Ontem E Hoje (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9196) - (1974) - Jacó e Jacozinho
Cavalo Preto
Tenho o meu cavalo preto por nome de ventania
Um laço de doze braças do couro de uma novilha
Tenho um cachorro bragado que é pra minha companhia
Sou um caboclo folgado, pois eu não tenho famÃlia
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No lombo do meu cavalo eu viajo o dia inteiro
Vou de um estado pra outro eu não tenho paradeiro
Quem quiser ser meu patrão me ofereça mais dinheiro
Eu sou muito conhecido por este Brasil inteiro
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Tenho uma capa gaúcha que eu troquei com um boi carreiro
Tenho dois pelegos grandes que é pura lã de carneiro
Um me serve de colchão e outro de travesseiro
Com minha capa gaúcha eu me cubro o corpo inteiro
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Adeus que eu já vou partindo vou pousar em outra cidade
Depois de amanhã bem cedo quero estar em Piedade
Deus me deu esse destino e muita felicidade
Onde eu passo com meu preto deixo um rastro de saudade
Mourão Da Porteira
Lá no mourão esquerdo da porteiraÂ
Onde encontrei você pra despediÂ
É uma lembrança minha derradeiraÂ
É um versinho que eu nele escreviÂ
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Você eu sei passa esbarrando neleÂ
E a porteira bate pra avisarÂ
Você não lembra que sinal é aqueleÂ
E nem se quer se lembra de olharÂ
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Aqui tão longe eu pego na violaÂ
E aqueles versos começo a cantar
Uma saudade é dor que não consolaÂ
Quanto mais dói a gente quer lembrarÂ
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Você talvez não sabe o que é saudadeÂ
Uma lembrança você nunca sentiuÂ
Pois, esquecer à s vezes tenho vontadeÂ
Essa vontade o meu peito feriuÂ
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No dia que dói seu coraçãoÂ
De uma saudade que tanto senti
Você chorando passa no mourãoÂ
E lê o verso que eu nele escreviÂ
Vem Depressa
Não sorri, ô mulher, quando eu choro
Não sorri, ô mulher, mais de mim
Tu bem sabes a dor que padeço
Tu, querendo, bem pode dar fim
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Vem depressa visão do meu sonhoÂ
Vem depressa meu anjo de amorÂ
Dai alÃvio ao martÃrio que sofreÂ
Este pobre e infeliz trovador
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A teu lado serei venturosoÂ
Em meu peito esse amor guardareiÂ
E depois de gozar teus carinho
Em teus braços feliz morrerei
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Vem depressa visão do meu sonhoÂ
Vem depressa meu anjo de amorÂ
Dai alÃvio ao martÃrio que sofreÂ
Este pobre e infeliz trovador
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Vem a lua tão meiga e tristonha
Vem beijando a face do mar
Eu me lembro de ti com saudadeÂ
E tristonho me ponho a chorar
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Vem depressa visão do meu sonhoÂ
Vem depressa meu anjo de amorÂ
Dai alÃvio ao martÃrio que sofreÂ
Este pobre e infeliz trovador
Quatro Estados
Eu saà pra conhecer este meu Brasil colosso
Viajando conheci vários estados
E me deixou encantado o estado de Mato Grosso
Lugar de gente de raça gente de muito valor
Nas terras mato-grossenses reina a paz e o amor
Visitei Minas Gerais que é o berço onde nasci
Eu parti deixando boas amizadesÂ
Já estou sentindo saudade de tudo que vi ali
Os rios e cachoeiras de belezas naturais
Do triângulo mineiro não me esqueço jamais
Também fui ao Paraná que é um estado glorioso
Onde aquele que sonha com a riqueza
Luta com toda certeza que será vitorioso
É o estado do café há sempre grande produção
Quem vai lá pro Paraná logo terá o seu quinhão
Não podia esquecer do meu querido Goiás
Das boiadas e campinas verdejantes
A terra que os viajantes quando vê não esquece mais
Lá está nossa BrasÃlia que o mundo inteiro conhece
A bondade dos goianos é coisa que não se esquece
Outras terras visitei hoje digo com certeza
Quem conhecer este Brasil tão grandioso
Vai sentir-se orgulhoso ao ver as suas belezas
Só falei de quatro estados sem nenhuma pretensão
O que o Brasil tem de belo não cabe numa canção
O Menino Da Porteira
Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro FinoÂ
De longe eu avistava a figura de um meninoÂ
Que corria abri a porteira depois vinha me pedindoÂ
Toque o berrante seu moço que é pra mim ficar ouvindoÂ
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Quando a boiada passava que a porteira ia fechandoÂ
Eu jogava uma moeda, ele saÃa pulando
Obrigado, boiadeiro, que Deus vai lhe acompanhandoÂ
Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocandoÂ
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No caminho desta vida muito espinho encontreiÂ
Mas nenhum calou mais fundo do que isto que eu passeiÂ
Na minha viagem de volta, qualquer coisa eu cismeiÂ
Vendo a porteira fechada o menino não avistei
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Apeei do meu cavalo num ranchinho beira-chão,Â
Vi uma mulher chorando, quis saber qual é a razãoÂ
Boiadeiro veio tarde, veja a cruz do estradãoÂ
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coraçãoÂ
Lá pra banda de Ouro Fino, levando um gado selvagemÂ
Quando eu passo na porteira até vejo a sua imagemÂ
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagemÂ
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagemÂ
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A cruzinha do estradão do pensamento não sai
Eu já fiz o juramento que não esqueço jamaisÂ
Nem que o meu gado estoure que eu preciso ir atrásÂ
Nesse pedaço de chão berrante não toco mais
Lobisomem
Foi por causa de um baiano que eu fiquei bem informado
De um caso assombroso que se deu no seu estado
Morava em Vila Velha um moço muito alinhado
E por toda redondeza era bem considerado
Por ter boa posição e ser filho do delegado
De todas moças que tinha o seu sonho adorado
Foi a filha do prefeito que caiu no seu agrado
O grande acontecimento por todos era esperado
Porque faltavam dois meses para ser realizado
Na igreja do lugar seu casamento tratado
Foi neste meio de tempo que surgiu no povoado
Causando diversos danos um bicho desfigurado
Tudo quanto não prestava por ele era findado
Diziam ser lobisomem por que tinham atropelado
a tal filha do prefeito que voltava de um bailado
O prefeito aborrecido convidou o delegado
Formaram uma quadrilha de boiadeiro e soldado
Regulava meia noite estavam todos preparados
Dali a pouco aquela fera pulava dando uivado
Por se ver numa prisão de quatro laços trançados
No tronco de uma paineira ele pousou amarrado
Quando foi no outro dia foram ver o resultado
Uns gritavam de pavor outros caÃam desmaiados
Por ver que aquela fera em gente tinha virado
E a pessoa que ali estava todo nu envergonhado
É o noivo de Suzana o filho do delegado
João De Barro
O João de Barro pra ser feliz como euÂ
Certo dia resolveu arranjar uma companheiraÂ
Num vai e vem com o barro da biquinhaÂ
Ele fez sua casinha lá no galho da paineiraÂ
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Toda manhã o pedreiro da florestaÂ
Cantava fazendo festa pra aquela que tanto amavaÂ
Mas quando ele ia buscar um raminhoÂ
Para construir seu ninho o seu amor lhe enganavaÂ
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Mas neste mundo o mal feito é descobertoÂ
João de Barro viu de perto sua esperança perdidaÂ
Cego de dor trancou a porta da moradaÂ
Deixando lá sua amada presa pro resto da vidaÂ
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Que semelhança marcando meu calendárioÂ
Só que eu fiz o contrário do que o João de Barro fezÂ
Nosso Senhor me deu calma nesta horaÂ
A ingrata eu pus pra fora onde anda eu não seiÂ
Buscando A Felicidade
Buscando a felicidade a minha infância perdi
Já se foi a mocidade tenho que parar aqui
Só me resta agora a vida que um dia irá também
Se a felicidade existe a minha está com alguém
Já cansei de procurar já cansei, já fiz de tudo e por que
Será que na vida inteira não fiz por te merecer
Amores já não sei quantos meu coração conquistou
A paz que eu tanto procuro minha alma não encontrou
Dinheiro quanto dinheiro que até a conta perdi
O que mais eu precisava ainda não consegui
Já cansei de procurar já cansei, já fiz de tudo e por que
Será que na vida inteira não fiz por te merecer
Disco Voador
Tomara que seja verdade que exista mesmo disco voador
Que seja um povo inteligente pra trazer pra gente a paz e o amor
Se for pra bem da humanidade que felicidade essa intervenção
Aqui na Terra só se pensa em guerra matar o vizinho é nossa intenção
Os homens do nosso planeta dão a impressão que já não tem mais crença
Invés de fabricar remédio pra curar o tédio e outras doenças
Inventam armas de hidrogênio usam o seu gênio fabricando bomba
Mas não se esqueçam que por mais que cresçam que perante Deus qualquer gigante tomba
Se Deus que é todo poderoso fez este colosso suspenso no ar
Porque não pode ter criado um mundo afastado da terra e do mar
Tem gente que não acredita acha que é fita os mistérios profundos
Quem tem um filho pode ter mais filhos, o Senhor também pode ter outros mundos
O nosso mundo é um espelho que reflete sempre a realidade
Quem forma vinha colhe uva e quem planta chuva colhe tempestade
No tempo que Jesus vivia ele disse um dia e não foi a esmo
Que neste mundo que a maldade infesta, tudo o que não presta morre por si mesmo
Boi De Carro
Na mangueira da fazenda do LajeadoÂ
Conheci um boi malhado destemido como quêÂ
Tempo de moço quando eu era candeeiroÂ
Boi malhado era ligeiro eu trabalhei com vocêÂ
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Boi de carro hoje velho rejeitadoÂ
Seu cangote calejado da canga que te prendeuÂ
Boi de carro ainda sou seu companheiroÂ
Fiquei velho sem dinheiro seu destino é igual o meuÂ
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Boi de carro sem valor está afrontadoÂ
De puxar carro pesado costume que o patrão fazÂ
Eu trabalhei trinta anos e fui quebradoÂ
Do lugar fui despachado diz que eu já não presto maisÂ
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Boi molhado seu olhar triste paradoÂ
Ruminando já cansado do desprezo do patrãoÂ
Boi de carro eu também to ruminandoÂ
Essa mágoa vou levando dos homens sem coraçãoÂ
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Boi de carro o seu dia está marcadoÂ
Pro corte foi negociado vai morrer no fim do mês
Adeus malhado meu sentimento é profundoÂ
Vou andando pelo mundo esperando a minha vez
Carro E A Gravadora
Eu comparo as gravadoras das marcas mais afamadas
Comparo um carro de boi os violeiros e a boiada
Trabalhamos com a cabeça e a viola bem afinada
Puxando o carro cantamos as nossas lindas toadas
Se pararmos de cantar fica no meio da estrada o carro não termina a jornada
O carro e a gravadora é a comparação que digo
O nosso bom diretor é o nosso carreiro amigo
Contrata violeiro bom conservar violeiro antigo
Puxar o carro sozinho é difÃcil não consigo
Divulgador é o candeeiro faz força junto comigo o nosso carro roda sem perigo
Nosso carro vem lotado com produtos de valor
O nosso produto vende no Brasil e no exterior
O nosso carro não traz tristeza mágoa e dor
O nosso carro carrega saúde, paz e amor
Responsável pela carga é o nosso compositor o nosso carro roda na paz do Senhor
Homem Sem Rumo
Eu longe da minha terra distante do povo meu
Pra lá eu não volto mais minha esperança morreu
A vida está me ralando tirando o que não me deu
Minha sorte foi madrasta o mundo só me bateu
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E quando chega o natal dia em que Jesus nasceu
Lá em casa todos reúnem só fica faltando eu
Não posso mandar dizer o que me aconteceu, ai, ai
Â
Estou vendo aquela casa papai e mamãe e quem mora
Vejo meu amor primeiro na certa outro namora
E mamãe ajoelhada aos pés de Nossa Senhora
Rezando e pedindo sorte pro filho que mais adora
Â
Meu coração está roxo, está parecendo amora
Não é falta de suspiro eu suspiro toda hora
Mãezinha quanta saudade eu distante da senhora, ai, ai
Â
Derrubei matas e matas, fiz lavoura de café
Quando a sorte me sorriu na vida dei marcha ré
A malvada da geada destruiu a minha fé
Tornei-me um homem sem rumo remando contra a maré
Â
Vou indo ao rumo do nada veja a sorte como é
Sorrindo eu peço desculpas pra quem pisar no meu pé
Pra quem já vive pisado seja lá o que Deus quiser, ai, ai
Músicas do álbum Ontem E Hoje (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9196) - (1974)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Cavalo Preto | Anacleto Rosas Júnior | Rasqueado |
Mourão Da Porteira | Raul Torres / João PacÃfico | Rojão |
Vem Depressa | Tonico / Tinoco | Rancheira |
Quatro Estados | José Russo / Zé Do Rancho | Polca |
O Menino Da Porteira | Teddy Vieira / Luizinho | Cururu |
Lobisomem | Piracicaba / Zé Dourado | Rojão |
João De Barro | Teddy Vieira / Moybo Cury | Toada |
Buscando A Felicidade | Tapuã / Tupy | Polca |
Disco Voador | Palmeira | Rasqueado |
Boi De Carro | Anacleto Rosas Júnior / Tonico | Toada Balanço |
Carro E A Gravadora | Moacyr Dos Santos / Lourival Dos Santos | Cateretê |
Homem Sem Rumo | Serrinha / Lourival Dos Santos | Toada Balanço |