Cacique E Pajé (1989) (RGE 3086208) - (1989) - Cacique e Pajé
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Baixinha
Baixinha, oi paixão
Essa baixinha me tira da fossa
Mesmo sabendo que seu pai é fogo
Falo com ele para ser meu sogro
Baixinha linda da perninha grossa
Eu quero muito essa belezinha
É de meu gosto bem ajeitadinha
Cabelo longo rosto de santinha
Eu gosto dela por que é baixinha
Baixinha, oi paixão
Essa baixinha me tira da fossa
Mesmo sabendo que seu pai é fogo
Falo com ele para ser meu sogro
Baixinha linda da perninha grossa
Essa baixinha me deixou gamado
Seu velho pai está desconfiado
Essa baixinha vai ter que ser minha
E muito breve estarei a seu lado
Baixinha, oi paixão
Essa baixinha me tira da fossa
Mesmo sabendo que seu pai é fogo
Falo com ele para ser meu sogro
Baixinha linda da perninha grossa
Índio Tupy
Lá em Mato Grosso eu nasci na margem do rio Vermelho
Vivo no meio dos Caiapós e Guaranis
Deixei minha tribo e vim pra cidade viver no asfalto
Mas bate no peito e grito bem alto
Sou bem brasileiro sou índio Tupy
Correndo nos campos caçando e pescando assim eu cresci
O grande progresso obrigou-me um dia a viver aqui
Mas quando eu canto minha voz transmite o cheiro da mata
Montanha rochosa, riacho e cascata
Sou bem brasileiro sou índio Tupy
Já faz tanto tempo quase nem me lembro que ficou pra trás
Ranchinho de palha os anos passaram, mas não te esqueci
Por isso que eu canto e levo pros ares tudo de mais belo
Eu tenho o sabor do verde e amarelo
Sou bem brasileiro sou índio Tupy
Dupla Saudade
Depois de passar pelas curvas da vida
Cheguei rastejando na reta final
Pra tirar do peito a saudade doída
Resolvi rever o meu berço natal
Passei por chapadas, riachos e serras
Por velhos caminhos que não esqueci
E sentindo cheiro da mata e de terra
Cheguei no recanto onde eu nasci
Não vi o angico na beira da estrada
Da antiga porteira só vi o mourão
Da casa que foi minha velha morada
Só vi seus esteios caído no chão
Vi risco de lodo na areia branca
Mostrando que a água da minha secou
Encontrei pedaços de uma retranca
Do manso tordilho que a morte levou
No pé no palanque que o tempo tombou
Na terra parada que foi o mangueiro
Vi marcas profundas que laço deixou
Tropeando potro e boi pantaneiro
E quase coberto pela relva e cipó
Do carro de boi encontrei o cocão
Pedaços de ajoujo que foram sem dó
Atrelando saudade em meu coração
Sentado no resto de um velho cocho
A vida passada eu fiquei relembrando
Olhando as flores de um ipê roxo
Eu senti na garganta um nó me apertando
Uma nuvem de pranto foi tão inimiga
Turvou minhas vistas sem ter piedade
Eu fui pra matar a saudade antiga
E voltei trazendo uma dupla saudade
Violeiro Marrudo
Eu era ainda muito moço, mas modéstia parte de bom sentimento
E foi com relativo esforço que fui garantindo o meu casamento
Fiz planos diversos planos uns deram certo e outros não
Assim se passaram os anos resumindo tudo em decepção, ai, ai, ai
Com sacrifício fui lutando para dar conforto a minha família
Que ia sempre aumentando com o nascimento de filhos e filhas
A minha esposa era boa, mas foi ficando tão ruim
E por qualquer coisinha à toa jogava as crianças todas contra mim, ai, ai, ai
Queria que ficasse preso igual passarinho triste na gaiola
E me tratava com desprezo só porque eu gosto da minha viola
Viola que me deu de tudo pra dar a ela mais conforto
Agora eu fiquei marrudo não deixo da viola nem depois da morte, ai, ai, ai
Já requereu nosso desquite e já que ela insiste tenho que aceitar
O que me deixa mais triste e dos meus filhinhos ter que separar
Pra ela eu sou um bagaço, mas seja lá o que Deus quiser
Com as minhas dez cordas de aço vou cair nos braços de outra mulher
Paraná Do Norte
Sou filho do norte do meu Paraná nascido e criado lá em Cambará
Lugar de riqueza miséria não há quem quiser dinheiro é só trabalhar
O paranaense do sul ou do norte é bem decidido e rijo é forte
Enfrenta o perigo zombando da morte cortando madeira ou fazendo transporte
Cornélio Procópio também tem fartura sua terra vermelha tem agricultura
Seu povo feliz tem muita cultura tem cada morena que é uma formosura
Nesta região não muito distante tem outra cidade futuro gigante
Sua terra se vende a peso de diamante teu nome é da história linda Bandeirante
Em Apucarana chega os boiadeiros com gado de corte e gado leiteiro
Fazendo negócios que muito rendeiro levando a guaiaca cheio de dinheiro
Essa terra é boa não é por falar só não acredita quem não foi por lá
Aqui tão distante vivo a recordar as noites de lua lá de Maringá
Capital do norte dizem que é Londrina eu relembro Santo Antônio da Platina
Em Jacarezinho tem cada menina que tem o valor da libra esterlina
Cantei em Cambé e Mandaguari lá em Arapongas eu me diverti
Paraná do norte terra em que eu nasci fiz minha homenagem vou me despedir
O Trouxa E A Fera
A pintura cobrindo seu rosto, seus cabelos com mechas pintados
Exibindo a todos que passam o otário que está a seu lado
Ele faz o papel de uma flor e ela de abelha africana
Que vagueia nas flores da vida frequentando um jardim por semana
Quem conhece e a vê para rua com jeitinho de meiga e sincera
Mas o povo comenta e cochicha mais um trouxa na unha da fera
Pobre otário talvez não conhece seu presente e nem seu passado
Confiante caminha e não sabe a serpente que está do seu lado
É bonita, formosa e charmosa desfilando ela chama atenção
Mas seu corpo é uma emboscada é rapina e cheia de traição
Quem conhece e a vê para rua com jeitinho de meiga e sincera
Mas o povo comenta e cochicha mais um trouxa na unha da fera
Bom Jesus De Pirapora
Mãe nome sagrado que a gente venera e adora
Criatura que mais se ama depois de Nossa Senhora
Vendo minha mãe paralítica e sem sinal de melhora
Levei ela confiante ao Bom Jesus de Pirapora
Num velho carro de boi saímos estrada afora
Passando em toda viagem perigos de hora em hora
Dormindo nos matarel, onde a pintada mora
Mas quem tem fé neste mundo sofre calado e não chora
Com dez dias de viagem sem a esperança a perder
Do alto de um espigão ouvi um sino gemer
Eu vi a linda paisagem que nunca hei de esquecer
A matriz de Pirapora nas margens do rio Tietê
Até a porta da igreja o meu carro nos conduz
Levei minha mãe nos braços ao altar cheio de luz
Ali me ajoelhei fazendo o sinal da cruz
Beijei a imagem sagrada do abençoado Jesus
E a cura milagrosa deu-se ali naquela hora
Minha mãe saiu andando daquela igreja pra fora
Foi o milagre da fé falo por Nossa Senhora
Bendito sejas pra sempre Bom Jesus de Pirapora
Doidão De Amor
Eu amarro o fogo, mas vou pra casa pra ver meu bem
É nos braços dela tenho carinho que ninguém tem
Quase fico louco saio suando pelo mundo a fora
A saudade aperta eu amarro o fogo mas vou embora
Eu bebo cachaça só pra curar a dor da paixão
Mas nos braços dela eu não preciso cachaça não
Quando eu chego em casa ela vem sorrindo me encontrar
Estou cambaleando ela me abraça pra me beijar
Mesmo embriagado ele me tolera e não faz pirraça
Nesta hora eu juro que nunca mais vou beber cachaça
Eu bebo cachaça só pra curar a dor da paixão
Mas nos braços dela eu não preciso cachaça não
Inquilina De Violeiro
Um rapaz com sua viola vem chegando do interior
Com chapéu de boiadeiro e trajes de lavrador
Em um prédio de São Paulo entrou no elevador
Também entrou uma moça igual um botão de flor
Achando a moça tão bela o rapaz falou pra ela quero ser o seu amor
A mocinha respondeu com um gesto indelicado
Para mim você não passa de um mendigo conformado
Você com essa viola é um caipira atrasado
Não tem onde cair morto e quer ser meu namorado
Só transo com gente nobre você é um rapaz tão pobre, não namoro pé rapado
O rapaz muito educado então disse pra menina
Ando com essa viola pra cumprir a minha sina
Mas sou muito caprichoso só tenho prédio na esquina
Para mim você não passa de uma falsa grã-fina
Onde mora não é seu esse prédio aqui é meu você é minha inquilina
Me chame como quiser de caipira ou de roceiro
Esse chapéu representa o troféu dos boiadeiros
Não largo dessa viola porque sou bom brasileiro
Atrasou seu aluguel vim receber meu dinheiro
Cumpra melhor seu dever sinta orgulho de ser inquilina de violeiro
Futebol De Amor
Fazendo a comparação o jogo do nosso amor
Eu faço o papel da bola e você do jogador
No campo da minha vida alguém me acariciou
Você entrou dividindo driblando me conquistou
Você fez a infração o juiz não apitou
E a sua adversária de tristeza reclamou
Você me matou no peito me pôs no chão e chutou
E pela linha de fundo então você me mandou
O amor me fez voltar não encontrei outro meio
Cheguei rolando a seus pés encontra-me você veio
Me vendo na sua frente você me acertou em cheio
E pra não dar gosto à outra me mandou pra escanteio
Você corre atrás de mim está sempre a minha caça
Mas nunca me faz carinho não me beija nem me abraça
Se entro na sua área sem dó você me rechaça
Mas estou sempre no jogo pra você ganhar a taça
Curtindo A Saudade
Que prazer tenho na vida fingindo viver contente
Dentro das minhas entranhas a saudade é permanente
Ele sobe no meu peito tira até minha atenção
Ele fica remoendo dentro do meu coração
Vai saudade, vai tristeza não volte aqui mais não
Ai, meu Deus por que tanta judiação
Suspiro sai do meu peito, corta espaço e vai a lua
Enquanto a velha saudade no meu peito continua
As raízes foram crescendo tomando conta de mim
Fui perdendo as minhas forças que quase cheguei ao fim
Vai saudade, vai tristeza deixa de ser tão ruim
Ai, meu Deus, não maltrate tanto assim
Como posso ser feliz se amo sem ser amado
Um alguém que tanto quis meu deixou tão desprezado
Foi-se embora pra bem longe nenhuma carta deixou
Fiquei curtindo a saudade e curtindo ainda estou
Vai saudade, vai tristeza, vai buscar o meu amor
Ai, meu Deus não me mate por favor
Saudade Não Tem Cor
Sentei no degrau da porta olhando para o poente
Avistei no por do sol uma nuvem diferente
Avermelhada e brilhante e no formato de gente
Me representou o corpo de um alguém que vive ausente
Revivendo em pensamento nossos momentos de amor
Sinto a mão da saudade no meu peito sofredor
Apertando o coração e me enchendo de dor
Eu só não vi a saudade por que ela não tem cor
O sol se escondeu no monte e a nuvem também sumiu
O negro manto da noite o céu e a Terra cobriu
Só a imagem deste amor que um dia também partiu
Ficou pra ver o pranto que do meu rosto caiu
Nos braços da solidão pela estrada do desgosto
Vou levando o sofrimento estampado no meu rosto
Sem ela em minha vida de viver perdi o gosto
Dos que padecem no mundo eu tenho o mais alto posto
Msicas do lbum Cacique E Pajé (1989) (RGE 3086208) - (1989)
Nome | Compositor | Ritmo |
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Baixinha | José Felipe / Paulo Gaucho | Xote |
Índio Tupy | Cacique / Taubaté | Guarânia |
Dupla Saudade | Jesus Belmiro / Cacique / Tião Carreiro | Cururu |
Violeiro Marrudo | Nonô Basílio | Quemumana |
Paraná Do Norte | Palmeira / Luizinho | Rasqueado |
O Trouxa E A Fera | José Caetano Erba / Pajé | Rojão |
Bom Jesus De Pirapora | Serrinha / Ado Benati | Toada |
Doidão De Amor | Tião Do Carro / Cacique | Rojão |
Inquilina De Violeiro | João Gonçalves / Cacique / Tomaz | Pagode |
Futebol De Amor | Tião Do Carro / Nho Chico | Rasqueado |
Curtindo A Saudade | Zé Matão / Pajé | Cururu |
Saudade Não Tem Cor | Jesus Belmiro / Cacique | Rasqueado |