Os Cowboys Andarilhos (BRASILRURAL 08136) - (1981) - Carlos Cézar e Cristiano

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O Vai E Vem Do Carreiro
Carreiro vai, carreiro vem
Beirando matas, cordilheiras campos e espigões
Na estrada azul, dos matagais
Lhe acompanham passarinhos vindos dos sertões
No peito seu eu sei que tem
Seis bois puxando o carro triste do seu coração
É a saudade emparelhada com a lembrança
O amor, a esperança, desespero e solidão

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

Carreiro vai, carreiro vem
Para bem longe do filhinho que ficou no lar
Bem cedo sai e à tarde vem
Deitar nos braços de Chiquinha sempre a lhe esperar
Solta seus boislá no curral
Quando no morro surge o claro raio de luar
Pega na viola pra cantar sua poesia
Quando fora a brisa fria, vem com ele duetar

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

No vai e vem, que o mundo dá
Vai o seu rastro rabiscando pedras e areões
Dois riscos só deixa no pó
E o orvalho tremulando sobre mil botões
Igual o sol passa por nós
E a tarde deita no poente para repousar
Solta a boiada de estrelas cintilantes
Ruminando lá distante pelos campos do luar

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

Mundo De Dor
Vai coração cruel não me maltrate assim 
O amor quando é demais chega a ser ruim
Eu conheci alguém que me deu tanto amor 
E quando foi embora deixou para mim um mundão de dor
E quando foi embora deixou para mim um mundão de dor

Um coração mal acostumado é perigoso 
Se torna fraco, doloso e manhoso 
Se alguém magoa chega a morrer
Quando o amor passa dos limites do pensamento 
É doido, é triste vira tormento 
É bem difícil alguém entender

Berrante De Ouro
Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê
Vou cuidar melhor, porque foi ele quem me deu você

Nesta casinha junto ao estradão faz muito tempo eu parei aqui
Vem minha velha vamos recordar quantas boiadas eu já conduzi
Fui berranteiro e ao me ver passar você surgia me acenando a mão
Até que um dia eu aqui fiquei preso no laço do seu coração
Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê
Vou cuidar melhor, porque foi ele que me deu você

Me lembro o dia em que eu aqui parei daquela viagem não cheguei ao fim
Foi a boiada e com você fiquei e os peões dizendo adeus pra mim
Vem minha velha veja o estradão e o berrante que uniu nós dois
Nuvens de pó que para traz deixei recordações do tempo que se foi
Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê
Vou cuidar melhor, porque foi ele que me deu você

Naquele tempo que bem longe vai o meu berrante repicando além
Ecos de choro vindo do sertão ao recordar fico a chorar também
Não é de ouro meu berrante não, mas para mim ele tem mais valor
Porque foi ele que me deu você e foi você quem me deu tanto amor

Mercedita
Recordo com saudade teus encantos Mercedita
Perfumada flor bonita me lembro que uma vez
A conheci num campo muito longe numa tarde
Hoje só ficou saudade deste amor que se desfez

Assim nasceu o nosso querer com ilusão com muita fé
Mas eu não sei porque essa flor deixou-me dor e solidão
Ela se foi com outro amor assim me fez compreender 
O que é querer, o que sofrer, por que lhe dei meu coração

O tempo foi passando as campinas verdejando
A saudade só ficando dentro do meu coração
Mas apesar do tempo já passado Mercedita
Esta lembrança palpita na minha triste canção

Y así nacío nuestro querer com ilusión, com mucha fé
Pero no sé porque la flor se marchitó y morriendo fué
Y amandola con loco amor así llegué a comprender
Lo que es querer, lo que es sufrir porque le di mi corazón

Cavalinho De Pau
Um menino só tinha um brinquedo na vida um pau de vassoura gentil cavalinho
Com ele pulava, com ele corria, com ele zangava falando sozinho
Eu homem já feito ao ver a criança me vem na lembrança a infância perdida
Menino mimado, menino educado não tive cavalo de pau nesta vida

Cavalinho, meu cavalinho, sempre alegre a galopar
Deixe que eu sonhe sozinho não me faças recordar
Cavalinho, meu cavalinho, cavalinho de minha ilusão
Leve pra longe a saudade não maltrate o meu coração

Talvez minha mãe zelando por mim com amor e cuidado de um tombo qualquer
Tirou-me das mãos o simples brinquedo que todo menino no mundo só quer
Ao ver um garoto brincar sossegado alegre montado em seu cavalinho
Eu homem já feio ainda guardo no peito saudade da infância soluço baixinho

Cavalinho, meu cavalinho, sempre alegre a galopar
Deixe que eu sonhe sozinho não me faças recordar
Cavalinho, meu cavalinho, cavalinho de minha ilusão
Leve pra longe a saudade não maltrate o meu coração

Tu Solo Tu
Veja como ando mulher por te querer
Sofrendo e me embriagando pelo teu amor
Veja como ando mulher 
Eu vivo a minha tristeza num mundo de dor

Tú sólo tú, é a causa de eu viver sofrendo 
Chorando, bebendo, morrendo de amor
Tú sólo tú, em pedaços deixou minha vida
Minha alma ferida sangrando de dor

A tua sombra fatal, sombra do mal
Me segue por qualquer caminho que eu tente seguir
E pra eu tentar te esquecer 
Eu tomo um porre sentido tentando fugir

Tú sólo tú, é a causa de eu viver sofrendo 
Chorando, bebendo, morrendo de amor
Tú sólo tú, em pedaços deixou minha vida
Minha alma ferida sangrando de dor

Boiadeiro Errante
Com destino a Goiás, auê, uê, uê, boi, deixei Minas Gerais, uê boi

Eu venho vindo de uma querência distante
Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra
O meu cavalo corre mais que o pensamento
Ele vem no passo lento porque ninguém me espera 
Tocando a boiada, auê, uê, uê, boi 
Eu vou cortando estrada uê, boi
Tocando a boiada, auê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada, uê, boi

Sou um boiadeiro minha gente o que, quê há
Deixa o meu gado passar vou cumprir com a minha sina
Lá na baixada quero ouvir a seriema
Pra lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas
Ela é culpada, auê, uê, uê, boi
De eu viver nas estrada, uê, boi
Ela é culpada, auê, uê, uê, boide
De eu viver nas estrada, uê, boi

Toque o berrante com capricho Zé Vicente
Mostre para essa gente o clarim das Alterosas
Pegue no laço não se entregue companheiro
Chame o cachorro campeiro que esta rês e perigosa
Olhe na janela, auê, uê, uê, boi
Que linda donzela, uê, boi
Olhe na janela, auê, uê, uê, boi
Que linda donzela, uê, boi

O rio tá calmo e a boiada vai nadando
Veja aquele boi berrando Chico Bento corre lá
Lace o mestiço salve ele das piranhas
Tira o gado das campanhas pra viajar continuar
Com destino a Goiás, auê, uê, uê, boi
Deixei Minas Gerais, uê, boi
Com destino a Goiás, auê, uê, uê, boi
Deixei Minas Gerais, uê, boi

Menina Da Favela
Quando a menina da Favela do Rochedo
Dominada pelo medo do barraco desabar
Saiu para fora e sente o vento em seus cabelos
Ela faz um novo apelo para o vento não soprar

O seu vestido de pedaços de retalhos
É o simples agasalho que o mundo recusou
O seu barraco de pedaços de madeira
É a prova verdadeira que a menina precisou

O seu cabelo é beleza rara
O seu destino é igual ao meu
Em minha casa está faltando ela
Em seu barraco está faltando eu

Igual a um ronco arrolhante no telhado
Ela vê o outro lado de um mundo que não tem
Vê nos olhares o desprezo a favela
Vê a grade, vê a cela, e seu pai que nunca vem

Vê o caminho, vê o vulto, vê o rio
Vê o sol nascer com frio, e a nuvem tremular
A lua cheia, o brasão da esperança
Nasce dentro da criança que a menina quer cantar

O seu cabelo é beleza rara
O seu destino é igual ao meu
Em minha casa está faltando ela
Em seu barraco está faltando eu

O Homem E A Natureza
Sobre chão de pedra e pó longa estrada percorri
E cheguei para contar o que vi
Natureza em me fiz dos lugares de onde vim
Vi cair muitas manhãs sobre mim

Como aquele por do sol colorindo aquela flor
Vi naquele azul do céu imenso amor
Vi naquele lago azul que eu deixei lá para trás
A paisagem refletiu imensa paz

Senti sombra refrescar os meus rastros, pé no chão
Vi floresta colorida, meu verão
Para as noites clarear fiz da luz meu farol
E de dia recebi o amigo sol

Mil estrelas vi brilhar, vi orvalho no capim
Junto a estrada de meu sol que não tem fim
Se o mundo fosse assim toda dor era melhor
Ia ser pro nosso ser bem melhor

Cachoeira
Mande a cachoeira, mãe, mande o meu sertão aqui 
Mande a lua me buscar, mãe, eu não sei como sair 

A senhora me falou que eles iam me ensinar 
Mas perdido como estou, mãe, não consigo me encontrar
Mãe aqui onde estou não há terra pra pisar 
Não há campos verdejantes, nem boiada a ruminar

E agora mãe onde tá tudo aquilo, tudo aquilo que sonhei
Onde está, onde esta tudo aquilo que pensei encontrar, não sei 

Mande a cachoeira, mãe, mande o sertão aqui 
Mande a lua me buscar, mãe, eu não sei como sair

Vim buscar sabedoria que a senhora mandou 
Mas aí no meu sertão sabedoria ficou 
Aqui sem minha viola sou matuto arrependido 
Tentando encontrar de novo o meu sertão colorido

O seu cabelo é beleza rara
O seu destino é igual ao meu
Em minha casa está faltando ela
Em seu barraco está faltando eu

Pássaro Tiui
Conta uma lenda paraguaia que um alegre indiozinho de uma tribo Guarani
Por gostar de mais de passarinhos procurava os seus ninhos pelos campos e jardins
Num dia de sol o indiozinho subiu numa laranjeira sua mãe o avistou
E ao gritar seu nome ele assustou caindo ao solo seu corpinho nunca mais se levantou
Naquele dia a tribo guarani ouviu um novo passarinho a cantar Tiuí, Tiuí

Hoje pelos campos paraguaios quando chega a primavera e a tarde é de calor
Ouve-se por sobre a laranjeira ou qualquer fruta campeira este pássaro cantor
Lembra o pequeno indiozinho fazem preces de carinho pro menino guarani
Parece que ao ouvir a oração no brado verde do sertão seu canto triste faz sem fim
Saudade do pequeno indiozinho que é hoje um passarinho a cantar Tiuí, Tiuí

Ella
Já cansei de rogar-lhe 
Já cansei de dizer-lhe que eu sem ela estou morrendo 
Mas não quis escutar-me 
E seus lábios se abriram para dizer-me já não te quero

Eu senti minha vida
Se perder num abismo de amargura e sentimento 
Ela quis ajudar-me ao sentir minha dor
Mas já estava escrito que aquela noite perdi seu amor
Os Cowboys Andarilhos (BRASILRURAL 08136)

Músicas do álbum Os Cowboys Andarilhos (BRASILRURAL 08136) - (1981)

Nome Compositor Ritmo
O Vai E Vem Do Carreiro Carlos Cezar / José Fortuna Toada
Mundo De Dor Carlos Cezar Rasqueado
Berrante De Ouro Carlos Cezar / José Fortuna Toada
Mercedita Ramon Sixto Rios - Versão: Belmonte Rasqueado
Cavalinho De Pau Amarai / Cloves Brunelli Corrido
Tu Solo Tu José Alfredo Gimenes - Versão: Carlos Cezar Rancheira
Boiadeiro Errante Teddy Vieira Toada
Menina Da Favela Carlos Cezar / Morgado Guarânia
O Homem E A Natureza Hedy West / José Fortuna Toada
Cachoeira Jaime Sandoval / José Homero Toada Balanço
Pássaro Tiui Pitaguá / Carlos Cezar / Paulo Roberto Ayello Polca
Ella Felipe Valdez Leal Versão: Carlos Cezar Rancheira
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