que junto dos seus recebeu a visita de dona cegonha
Deve dar graças a Deus que lhe dê uma criança risonha
Deve sentir-se contente ouvindo a canção que eu fiz pra você cantar
Ao embalar esse alguém que nasceu e enriqueceu seu lar
Dando a você como a todos os seus eu ofereço esta valsa que fiz
Canto porque com a graça de Deus sei que você é felizÂ
Amarguras Da VidaÂ
Triste sorte de um homem coitado quando é destinado ao rumo do nada
Só encontra amarguras na vida e as estradas compridas de espinhos traçadas
Pelo mundo eu vaguei sem destino desprezei a casinha da serra
Por amar uma ingrata fingida perdi a mãe querida e os prazer dessa terraÂ
Ao sentir essa cruel traição minha triste intenção era ir pra não voltar
Minha pobre mãezinha chorava ajoelhada implorava para mim ficar
Mas o ódio roubou minha calma com a alma ferida fui embora
Fui cumprir meu destino perverso mãzinha hoje eu peço perdão a senhora
Amanhã seguirei bem cedinho quando os passarinhos cantar na alvorada
Triste hora de uma despedida adeus terra querida adeus companheirada
Com a lua dessa madrugada me despeço em uma serenata
Vou cantar uma triste canção pra magoar o coração dessa tirana ingrata
Como é triste viver sem ninguém a quem fiz tanto bem me trazia enganado
Minha velha morreu de desgosto hoje trago meu rosto de pranto molhado
Essa terra que me viu nascer que jamais pode ser esquecida
Voltarei pra trazer umas flores ofertar em louvor a mãezinha querida
Zé ClaudinoÂ
Vocês tão vendo lá na beira da estrada
Uma tapera e uma roseira toda coberta de flor
Nunca me esqueço quatro anos que já fez
Foi num domingo de mês que essa história se passou
Â
Ali morava o caboclo Zé Claudino
Mas o malvado destino castigou o pobre rapaz
De uma trovoada deu um raio no ranchinho
A mulher e seu filhinho Deus levou pra nunca mais
E às quatro horas os dois caixões foram saindo
Devagar foram sumindo na curva do cafezal
E Zé Claudino soluçava na janela
Enquanto o sino da capela não cessava de tocar
E a taperinha lá na beira da estrada
Hoje vive abandonada já não tem mais morador
Esta casinha tão humilde e tão modesta
Já foi um ninho de festa hoje é um recanto de dor
CatimbauÂ
Tive lendo em um romance de um casal de namorado
De Rosinha e Catimbau dois jovens apaixonados
Rosinha famÃlia rica Catimbau era um coitado
Capataz de uma fazenda mas trabalhador honrado
Amansava burro bravo no laço era respeitado
Um caboclo destemido por tudo era admirado, aiÂ
Um dia encontrou Rosinha lá no alto do espigão
Por se ver os dois sozinhos quis se aproveitar da ocasião
Catimbau pediu um beijo Rosinha disse que não
Ela bem estava querendo mas não deu demonstração
De tanto que ele insistiu ela deu a decisão
Vamos deixar para outro dia para as festas de São João, ai
Já passados cinco meses chegou o esperado dia
Rosinha estava mais linda como uma flor parecia
A festa estava animada todos com grande alegria
Quando o pai de Rosa veio perguntando quem queria
Mostrar ciência no laço pra laçar o boi Ventania
Os vaqueiros amedrontados todos eles se escondia, ai
Chamaram então Catimbau, mas ele não atendeu
Rosinha disse meu bem vá fazer o pedido meu
Catimbau é corajoso, mas nessa hora tremeu
Depois deu um sorriso amargo pra Rosinha respondeu
Eu vou laçar esse touro pra te mostrar quem sou eu
Mas depois eu quero o beijo que você me prometeu, ai
Catimbau mais que depressa no seu bragado montou
Chegou a espora no macho e a laçada ele aprontou
A laçado foi certeira que o povo se admirou
Catimbau foi infeliz o bragado se atrapalhou
O laço fez um volta no seu pescoço enrolou
Com o pialo que o boi deu sua cabeça decepou, ai
Trouxeram a cabeça dele Rosinha nela pegou
Chorando desesperada desse jeito ela falou
Catimbau prometi um beijo receba agora eu te dou
Na boca do seu amado tristemente ela beijou
Este é fim de uma estória dando provas que se amou
De Rosinha e Catimbau que a morte separou, ai
Triste ArrependimentoÂ
Por que é que eu te maltrato sem ter nenhum fundamento
Sabendo que sem você só tenho padecimento
No caminho desta vida eu não acho seguimento
Você vive noite e dia morando em meu pensamento
Pra quem se julga culpado é triste o arrependimento
Ai meu bem amor demais traz o sofrimentoÂ
No dia que eu não te vejo eu sinto tudo mudado
Meus olhos só vêem tristeza no mundo enfumaçado
Até as nuvens no céu me faz ficar magoado
A saudade faz um ninho em meu peito apaixonado
Se amar é uma sentença por ti eu sou condenado
Ai meu bem sou um cativo dos teus agrados
Que falta meu bem me faz agora é que eu compreendi
É como disse um poeta nuns versos que um dia eu li
Adeus chorando disseste adeus te disse a sorrir
Chorando tu me esqueceste sorrindo eu não te esqueci
Agora volto vencido por tudo que já sofri
Ai meu bem eu não sou nada longe de ti
Derradeira MoradaÂ
Se os dias do meu passado renascessem novamente
Eu teria ao meu lado quem eu amo loucamente
Meu sonhos teriam vida meus lábios beijo ardente
Eu não padecia mais afogando os meus ais e a dor que o meu peito senteÂ
Se voltassem meus cabelos a cor de antigamente
E as rugas que me envelhecem se acabassem simplesmente
Minhas pernas enfraquecidas se tornassem resistente
Eu seguia minha estrada procurando minha amada que eu perdi para sempre
Vai bem longe aquele tempo que jamais me sai da mente
Levando a felicidade que passou tão de repente
Assim como o vento passa e vai pra outro continente
Passou minha mocidade só deixando por maldade a velhice no presente
Vivo mergulhado em pranto há fingir que estou contente
Carregando o sofrimento que aos poucos mata a gente
No silêncio dos meus dias eu alcançarei somente
O final da minha estrada onde eu encontro morada pra morar eternamente
Felicidade De CabocloÂ
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma cançãoÂ
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma cançãoÂ
Tenho na mente uma canção bem decoradaÂ
Uma viola pendurada no meu rancho de sapéÂ
Uma cabocla pra cuidar dos meus trapinhosÂ
Na gaiola um passarinho que me acorda ao amanhecer
Felicidade não se compra e nem se vendeÂ
Quando dois amor se entende tem de graça até morrer
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma cançãoÂ
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma cançãoÂ
Minha cabocla tem os olhos tão ligeirosÂ
Um olhar tão feiticeiro delicada no falarÂ
Tenho ciúmes do olhos dessa caboclaÂ
Por que ela prende a gente só no modo de olharÂ
Mas se algum dia essa cabocla for emboraÂ
Juro por Nossa Senhora que eu vou morrer de chorar
Ponto FinalÂ
Meu sofrer tem sido profundo neste mundo ninguém sofre igual
É por isso que sempre eu lamento este sofrimento fora do normal
Minha vida virou um tormento em um momento tirano e fatal
Pra fugir da negra solidão eu deixei meu sertão e vim pra capital
O destino aqui me traiu me seguiu pro caminho do mal
Só acaba esta mágoa sentida quando minha vida chegar no finalÂ
Todas noites nessas horas mortas abro a porta pensando em meu bem
E tristonho por me ver sozinho olho no caminho eu não vejo ninguém
Recordando um amor tão sincero eu espero mais ela não vem
Pois comigo só existe na rua é a branca lua brilhando no além
Por me ver assim de deu em deu lá no céu ela sofre também
Mas pra mim não tem mais arranjo porque o meu anjo não fala amém
Recordando com tanto amargor nosso amor teve um triste fim
Sei que ela não foi causadora a sorte traidora foi quem quis assim
Nossa união ficou destruÃda nossa vidas ficaram ruins
Ela passa hora rigorosa que nem a rosa longe do jardim
Hoje eu vivo só pensando nela sei que ela relembra de mim
Mas quero tudo terminado porque um passado não torna mais vim
Ao chegar num ponto final um sinal nosso amor deixou
O amargor de uma crueldade pela falsidade que ela praticou
E o meu peito já nem mais suspira só delira com tanto rigor
A minha alma triste amargurada vive mergulhada num vulto de dor
Pouco a pouco eu perdi a esperança só lembrança dela me restou
Ainda mora comigo a saudade da felicidade que o tempo apagou
Minha MocidadeÂ
Lembro tenho saudade do tempo que fui rapaz
Pra gozar como eu gozei eu sei que não gozo mais
Eu fui como um cuitelinho que vive nos roseirais
Hoje eu choro de saudade rosas que eu não beijo mais
Mesmo assim eu sou teimoso puxei por meu velho pai
Acompanho os companheiros em toda parte que vai
Um fandango de viola é o que ainda me distrai
Conforme o assunto da moda águas dos meus olhos caem
O que eu fiz antigamente hoje eu não faço mais
Meus cabelos embranqueceram são coisas que a idade traz
Eu comparo a mocidade com a flor que murcha e cai
Do ramo em que foi nascida não se ergue nunca mais
Meus colegas de função hoje já não dançam mais
Eu também já esmoreci nem cantar não sou capaz
A minha infância querida há anos ficou pra traz
Foi um passado risonho que não volta nunca mais
Canção Da Minha TerraÂ
Trago meu peito esmagado de saudadeÂ
De uma cidade berço amado onde eu nasci
Cidade meiga pequenina e formosaÂ
Terra saudosa onde contente vivi
Vejo em meus sonhos as montanhas verdejantesÂ
Que os viajantes vivem sempre a contemplar
Ó lago azul esperança de uma vidaÂ
Hoje perdida pois não mais há de voltar
Oh mundo ingrato que me fez viver ausenteÂ
Daquela gente a saudade me acompanha
Ai como sofro quando sonho com a casinhaÂ
E a igrejinha lá do alto da montanha
Por isso à s vezes quando é noite de luarÂ
Ouço a sonhar o cantar do seresteiro
Oh doce infância sonho de felicidadeÂ
Junto à saudade dos antigos companheiros
Campo do Meio a chorar te disse adeusÂ
Outros caminhos me obrigaram te deixar
Porem eu peço ao bom Deus que o protejaÂ
O bom caboclo não esquece o seu lar
Mesmo sorrindo vivo quase num exÃlioÂ
Sou um bom filho mais talvez não volte mais
Adeus amigos, adeus meu Campo do MeioÂ
Adeus amores, adeus Minas Gerais
Músicas do álbum Boiadeiro Errante (DISCOLAR LPDS 32119) - (1970)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Boiadeiro Errante | Teddy Vieira | Toada |
Adeus Morena | Tuta / Liu | Corrido |
Dona Cegonha | Francisco Avila | Valsa |
Amarguras Da Vida | Pardinho | Cateretê |
Zé Claudino | Carreirinho | Toada |
Catimbau | Teddy Vieira / Carreirinho | Moda De Viola |
Triste Arrependimento | Goiá | Rasqueado |
Derradeira Morada | Pirassununga | Cateretê |
Felicidade Do Caboclo | Pechincha / Gino Alves | Toada |
Ponto Final | Benedito Seviero / Zeca | Moda De Viola |
Minha Mocidade | Zé Claudino / Zé Carreiro | Cateretê |
Canção Da Minha Terra | Luiz De Castro / Goiá | Toada |