Mãezinha Querida (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9083) - (1967) - Jacó e Jacozinho
Mãezinha Querida
Eu morava com minha mãezinha em uma casinha num certo lugar
Mas depois minha mãe faleceu que tristeza meu Deus quanto, quanto chorar
Com a alma cheia de amargura fiz a sepultura dando a despedida
Com a terra que Deus fez Adão sepultei no caixão mamãezinha querida
Eu fiquei padecendo sozinho seguindo o caminho que Deus me traçou
É bem triste perder neste mundo o amor tão profundo de quem nos criou
Nunca mais vou beijar o seu rosto meu Deus que desgosto que desilusão
Dos meus erros que eu fiz nesta vida mãezinha querida te peço perdão
Ao perder mamãezinha querida a alegria da vida também teve fim
Quando chego na minha casinha não vejo a velhinha esperando por mim
Sinto a dor invadir o meu peito não tem outro jeito me ponho a chorar
Vou seguindo esta triste sorte esperando que a morte venha me buscar
Estrelinha Do Céu
Estrelinha do céu, a ti faço uma prece
Para que regresse o meu grande amorÂ
Porque sozinho já não tenho calmaÂ
E sinto em minhalma soluçar de dor, soluçar de dor
Estrelinha do céu, que vives a brilhar
Peço que dê fim neste meu penar
Que de amor quase morro esse amor só por maldade
Para mim não quer voltar, para mim não quer voltar
Estrelinha do céu fale com Nosso SenhorÂ
para ele devolver o meu ex-amor, o meu ex amor
Apartamento 37
Briguei com ela só pra ver ela chorandoÂ
Por que sabia que ela gostava de mimÂ
Queria apenas ver seu pranto derramandoÂ
Jamais pensei que aquela briga fosse o fimÂ
Ela foi embora sem dizer pra onde iaÂ
Eu fiquei triste, sozinho a chorarÂ
O sol desceu e a lua veio novamenteÂ
Eu esperava, mas o meu bem não quis voltar
Segui seu rasto na areia da estradaÂ
Na esperança de encontrar o meu benzinhoÂ
Mas de repente veio a chuva e apagouÂ
Lá da estrada o sinal do seu pezinhoÂ
Fiquei tão triste sem saber o que faziaÂ
Pus um anúncio num jornal dizendo assimÂ
Se alguém achar meu amorzinho tenha penaÂ
Faça o favor de devolver ela pra mimÂ
Meu endereço vou deixar esclarecidoÂ
Por que talvez alguém a possa encontrarÂ
Moro na rua da amargura vinte e cincoÂ
Apartamento trinta e sete, quinto andar
Lembrei De Ti
De madrugada quando o galo cantaÂ
Tudo se levanta, aà que eu vou dormir
Neste momento recordei seu nomeÂ
Eu moro longe, mas lembrei de tiÂ
É triste a vida sem o seu carinhoÂ
Já chorei baixinho quando te perdiÂ
Neste momento recordei seu nomeÂ
Eu moro longe, mas lembrei de tiÂ
Não tenho alguém pra consolar meu prantoÂ
E eu padeço tanto desde de que partiuÂ
Neste momento recordei seu nomeÂ
Eu moro longe, mas lembrei de tiÂ
Eu vivo triste lamentando a sorteÂ
Só espero a morte me levar daquiÂ
Neste momento recordei seu nomeÂ
Eu moro longe, mas lembrei de ti
Potro Pagão
Há muito tempo, meu avô sempre contavaÂ
Quando ele trabalhava pra um ricaço valentãoÂ
Naquelas bandas não existia clemênciaÂ
Onde a lei da violência, imperava no sertãoÂ
Disse que um dia viu um moço amarradoÂ
Pelo campo arrastado por um potro redomãoÂ
Naquela serra onde a lei é do mais forteÂ
Onde o fraco encontra a morte sem direito a apelaçãoÂ
Aquele moço tava sendo castigadoÂ
Só porque Rosa do Prado, a esposa do patrãoÂ
Gostava dele e o rapaz não deu confiançaÂ
E a malvada por vingança ao marido disse entãoÂ
Seu empregado me faltou com o respeitoÂ
Quero ver esse sujeito receber a puniçãoÂ
Por mais que ele jurasse não ser culpadoÂ
Morreu sendo arrastado, naquele animal pagãoÂ
No mesmo dia quando o potro voltavaÂ
Já mais nada ele arrastava, pois não tinha mais ninguémÂ
Ao ver seu dono, parece que até diziaÂ
Logo vai chegar o dia de arrastar você tambémÂ
E como prova que o destino é justiceiroÂ
Certo dia o fazendeiro teve a merecida quedaÂ
Levou um tombo, no estribo ficou enroscadoÂ
Pelo chão foi arrastado pagou com a mesma moedaÂ
Rosa do Prado vendo o patrão caÃdoÂ
Foi socorrer o marido, mas a sorte foi fatalÂ
Por um castigo sua hora foi chegadaÂ
Também morreu esmagada pelas patas do animalÂ
Não há gigante neste mundo que não temaÂ
Nem montanha que não trema ante a lei do RedentorÂ
Qualquer tormenta no oceano se consomeÂ
Quando alguém chamar o nome de Jesus Nosso Senhor
Companheiro Do Ferreirinha
Eu recebi uma carta que veio lá de PardinhoÂ
Pra terminar uma empreitada que eu peguei com Ferreirinha
Pra buscar aquele mestiço no campo do EspraiadinhoÂ
Aquilo no coração atravessou como espinho
Não tinha mais companheiro eu tinha que seguir sozinho
Por não ter outro vaqueano resolvi ir no redomãoÂ
Trouxe o potro no mangueiro lacei, passei no mourão
Apertei com garantia duas barrigueira e o chinchãoÂ
Quando eu ganhei o arreio o potro virou leão
Preguei a espora no peito pra limpar meu coração
Dali eu sai sozinho bati todo os maiadorÂ
Achei o lugar fresquinho aonde o mestiço posou
Segui a batida do boi que desceu pro bebedorÂ
O mestiço vinha vindo de longe me avistou
Eu lembrei do Ferreirinha a coragem redobrou
O mestiço furioso pro meu lado ele partiuÂ
Igual faÃsca de raio no potro ele investiu
Joguei o laço de tirão que os tento até rangioÂ
A laçada fez um oito quando nas guampas caiu
O redomão veiaquiava virava de corrupio
Com o boi no chinchador me custou pra por na linhaÂ
Queria limpar meu nome também o do Ferreirinha
Terminar aquele serviço empreitada tão mesquinhaÂ
Labutei com o mestiço com o traquejo que eu tinha
Depois de muito trabalho que eu mostrei a ciência minha
Ao passar uma restinga o potro e o boi leveiÂ
Naquele lugar tão triste que morto o rapaz achei
Soluçando de saudade uma cruz ali finqueiÂ
Com a ponta da minha faca estas palavras gravei
Descase em paz Ferreirinha que a empreitada eu terminei
Tempo De Criança
Quanta saudade sinto da nossa casinha
Bem pertinho da pracinha da matriz lá do lugar
Ainda criança vibrava de alegria
Ouvindo as melodias dos sinos a tocar
Quanta saudade das fogueiras de São João
Dos arvoredos enfeitados de balões
Das caboclinhas pés no chão iam rezando
E a bandinha ia tocando no final da procissão
Salve a mãe do Redentor, a Senhora Aparecida
Salve a mãe do Redentor, a Senhora Aparecida
E aos domingos levantava bem cedinho
Vestia meu terninho e corria pra capela
Rezava apenas uma prece Ave Maria
Mas o que eu queria é sentar pertinho dela
Quanta saudade dos balanços de cipó
Quando eu escondia os chinelos da vovó
Da escolinha, nove e oito dezesseis
Ai meu Deus que bom seria
Ser criança outra vez
Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar
Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar
Seu Pai Me Disse
Sei que seu pai vai proibir nosso namoroÂ
Falou a todos que não dá o consentimentoÂ
Ele falou que não quer ver a minha caraÂ
Vai fazer tudo contra o nosso casamentoÂ
Disse também que vai trancar você no quartoÂ
E vai lhe dar uma semana de castigoÂ
Se for verdade eu prometo meu benzinhoÂ
Que derrubo a casa toda mais levo você comigoÂ
Não é preciso ficar triste meu benzinhoÂ
Enxugue teu rostinho porque vou lhe dizerÂ
Se for preciso quebro porta e janelaÂ
Cadeado e tramela, mas me caso com vocêÂ
Não é preciso chorar tanto meu benzinhoÂ
Estou aqui pra consolar a tua dorÂ
Não há ninguém que nos afaste um do outroÂ
Somente Deus pode impedir o nosso amorÂ
Está escrito no livro da profeciaÂ
Que os mandamentos ninguém pode mudarÂ
O nosso amor viverá eternamenteÂ
Gosto tanto de você e ninguém vai nos separarÂ
Não é preciso ficar triste meu benzinhoÂ
Enxugue teu rostinho porque vou lhe dizerÂ
Se for preciso quebro porta e janelaÂ
Cadeado e tramela, mas me caso com você
Os Três Santos
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Arranjei a namorada São Pedro fez ficar noivoÂ
Santo Antônio fez casarÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Arranjei a namorada São Pedro fez ficar noivoÂ
Santo Antônio fez casarÂ
No dia de santo Antônio a garota eu namoreiÂ
Em são João eu fiquei noivo em são Pedro eu me caseiÂ
No são João do outro ano em meu lar alguém nasceuÂ
Santo Antônio foi padrinho do primeiro filho meuÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Arranjei a namorada São Pedro fez ficar noivoÂ
Santo Antônio fez casarÂ
Todo ano em meu terreiro quando o mastro é erguidoÂ
Faço festa em louvor para os três santos queridosÂ
Se agora eu sou feliz tenho amor no coraçãoÂ
Agradeço a santo Antônio, a São Pedro e são JoãoÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Eu pedi a são João pra ele me ajudarÂ
Arranjei a namorada São Pedro fez ficar noivoÂ
Santo Antônio fez casarÂ
Padrinho De Casamento
Fui convidado para ser padrinhoÂ
De uma moça que vai ser casarÂ
O seu convite aceitei sorrindoÂ
O seu pedido não pude negarÂ
 Vou entra com ela na igrejaÂ
Com o meu coração magoadoÂ
Vou padecer sem contar pra ninguémÂ
Que pela noiva estou apaixonadoÂ
Quem devia se casar com elaÂ
Era eu e não outro qualquerÂ
Vou ser padrinho de casamentoÂ
De quem devia ser minha mulherÂ
Quando todos na igreja estiveremÂ
Reunidos com grande fervorÂ
Vou beijar o rostinho da noivaÂ
Mas meu beijo será por amorÂ
Quando ela chorar de alegriaÂ
Eu também vou chorar de amargorÂ
Os convidados não vão perceberÂ
Que por ela choro meu pranto de dor
Quem devia se casar com elaÂ
Era eu e não outro qualquerÂ
Vou ser padrinho de casamentoÂ
De quem devia ser minha mulherÂ
Muleta De Arueira
Não suportando mais o peso da idadeÂ
Um pobre velho já cansado de sofrer
Chamou seu filho e com lágrimas nos olhosÂ
Disse pra ele, muito breve eu vou morrerÂ
Jesus me chama vou partir pra eternidadeÂ
Está chegando a minha hora derradeiraÂ
Filho querido, por lembrança de seu paiÂ
Vou lhe deixar minha muleta de aroeira
Porém o moço todo cheio de ironiaÂ
Disse ao velhinho com o gesto de homem mal
Já que o senhor não vai deixar nenhum dinheiroÂ
Pra que me serve este pedaço de pau
Pois eu sou moço e preciso de riquezaÂ
Para a vaidade das mulheres sustentarÂ
E o senhor pode morrer bem sossegadoÂ
Sua muleta ninguém mais vai ocupar
Um certo dia o castigo do destinoÂ
Sem esperar aquele moço recebeu
Num acidente de automóvel na estradaÂ
Uma das pernas para sempre ele perdeu
Os seus amigos e as mulheres lhe deixaramÂ
Sua vaidade para sempre se acabouÂ
Por mãos de outros teve que voltar aindaÂ
Pra mesma casa que um dia desprezouÂ
Chegando em casa descobriu que o velhinhoÂ
A este mundo já não pertencia mais
Chorou de dor vendo a casa abandonadaÂ
Sentiu remorso do que fez ao pobre pai
Hoje ele vive se arrastando pelas ruasÂ
De porta em porta implorando a caridadeÂ
E a muleta que o velho pai deixouÂ
É quem ajuda caminhar pela cidade
Artista Sincero
Menina por sua colega recebi o seu recadoÂ
O bilhete que mandei chegou um pouco atrasado
Mas ainda chegou a tempo antes do prazo marcadoÂ
Conforme eu escrevi fica tudo terminadoÂ
Falei com sua famÃlia, mas eu não tinha pensadoÂ
Que um artista de futuro é cedo pra ser casadoÂ
É linda e tem estudo seu futuro é reservadoÂ
Desejo felicidade arrume outro namoradoÂ
Quero te pedir perdão espero ser perdoadoÂ
Quero te apertar a mão já está justificadoÂ
A razão de eu te deixar juro perante o SagradoÂ
O mau que eu te desejo Deus que me mande dobradoÂ
Não vou te mandar um presente pra ninguém ficar enciumadoÂ
Mas te ofereço estes versos traga contigo ficou guardadoÂ
Não faço isso pra magoar nem pra tocar no passadoÂ
Se você quiser me ouvir deixe o seu rádio ligado
Músicas do álbum Mãezinha Querida (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9083) - (1967)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Mãezinha Querida | Léo Canhoto | Toada Balanço |
Estrelinha Querida | Letinho | Carrilhão |
Apartamento 37 | Léo Canhoto | Corrido |
Lembrei De Ti | Bambico / Benedito Seviero | Cana Verde |
Potro Pagão | Léo Canhoto / Jacozinho | Rojão |
Companheiro Do Ferreirinha | Pinheirinho / Galdino | Moda De Viola |
Tempo De Criança | Meirinho / Tony Damito | Milonga |
Seu Pai Me Disse | Léo Canhoto | Rojão |
Os Três Santos | Meirinho / Benedito Seviero | Corrido |
Padrinho De Casamento | Léo Canhoto | Guarânia |
Muleta De Arueira | Léo Canhoto / Jacó | Rojão |
Artista Sincero | Geraldinho / Vilela | Rasqueado |