Hoje Eu Não Posso Ir (CALP 8006) - (1972) - Tião Carreiro e Pardinho
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Empreitada Perigosa
Já derrubamos o mato terminou a derrubada
Agora preste atenção meus amigos e camaradas
Não posso levar vocês na minha nova empreitada
Vou pagar tudo que devo e sair de madrugada
A minha nova empreitada não tem mato e nem espinho
Ferramentas não preciso guarde tudo num cantinho
Preciso de um cavalo bem ligeiro e bem mansinho
Preciso de muitas balas e um colt cavalinho
Eu nada tenho a perder pra minha vida eu não ligo
Mesmo assim eu peço à Deus que me livre do inimigo
A empreitada é perigosa sei que vou correr perigo
É por isso que não quero nenhum de vocês comigo
Eu vou roubar uma moça de um ninho de serpente
Ela quer casar comigo a famÃlia não consente
Já me mandaram um recado tão armado até os dentes
Vai chover balas no mundo se nós topar frente a frente
Adeus, adeus Preto Velho, Zé Maria e Serafim
Adeus, adeus ParaÃba, Minerinho e seu Joaquim
Se eu não voltar amanhã podem até rezar por mim
Mas se tudo der certinho a menina tem que vim
Amargurado
O que é feito daqueles beijos que eu te dei
Daquele amor cheio de ilusão que foi a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que me fizeste
Não se importando que o nosso amor viesse a morrer
Talvez com outro estejas vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois tu sonhavas com uma riqueza que eu nunca tive
E se ao meu lado muito sofrestes o meu desejo é que vivas melhor
Â
Vai com Deus sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado que muito sofre por ti amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso creias que ainda te possa ajudar
Vai com Deus sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado que muito sofre por ti amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso creias que ainda te possa ajudar
Pé De Guerra
Eu não quero seu amor só por um dia
Eu quero seu amor pra toda vida
Eu sou manhoso quero ser feliz sozinho
Flor do meu vaso não é pra ser dividida
Por uma rosa eu ponho a mão no espinho
Por uma dona dou a vida combatendo
Chegou a hora você vai trocar de dono
Quem ganha canta e quem chora sai perdendo
Se algum caboclo cismar de parar meus passos
Ele não sabe onde vai por o nariz
E o seu fim é sete palmos de fundura
Comendo sempre o capim pela raiz
Um pingo d’água eu transformo num riacho
Um desaforo faço virar um duelo
De um pé de frango sei fazer um bom virado
De um grão de areia eu já fiz o meu castelo
Homem valente eu já fiz virar medroso
E um carneiro já transformei num leão
De uma guerra eu já fiz o meu brinquedo
Fui empregado agora virei patrão
De uma derrota eu parti para vitória
Uma empregada eu já fiz virar rainha
Uma menina que vivia em outros braços
Virou a cabeça e hoje ela é só minhaÂ
Boiadeiro De Palavra
Boiadeiro de palavra que nasceu lá no sertãoÂ
Não pensava em casamento por gostar da profissão
Mas ele caiu no laço de uma rosa em botãoÂ
Morena cor de canela, cabelos cor de carvão
Estes cabelos compridos quase esbarrava no chãoÂ
E pra encurtar a história era filha do patrão
Boiadeiro deu um pulo de pobre foi à nobrezaÂ
Além da moça ser rica dona de grande beleza
Ele disse assim pra ela com classe e delicadezaÂ
Esses cabelos compridos são minha maior riqueza
Se um dia você cortar nós separa na certezaÂ
Além de te abandonar vai haver muita surpresa
Um mês depois de casado o cabelo ela cortouÂ
Boiadeiro de palavra nesta hora confirmou
No salão que a esposa foi com ela ele voltouÂ
Mandou sentar na cadeira e desse jeito falou
Passe a navalha no resto do cabelo que sobrouÂ
O barbeiro não queria a lei do trinta mandou
Com o dedo no gatilho pronto pra fazer fumaçaÂ
Ele virou um leão querendo pular na caça
Quem mexeu neste cabelo vai cortar o resto de graça
A navalha fez limpeza na cabeça da ricaça
Boiadeiro caprichoso caprichou mais na pirraçaÂ
Fez a morena careca dar uma volta na praça
E lá na casa do sogro ele falou sem receio
Vim devolver sua filha, pois não achei outro meio
A minha maior riqueza eu olho e vejo no espelhoÂ
É um rosto com vergonha que a toa fica vermelho
Sou igual um puro sangue que não deita com arreioÂ
Prefiro morrer de pé do que viver de joelho
Dever De Um Médico
Minha casa é de caboclo, mas mora a felicidade
Encontrei a preferida rainha de minha vida
Com ela eu sou tão feliz assim o destino quis
No jardim do nosso amor nasceu uma linda florÂ
Com cinco anos somente menina ficou doente sofrendo uma grande dor
Em altas horas da noite mandei chamar o doutor
Eu mandei meu camarada lá em sua residência
De volta o rapaz dizia que atender-me não podia
Eu fiquei desesperado mandei de volta o empregado
Virou nos pés o cavalo dava trovões e estalos
Mas trouxe o doutor consigo tirando-a do perigo convidei pra pernoitarÂ
Me falou que tinha pressa necessitava voltar
Vendo minha filha salva fui com ele até sua casa
Vi tanta gente só vendo dia estava amanhecendo
Eu disse à ele contente senhor tem muitos clientes
Não é verdade doutor vi nele profunda dor
Suas lágrimas brotou sem resposta me deixou fiquei suspenso no ar
Pôs as mãos nas minhas costas me convidou pra chegar
Quando entrei em sua casa que passei a compreender
Triste surpresa eu tive quando vi não me contive
Vi quanto o doutor sofria tinha perdido uma filha
Quantos pêsames lhe dei franqueza também chorei
O doutor me agradeceu e depois me respondeu o que é que vamos fazer
Eu fui salvar sua filha para cumprir meu dever
Filhinho De Papai
Gasta mocidade gasta dinheiro que não é seu
Pra ganhar esse dinheiro o seu pai foi quem gemeu
Trabalhando dia e noite da própria vida esqueceu
A luta não foi brinquedo, mas o velho não correu
Pro filho comer a carne o seu pai osso roeu
O que o pai ganhou lutando brincando o filho perdeu
O conforto do mocinho foi o pai quem conquistou
Carmanguia cor de vinho foi o velho que pagou
O filho está esbanjando dinheiro que o pai guardou
O dinheiro é de quem gasta e não é de quem ganhou
O prato é pra quem come não é de quem preparou
Pro filho ter vida mansa o seu pai não descansou
Tem anel de formatura no dedo de algum doutor
Com a marca registrada de um pai trabalhador
Cada pedra desse anel é uma gota de suor
Existe filho ingrato que pro pai não dá valor
Deixa o velho esquecido com cansaço e muita dor
Tem filhinho de papai que nos pais não tem amor
Quando o pai vai dar conselho escuta o filho dizer
O senhor me pôs no mundo eu não pedi pra nascer
Só quero gozar a vida não vim no mundo sofrerÂ
Quanto filho no palácio joga o pai no quarto fora
Tem filho sem coração só esperando a hora
De arrumar um asilo pra mandar o velho embora
Hoje Eu Não Posso Ir
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Quantas meninas bonitas eu vejo aqui do meu lado
Esta noite ninguém dorme, todo mundo acordado
Na hora da despedida aà que a menina chora
Nos meus braços vai dizendo meu amor não vá embora
Nos meus braços vai dizendo meu amor não vá embora
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Tendo amor e saúde da vida eu não reclamo
Eu amo a vida que levo e levo a vida que amo
Ganhei o ouro do sol, ganhei a prata da lua
Estou ganhando amor de quem mora nesta rua
Estou ganhando amor de quem mora nesta rua
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Gostei muito dessa casa eu vou ficar por aqui
Linda Bancária
Meu Deus eu não sei se a gente erra
Para mim é Deus no céu, Deus no céu e ela na terra
Linda bancária que trabalha na cidade
A minha maior vontade é ser seu amor primeiro
Não escondo toda vida eu fui franco
Ela trabalha num banco onde eu guardo o meu dinheiro
Meu Deus eu não sei se a gente erra
Para mim é Deus no céu Deus no céu e ela na terra
Linda bancária em sua repartição
Causa admiração sua enorme clientela
Meu Deus se um dia for banqueiro
Pego todo o meu dinheiro jogo nos pezinhos dela
Meu Deus eu não sei se a gente erra
Para mim é Deus no céu Deus no céu e ela na terra
Caminho Do Céu
Sereno cai, deixa cairÂ
Quem mora no pé da serra não tem jeito de sair, cai sereno
Sereno cai, deixa cairÂ
Quem mora no pé da serra não tem jeito de sair, cai sereno
Moro lá no pé da serra vivo segurando o morro
No meu chão não tem ladrilho minha casa não te forro
Apesar do sofrimento eu só canto, mas não choro
Caminho que vai pro céu começa lá onde eu moro
Sereno cai, deixa cairÂ
Quem mora no pé da serra não tem jeito de sair, cai sereno
Sereno cai, deixa cairÂ
Quem mora no pé da serra não tem jeito de sair, cai sereno
Só ganha troféu de ouro quem no duro não trabalha
Minha mão cheia de calo nunca mereceu medalha
Será que Deus está vendo o lugar que a gente estáÂ
Se meu samba for sucesso Deus vai me tirar de lá
O Preço Da Glória
Atiraram tenta pedra em meu caminho que com elas construà o meu altar   toada
A lei divina manda só fazer o bem pros inimigos no altar eu vou rezar
Pra aqueles que só sabem jogar pedras como resposta eu peço à Deus pra perdoar
Deixei a minha terra sofrendo igual a um cão
Meu travesseiro foi pedra minha cama era o chão
Meu lençol foi o sereno o cobertor escuridão
Eu só levei muitos tombos sem ninguém me dar a mão
Mas cheguei onde eu queria pra quem em fez covardia peço à Deus pra dar o perdão
Eu engoli muita mágoa de parente e até de irmão
Chorei por cauda de um doce quando custava um tostão
Não perdi minha esperança nem matei minha ilusão
Andando com Deus na frente venci toda ingratidão
E esse o preço da glória pra deixar o nome na história pisei por cima de leão
Ara Pó
Ara pó, ara pó, ara pó, ara pó
É ponto de nego velho de jongueiro cantador
É no A e é no R, é no P e é no O
Amarrei o leão na linha e o leão não escapou
Pode crer meu sinhô
É no estilo de jongo que cantar agora eu vou
Fui levar uma boiada dona Júlia quem comprou
Ela esperou na porteira o gado ela contou
Ela comprou mil cabeças novecentas só passou
Dona Júlia era sabida, mas comigo se enganou, ara pó, ara pó
Ara pó, ara pó, ara pó, ara pó
É ponto de nego velho de jongueiro cantador
É no A e é no R, é no P e é no O
Amarrei o leão na linha e o leão não escapou
Pode crer meu sinhô
Entrei na roda do jongo Negro velho me falou
Eu tinha um laço de embira quando eu era laçador
Eu fui amansar uma tropa só de burro pulador
Quem levou laço de couro foi só laço que estourou
Meu laço era de embira meu laço não rebentou, ara pó, ara pó
Esta Vida É Um Punhal
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Eu recebi uma carta veio de outra cidade
Duas gramas de papel traz mil quilos de saudade
A minha esperança é verde a saudade não tem cor
A esperança não mata saudade de um grande amor
A esperança não mata saudade de um grande amor
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Todo mundo tem amor nem que seja às escondidas
Quem tem amor proibido corre perigo de vida
Tem romance perigoso, mas tem gente corajosa
O perigo pra quem ama deixa a vida mais gostosa
O perigo pra quem ama deixa a vida mais gostosa
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Esta vida é um punhal que tem dois cortes fatais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais
Se a gente não ama sofre amando vai sofrer mais