Gente De Rádio (GGLP 056) - (1986) - Amoroso e Amaraí

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Dilema de amor
Se a saudade matasse alguém 
Há muito tempo eu teria morrido
Desde o dia em que ela se foi 
O meu viver não tem mais sentido
Aqui distante lembra meu passado 
Queria tê-la de novo ao meu lado
E não estar assim como estou

Que dias tristes tenho passado
Tão distante dela nesse dilema pergunto se ela
Está sozinha ou tem outro amor

O tempo passa a saudade aumenta
O meu sofrer aumenta muito mais
Ela brincou com meu sentimento
Isso é coisa que não se faz
Nunca pensei que num semblante amigo
Tivesse tanto desprezo escondido
E só amargura em meu peito causou

Que dias tristes tenho passado
Tão distante dela nesse dilema pergunto se ela
Está sozinha ou tem outro amor

Quem eu amo vive longe
Que me toque essa canção
Quem eu amo vive longe
Faz tanto tempo que lhe espero
E vive longe, longe daqui

Que me toque essa canção
Que suas notas elevem minh’alma
Conhece a terra bela e amiga
Que conheci meu bem querer

Por amor a Deus lhe peço
Bom amigo cancioneiro
Eu me encontro em desespero
E não consigo mais esperar

Toque outra vez essa música
Porque eu estou partindo
Nesse instante estou saindo
Meu amor vou encontrar

Lamento de caboclo
Por um trilho estreito entre samambaia
De chapéu de palha eu ia para mina
Enchia o corote com a canequinha
De água fresquinha, limpa e cristalina

Depois me assentava no barranco ao lado
E entusiasmado eu ficava olhando
A queda da água rodando o moinho
E no ribeirãozinho mujolo malhando

A tarde eu deixava o mujolo parado
E o arroz socado eu levava pra janta
Corria na venda comprava envelope
Voltava a galope no cavalo pampa

Tomava um traguinho Jantava bastante
Achava importante escrever pros parentes
Contanto que a roça estava limpinha
E que ninguém tinha ficado doente

Mas minha pobreza foi contaminando
Aos poucos tirando esta felicidade
Embora a roça fosse um berço sagrado
Me vi obrigado a mudar pra cidade

Passei a comer só arroz de pacote
Troquei o corote por filtro esmaltado
Nem carta escrevo pois vivo sozinho
Só vejo moinho do super-mercado

Se vejo mujolo movido a motores
Só em casa de flores vejo samambaia
Mas fico orgulhoso por ver margaridas
Limpando avenidas de chapéu de palha

A grande saudade que tenho guardada
Será revelada se um dia eu voltar
Então pedirei perdão ao presente
Pra eternamente na roça eu ficar

Saudade
Saudade palavra rica que martiriza e fica dentro de um coração
Da felicidade morta que a saudade conforta trazida deu ma paixão
Saudade eu tenho de alguém uma saudade que vem de uma distância sem fim
Será que ela também na falta de um outro alguém sente saudades de mim

Eu vivo sempre pensando meus olhos vivem chorando não tenho felicidade
Estou morrendo aos poucos o que me deixa mais louco é a maldita saudade

Os olhos da alma
Aquele moço de alma boa e muita crença
É cego de nascença tinha o sonho de enxergar
Com trinta anos já era considerado 
Um dos bons advogados que havia no lugar

Mas o seu sonho não saia da mente
Queria ver sua gente nas obras do Criador
Sonhava ver as paisagens coloridas
E a sua esposa querida por quem tinha um grande amor

Para o seu sonho se tornar realidade
Deixou a sua cidade viajou pra capital
Feliz da vida ele seguia confiante
Pois faria seu transplante num famoso hospital

E a cirurgia Teve então grande sucesso
Que marcaram seu regresso bem antes da previsão
Chegando em casa que estava a bela surpresa
Mas recebeu com tristeza a maior decepção

Abriu a porta e sua mulher amada
Seminua e abraçada com o seu melhor amigo
Por um momento preparou seus lindos braços
Mas caindo no fracasso compreendeu que era castigo

E soluçando comentava muito aflito
Esses olhos são malditos pois são contra os sonhos meus
Quando era cego tinha paz, amor e calma
Pois com os olhos da alma eu só via o que é de Deus

Mulher de calendário
Perdi a cabeça e rompi o romance
Rasguei os convites desfiz o noivado
Rasguei as passagens de ida e volta
Joguei os presentes que tinha comprado

Bem mais que depressa vendi o que tinha
Deixei minha conta no banco também
Deixei os amigos no mesmo conceito 
Porém fui embora levando no peito
Aquela rachada de mágoa de alguém

Que decepção eu tive do mundo
Que fez o destino prova-me ao contrário
Mostrando a mulher que eu tanto queria
Em frente uma porta de borracharia
Despida e exposta em um calendário

Amei a menina mais bela do mundo
Passou tanto tempo que eu nem se quer
Notei diferença em quem pretendia
Pra ser para sempre a minha mulher

Amamos e fomos Felizes amantes
Mas ela mudou o esquema de amar
E eu amarrado num rabo de saia
Passava por trouxa, restolho e cobaia
E só o acaso me fez enxergar

Que decepção eu tive do mundo
Que fez o destino prova-me ao contrário
Mostrando a mulher que eu tanto queria
Em frente uma porta de borracharia
Despida e exposta em um calendário

Gente de rádio
Caro sertanejo eu vou lhe explicar
Esses versos simples que fiz com amor
O trabalho sério dos heróis anônimos
Também procedentes do interior

Eu rendo homenagem ao discotecário
Ao sonoplasta e ao produtor
Os grandes programas que vão para o ar
Na voz de cansado do bom condutor

Essa gente vive no anonimato
Divulgando a fama de todos artistas
Essa gente sente o cheiro do mato
Tem gente demais no meu ponto de vista

Esses bons caboclos sempre chegam cedo
E mandam pro ar a programação
Através do disco promovem artistas
E à eles não faltam qualquer promoção

Essa gente simples Que operam no rádio
Grande maioria vem lá do sertão
E não vivem em busca de grande sucesso
Tudo o que eles fazem é de coração

Essa gente vive no anonimato
Divulgando a fama de todos artistas
Essa gente sente o cheiro do mato
Tem gente demais no meu ponto de vista

Homem triste
Quando você vê um homem triste
Não o chame coitado
Ele tem suas razões
É um homem apaixonado

Não o faças perguntas
Que não serão respondidas
Com o rosto banhado em prantos
Ele conta sua vida

Em sua vida existe alegria
Emoções e padecimentos
Existe também um amor
Que é a causa do seu sofrimento

Amor de sabor de mulher
São as coisas que no mundo mais existem
Quase sempre são elas culpadas
De um homem viver sempre triste

Operário, vida e viola
Levanto escuro pra suar as botinas
Beijo os meninos e vou trabalhar
Pego o transporte lotado de gente
Ai que vontade ardente de logo assentar

Os treze pontos que arrisquei na quinta
Foi então a quina que eu também tentei
Pobre do pobre só vive de sonho
E eu ponho fé no jogo que joguei

Fim de semana 
A ilusão de poder descansar
Faço meu vale passo no boteco
E tomo um treco pra me enganar

Das minhas mágoas e das minhas dores
Desses ardores que a gente tem
Da vida é dura aqui se vai levando rir
Vadiando neste vai e vem

No meu barraco está faltando tudo
Como é miúdo o salário meu
Igual um pinto apertado no ovo
Vive este povo só de fé em Deus

Mas se a tristeza vem e me amola
Pego a viola e canto uma canção
Eu tenho a nega e os meus meninos
Este é o destino desse cidadão

Pego a viola e canto pros amigos
Falam comigo você vai vencer
Mas não preciso nem gravar um disco 
Eu já sou artista por sobreviver

Travessa da amizade
A esquina do adeu hoje eu cantei baixinho
Só porque você benzinho gosta dela e sempre diz
Que você ser o meu bem minha vida, minha glória
Vou contar-lhe o fim da história dessa música que eu fiz

Antes de você menina tive outra preferida
Mas as coisas desta vida tem princípios e finais
Numa volta do caminho quando o sol ia entrando
Ela ficou soluçando e eu parti pra nunca mais

Já se foram cinco anos desde aquela despedida
Sofri muito em minha vida e jurei não mais amar
Mas pagando ao léu da sorte pelo bairro da saudade
Na travessa da amizade nós cruzamos o olhar

Tal igual um andarilho que no jogo acerta-se
Quis a sorte que eu ganhasse sua doce companhia
Onde o louco amor começa e uma grande dor termina
E você meiga menina hoje é minha alegria

Navegando em verdes mares esqueci os maus caminhos
O farol dos seus olhinhos minha rota iluminou
Você é o meu presente meu futuro encantado
E nas águas do passado a tristeza naufragou

Da esquina do adeus só restou mesmo a canção
Pois você meu coração é o amor que sempre quis
Meu pedaço de esperança, minha vida, meu carinho
Deus lhe pague meu benzinho por fazer-me tão feliz

Músicas do álbum Gente De Rádio (GGLP 056) - (1986)

Nome Compositor Ritmo
Dilema De Amor Amaraí / João Luiz Guarânia
Quem Eu Amo Vive Longe Amoroso / Amaraí Valsa
Lamento De Caboclo Carlos Cezar / Morgado Guarânia
Saudade Tião Carreiro / Zé Matão Valsa
Os Olhos Da Alma Manoelito Nunes / Zé Venâncio Toada Jovem
Mulher Do Calendário Carlos Cezar / Morgado Rancheira
Gente De Rádio Amaraí / Waldemar Reis / Meirinho Rasqueado
Homem Triste Messias / Adriano Rancheira
Operário, Vida E Viola Antonio Victor Toada Ligeira
Travessa Da Amizade Goiá / Sebastião Victor Rasqueado
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