Gente De Minha Terra (CLP 9151) - (1972) - Belmonte e Amaraí

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Gente de minha terra
Fiz tanta homenagem ao interior e ao trabalhador de alma gentil
Os versos que fiz os colegas gravaram e se espalharam por este Brasil
E a saudade de minha terra tornou-se um hino na voz do meu povo
Porque quem deixou sua terra querida embora alcançando sucessos na vida
Não há que não queira revê-la de novo

Quem é que esquece o campo, a cascata, o lago, a mata, a pesca de anzol
O gado pastando o capim do atalho, molhado de orvalho brilhando ao sol
E a gentileza daquele povo que à todos dispensa o mesmo calor
Eu gosto da vida também da cidade, e sei que existe a felicidade
Mas deve ser filha do interior

Nos bailes da roça eu sempre cantava, alguém que me amava chorava por mim
Depois eu dançava no grande terreiro sentindo o cheiro da flor de jasmim
E até hoje ainda sinto aquele perfume pairando no ar 
Que faz reviver a feliz mocidade é um perfume da doce saudade
Que nada no mundo consegue apagar 

É quase um mistério a vida da gente a luta da mente é quase que vã
Aquilo em que hoje se vê naufragada talvez será nada em nosso amanhã
E a saudade de minha terra está em minh’alma e em todo o meu ser
No palco da vida eu vou trabalhando mas quando sentir a cortina fechando
É na minha terra que eu quero morrer

Faz um ano
Se eu pudesse te contar 
Como eu sofro noite e dia
Se eu soubesse onde estás
Ao teu lado eu voltaria
Faz um ano que eu choro noite e dia
Faz um ano que eu padeço 
De saudade vida minha

Ainda existe a palmeira
Lá na gruta três Marias
Tua sombra nosso abrigo
Nos domingos de tardinha
No tronco da palmeira já está se apagando
Os versos de amor que escrevemos
Dentro de um coração

Mais um dia que se acaba
Outra noite que aproxima
Um suspiro que anuncia
Outra lágrima perdida
Faz um ano que eu choro noite e dia
Faz um ano que eu padeço
De saudade vida minha

Visita à Goiás
Qualquer dia destes pego um avião
E vou pra Goiás matar uma saudade
Descer em Goiânia que felicidade
Rever a cidade que amo demais
Quero visitar a sede dos artistas
Rever meus colegas artistas goianos
Voltar aos tempos dos meus vinte anos
Que a mente saudosa não esquece mais

Faço uma entrevista com o Morais César
Depois o Claudino quero conhecer
Aqui distante sempre ouvi dizer
Dos belos programas que esta gente faz 
Naquela terra vivi muitos anos
E com orgulho aqui eu confesso
Se os meus discos fizeram sucesso 
Uma grande parte eu devo a Goiás

Quero visitar o bazar Paulistinha
Ver o Waldomiro velho companheiro 
E convidá-lo para meu parceiro
Numa pescaria no rio Araguaia
Depois pretendo rever as fazendas
E revivendo um tempo saudoso
Ouvir o pio do Jaó manhoso
Nas matas goianas quando o sol desmaia

Cavalo branco
Aqui vai a história do cavalo branco
Que partiu deixando poeira na estrada
Eu ia montado feliz galopando
Partindo em busca da mulher amada

Igual um foguete avançando sempre
Meu cavalo branco embora cansado
Cruzou as planícies e campos floridos
Entre os vales verdes de um céu azulado

Por onde passamos deixamos saudade
Nas águas da fonte nas flores do campo
No canto das aves que alegre acordaram
Com o bater dos cascos do cavalo branco

Chegando ao destino da longa viagem
Voltei em seguida com carga dobrada
Porque na garupa do cavalo branco
Sorrindo eu trazia a mulher amada

Daquela aventura só resta-me agora
Aquela que é hoje por mim tão querida
Fazem tantos anos que até meus cabelos
Também branquearam ao longo da vida

Meu cavalo branco agora velhinho
Me faz recordar com saudade o passado
Quando ele ajudou-me trazer ao meu ninho
Aquela que vive feliz ao meu lado

Presença de Deus
Agora voltei depois de muitos anos vim ver a querência onde eu nasci
Depois de passar tantos desenganos só Deus é quem sabe o quanto sofri
Depois de falhar mil e tantos planos longe do papai, da mãezinha e dos manos
De tanta saudade eu quase morri
  
Daqui eu partira em busca de riqueza e ficou aqui minha felicidade
Conheci no mundo alegria e tristeza sofri de paixão, amargura e saudade
Da gente cabocla e da sua pureza das lindas paisagens da mãe natureza
Disto eu senti falta na grande cidade

Aqui eu deixara o luar cor de prata e os bons amigos com sinceridade
Deixei passarinhos cantando nas matas e fui ver de perto o que é a cidade
Eu trocara o lenço por uma gravata depois percebi que a troca era ingrata
Pois nela eu perdi minha tranqüilidade

Se agora voltei eu não sou um novato pois aqui vivera alguns anos meus
Bem diz o ditado e eu acho que é fato que um dia o bom filho regressa aos seus
Não suportei mais ficar sem contato e quanto mais se aproximo do mato
Mais eu vou sentindo a presença de Deus 

Meu pequeno Cachoeiro
Eu passo a vida recordando de tudo quanto aí deixei 
Cachoeiro, Cachoeiro vim ao Rio de Janeiro 
Pra voltar e não voltei 
Mas, te confesso na saudade das dores que arranjei pra mim 
Pois todo pranto destas mágoas inda irei juntar às águas 
Do teu Itapemirim

Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras entre as serras 
Doce terra onde eu nasci 

Recordo a casa onde eu morava o muro alto o laranjal 
Meu flamboyant na primavera que bonito que ele era 
Dando sombra no quintal 
A minha escola, a minha rua, os meus primeiros madrigais 
Ai como o pensamento voa ao lembrar a terra boa 
Coisas que não voltam mais 

Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras entre as serras 
Doce terra onde eu nasci 

Cavalo preto valente
Cavalo preto valente, como esquecer-te,  te devo a vida
Quando ia ser fuzilado, pelos soldados, de Pancho Villa
Naquela noite nublada, numa avançada na escuridão
Fui preso e desarmado,e condenado ao paredão

E quando estava a caminho disse o Vila ao seu assistente
Me afaste esse cavalo que ensinado e muito valente
Sabia que não me escapava e só pensava na salvação
Pedi a Deus pelos meus pecados E ao meu cavalo acenei a mão

Recordo o que me falaram  faça um pedido ao vosso gosto
Eu quero ser fuzilado em meu cavalo preto lustroso
E quando em ti ver montado e preparar a execução
Tu avançaste matando, todos soldados do pelotão

Adeus Mariquita linda
Adeus Mariquita linda
Vou tentar esquecer os bons momentos que contigo desfrutei
É como quem deixa a vida
Do que adeus na certeza de que longe dos teus olhos morrerei
Adeus linda flor silvestre
Pedaço de bom caminho te perdi dos jardim dos meus amores
Es a mais linda das flores que plantei e não colhi

Adeus linda for serrana
Ao deixar-te despeço-me das flores que perfumam teu jardim
Despeço-me da casinha 
Do sininho de som e do romance que tão cedo teve fim
É a tua indiferença
Que faz apagar-se a luz dos olhos meus
Antes de deixar a vida numa lágrima sentida
Deixo o meu último adeus

Do mundo nada se leva
Quando estou viajando cruzando campos e serras 
Meu coração se alegra se passo por minha terra
O rincão é mais florido a natureza é mais bela
Gosto de minha querência por ser risonha e florida
Onde vive em criança a minha infância querida
Não sai de minha lembrança aquela gente amiga
Vamos sorrir e cantar quem está triste se alegre
A nossa vida é curta do mundo nada se leva
A nossa vida é curta do mundo nada se leva

Vida triste ou vida alegre a vida do cancioneiro
Sorrindo as vezes com mágoa cantando com desespero
Bebendo de todas águas do nosso chão brasileiro
Sendo triste ou sendo alegre eu adoro minha lida
Cantando que conheci a minha prenda querida
Viverá sempre comigo o resto de minha vida 
Vamos sorrir e cantar quem está triste se alegre
A nossa vida é curta do mundo nada se leva
A nossa vida é curta do mundo nada se leva

Carreta da fronteira
Quando o dia vem raiando nas campinas orvalhadas
Minha carreta na serra vai cantando apaixonada
Seu cantar é conhecido pela minha doce amada
Que se apronta e vem correndo me esperar lá na estrada
Nosso encontro é festejado com carícias de amor
Sinto então na minha boca nos seus lábios o calor
E depois das nossas juras digo adeus à minha flor
A carreta vai cantando consolando a minha dor

Lá se vai à estrada afora a carreta da fronteira
Vai se perdendo de vista minha linda feiticeira
A carreta campesina já cruzou muitas fronteiras
Carregada de amizade paraguaia e brasileira
Nosso encontro é festejado com caricias de amor
Sinto então na minha boca nos seus lábios o calor
E depois das nossas juras digo adeus à minha flor
A carreta vai cantando consolando a minha dor

Só me resta esquecer
Recebi o seu recado através de um amigo
Que você já não me ama e nem quer falar comigo
Eu não posso compreender essa sua indecisão
Você sempre me jurava que era meu seu coração
Eu não vou sofrer eu não vou chorar
Por você dizer que não quer me amar
Segue seu caminho que o destino quis
Eu só lhe desejo que seja feliz

Eu não sei qual o motivo desse seu procedimento
Já faltava pouco tempo para o nosso casamento
Se você tem outro amor não é preciso esconder
Se é esse o motivo só me resta lhe esquecer
Eu não vou sofrer eu não vou chorar
Por você dizer que não quer me amar
Segue seu caminho que o destino quis
Eu só lhe desejo que sejas feliz

Por ser vagabundo
Eu não tenho parentes nem amigos
Eu vivo sozinho por este mundo
E as pessoas que passam por mim
Viram o rosto por eu ser vagabundo

Ninguém sabe que eu sendo tão pobre
Eu vivo contente com meu sofrimento
Como amigo eu tenho a lua
o sol e as estrelas e os quatro ventos
Eu não quero ninguém que me queira
E a ninguém eu vou implorar
Sou mais livre que todas as ondas
Que beijas as praias e voltam pro mar

Eu não devo e ninguém me deve
Eu vivo a vida sem preocupação
Vem a noite amanhece o dia
Eu vou pelo mundo cantando uma canção

Eu caminho pela cidade
Se eu estou cansado eu paro na esquina
Pra esquecer o meu sofrimento 
Eu bebo sozinho em qualquer cantina
Eu não quero ninguém que me queira
E a ninguém eu vou implorar
Sou mais livre que todas as ondas
Que beijas as praias e voltam pro mar

Músicas do álbum Gente De Minha Terra (CLP 9151) - (1972)

Nome Compositor Ritmo
Gente De Minha Terra Goiá / Almir / Pereirinha Rasqueado
Faz Um Ano Miltinho Rodrigues Valsa
Visita À Goiás Goiá / Sidon Barbosa Rasqueado
Cavalo Branco José A. Jimenez / Versão: José Fortuna Rancheira
Presença De Deus Julião Saturno / Belmonte Rasqueado
Meu Pequeno Cachoeiro Raul Sampaio Bolero
Cavalo Preto Valente Belmonte / Miltinho Valsa
Adeus, Mariquita Linda Marcos A Gimenez / Versão: Francisco Ãvila Bolero
Do Mundo Nada Se Leva Belmonte / Jorge Paulo Carrilhão
Carreta Da Fronteira Diosnel Chase / M. C. Ocampo - Versão: Palmeira Polca
Só Me Resta Esquecer Amaraí / Piragí Polca
Por Ser Vagabundo Ernesto Juarez - Vers : Miltinho Rodrigues Corrido
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